Turbinado por boatos em torno da flexibilização no IOF sobre ingressos de capitais estrangeiros, focando recuperação do fluxo cadente de recursos externos para o país e uma discreta melhora ocorrida do fluxo cambial ocorreu acentuada apreciação do real

É bastante perceptível que o fluxo cambial muito abaixo da pior expectativa vem trazendo desconforto para o governo brasileiro, sendo mesmo um fator impeditivo à gestão da administração do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio, de forma confortável pelo Banco Central do Brasil.

Os números fechados do fluxo cambial no 1º trimestre deste ano, período habitualmente onde se pontifica o maior volume de ingressos, foram decepcionantes e, certamente, trazem desconforto para o governo, tanto ao afetar a sua capacidade de administrar o preço do câmbio, bem como cria perspectivas preocupantes para o financiamento externo necessário para o déficit em transações correntes projetado para este ano em US$ 65,0 Bi.

 

 

É bastante perceptível que o fluxo cambial muito abaixo da pior expectativa vem trazendo desconforto para o governo brasileiro, sendo mesmo um fator impeditivo à gestão da administração do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio, de forma confortável pelo Banco Central do Brasil.

Os números fechados do fluxo cambial no 1º trimestre deste ano, período habitualmente onde se pontifica o maior volume de ingressos, foram decepcionantes e, certamente, trazem desconforto para o governo, tanto ao afetar a sua capacidade de administrar o preço do câmbio, bem como cria perspectivas preocupantes para o financiamento externo necessário para o déficit em transações correntes projetado para este ano em US$ 65,0 Bi.

Os números retrospectivos evidenciam com clareza absoluta o quão relevante foi a queda do fluxo cambial. No 1º trimestre de 2012 tivemos ingresso líquido positivo da ordem de US$ 18,7 Bi, enquanto no 1º trimestre deste ano ficamos com ingresso líquido negativo de US$ 2,1 Bi. Um recuo da ordem de US$ 20,8 Bi é efetivamente preocupante.

Já destacamos anteriormente a existência de saldo a ser efetivado no fluxo cambial de exportações da ordem de US$ 24,0 Bi frente às importações da ordem de US$ 9,0 Bi, o que se constituiria “reserva técnica” de US$ 15,0 Bi, mas que somente é tendente a ingresso com uma taxa cambial mais elevada. E, não podemos perder de vista que os bancos estão “vendidos” algo como US$ 8,0 Bi, o que, em tese, reduziria aquela reserva para algo como US$ 7,0 Bi, porém nas atuais circunstâncias a propensão é que as importações sejam pagas o que forçaria os bancos a elevar mais suas posições vendidas, já que as exportações ficariam aguardando um melhor preço para a moeda americana.
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O “boato” plantado no mercado sobre a possibilidade de revisão dos percentuais e aplicabilidade de IOF vigentes com foco no estímulo a que os ingressos de capitais estrangeiros possam se revitalizar para o país não pode ser considerado fora do contexto, pelo contrário, pode efetivamente estar sendo avaliado pelo governo.

Sabidamente, o país perdeu atratividade externa na captação de investimentos em renda fixa e, também variável, tendo havido um erro tático técnico por parte do governo brasileiro, que ante os programas de incentivo à retomada da atividade econômica pelos Estados Unidos e Europa vislumbrou “tsunamis” e efeitos da imaginária “guerra cambial” e antecipou-se criando barreiras tributárias para impedir este suposto aumento de fluxo de recursos para o país.

O fato pressuposto não ocorreu, mas na realidade o país passou a perder atratividade no mercado internacional, seja pela percepção externa mais aguda das suas fragilidades, seja pelos bloqueios tributários impostos, seja pela queda da rentabilidade oferecida, visto que reduziu substantivamente a taxa de juro e fechou bem os flancos especulativos do nosso mercado de derivativos.

Ocorre que, nestes tempos de “ressaca”, o Japão anunciou agressivo plano visando o revigoramento da sua atividade econômica, com plano de recompra de títulos públicos da ordem de US$ 1,4 Tri em dois anos, portanto injetando grande volume de liquidez para estimular o consumo e com o objetivo de estabelecer uma inflação de 2%.

Reconhecidamente os japoneses sempre foram aplicadores de recursos no Brasil e, ante a nossa necessidade premente de melhora de fluxo de recursos externos, nada mais seria oportuno do que “liberarmos” da tributação no todo ou em parte os ingressos, ainda mais agora que há efetiva possibilidade de que a taxa SELIC venha a ser elevada.

Faz senso, o mercado de câmbio especulou com esta perspectiva e assim apreciou até de forma consistente o preço do real, atitude típica reagente ao boato.

O Banco Central do Brasil “assistiu” a depreciação da moeda americana, certamente com bons olhos, por ser desejável, tendo em vista ser algo para o qual já não dispõe de instrumentos capazes desta indução, pois o fluxo cambial pressionado faz o preço ser resistente à queda.

Não descartamos ainda que o governo venha a reduzir o prazo das captações de recursos das empresas brasileiras no exterior sobre o qual incide o IOF.

Acreditamos que seriam atitudes tentativas de melhora do fluxo cambial de recursos para o Brasil com perspectivas bastante favoráveis de sucesso.

O governo e naturalmente o BC poderiam ter adotado flexibilizações nestes quesitos ao início do ano, quando as empresas fazem os seus planejamentos, mas certamente não acreditaram que a performance do 1º trimestre fosse tão ruim e se tornasse preocupante em perspectiva. Por isso, não nos surpreenderia que viesse a adotar medidas liberalizantes, ainda que tardiamente, procurando restabelecer e recuperar, ainda que parcialmente, fluxos essenciais e fundamentais para o país que necessita de financiamento externo.

O pressuposto de que temos reservas cambiais atenua e poderia vir a ser utilizada em caso de aperto maior no fluxo de recursos, mas seria constrangedor, acreditamos, ao governo, pois deixaria evidente a nossa perda de atratividade e os erros que cometemos ao pressupor um quadro pró Brasil de fluxo de recursos externos que não teve confirmação.

O mais importante neste momento é que se o governo pretende adotar estas medidas que estão sendo objeto de boatos, que o faça de imediato, já que não é recomendável que fique obtendo “massa crítica”, que acaba gerando forte volatilidade, dada as perspectivas de impacto que geram sobre a formação do preço da moeda.

 

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