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Se o boato acerca do IOF nos ingressos de recursos externos for um “blefe”, o sucesso do resultado colhido no curto prazo poderá ser “devolvido” pela realidade presente

Há boatos que pegam e outros que passam ao largo. No caso da especulação sobre eventual desoneração do IOF nos ingressos de recursos externos pegou de imediato, face à premente necessidade do Brasil reconquistar fluxo cambial favorável e sustentável ao longo deste ano de 2013, cujos sinais iniciais obtidos no 1º trimestre foram preocupantes e desapontadores.

Foi um “tiro certeiro” no aquecimento gradual que ocorria no preço da moeda americana, já não confortavelmente contornável com a utilização da oferta dos instrumentos financeiros “swaps cambiais”, sinalizando necessidade eventual do BC atuar com leilões efetivos de moeda americana disponível no mercado à vista. O ambiente predominante era e é propício à medida de desoneração, promovendo assim uma abertura motivadora para que os recursos externos sejam redirecionados para aplicação no Brasil, em especial no momento em que o Japão anunciou expressivo e contundente plano focando revigorar sua atividade econômica, envolvendo algo como US$ 1,4 Tri em dois anos, e no Brasil se cogita elevar o juro.

Seria uma atitude para “atrair recursos e efeitos” agora desejáveis daquilo que o Ministro Mantega cognominou como “guerra cambial”, e que tanto foi injustamente criticada como consequência das nossas mazelas na área cambial, permitindo que se neutralizassem exposições das nossas culpas por praticar um juro abusivamente elevado e sermos o próprio fomentador da apreciação do real para conter a inflação e, na margem aumentarmos as nossas reservas cambiais, ainda que a um preço de carregamento elevado.

A mudança em destaque e que vem sendo especulada na forma de boato seria relevante, afetando de imediato, como já deu sinais, a formação do preço da moeda americana no mercado à vista, levando a reposicionamentos no mercado futuro, com “comprados” e “vendidos” reduzindo seus posicionamentos, os primeiros pela perspectiva de não verem consumada a alta em que estavam apostando, e os segundos pela oportunidade de liquidez apresentada a preço mais baixo num ambiente em que não tem sido farta.

Mas, se não se tornar efetiva a especulada mudança, a taxa poderá tender a retomar os parâmetros antecedentes e com maior impulso de alta, tendo em vista que a alternativa possível de abertura de canais de ingresso de recursos externos estaria passando a ser desconsiderada.

Por outro lado, movimento nesta direção recuperatória do preço poderá levar o governo à efetiva necessidade de adotar a medida, que poderia não estar sendo efetivamente considerada, para evitar indesejável pressão altista maior no preço da moeda americana e que poderia comprometer mais seriamente a tendência inflacionária presente na economia ou mesmo impor que o Banco Central do Brasil viesse a ter que ofertar leilões de moeda à vista.

O mercado de câmbio manteve ontem “estado de atenção” a respeito, e a taxa cambial revelou discreta recuperação de preço convivendo, portanto, com a perspectiva de que a mudança possa vir a ocorrer, porém, como já salientamos, se de fato existir por parte do governo intenção neste sentido, buscar “massa crítica” antes de adotá-la ou não, será negativo, pois este é quesito que sugere, quando necessária, deva ser tomada e explicada, se conveniente, depois.

A volatilidade é inevitável nestas ocasiões, e isto não deve ser estimulado.

Efetivamente este não é um boato ingênuo, foi estratégica e oportunisticamente colocado e encontrou campo fértil para que seja “acreditado” razão pela qual não deve ser estimulada a sua persistência como “suspeição de ocorrência”, pois não será contributiva para o contexto atual.

Entendemos que a consumação em norma do boato especulado será uma das últimas oportunidades efetivas do governo brasileiro recuperar fluxo externo de recursos para o país neste ano que, a rigor, tem um contexto em perspectiva bastante desfavorável em termos de fluxo cambial.

O afrouxamento agressivo da política econômica japonesa tende a favorecer altamente os bônus e mercado de renda variável dos países emergentes que estiverem preparados para recepcioná-los sem obstáculos.

O boato colocado sugere que sejam retirados os obstáculos atualmente existentes no Brasil ao ingresso de recursos externos.

O mercado acionário já programa para este mês seis ofertas de ações de até R$ 15,6 Bi que testarão o mercado, que tem andado à mercê de poucos papéis com altíssima volatilidade e desta forma não se apruma e não sustenta tendência.

Por outro lado, nota-se que começa a aumentar o foco em captações externas por parte das empresas brasileiras, insinuando recuperação após uma queda de 65,7% ocorrida no 1º trimestre no confronto com o mesmo período do ano passado. A liquidez gerada pelo Japão certamente tornará possível à viabilização de captações a custos mais baixos.

 

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