Para onde vai o país na questão fiscal e no ambiente político focando as próximas eleições?
Arrebentamos a primeira para privilegiar a segunda!
O contexto brasileiro fica, cada vez mais, complexo e difuso, com a ampla necessidade de coibir a intensificação da pobreza com acentuada miséria da população, campo fértil para o populismo político, e a efetiva carência de fontes sustentáveis aos programas de benesses governamentais pró população, por imponderável.
O governo, irresponsavelmente, resolveu conceder, sendo que o correto seria reduzir dispêndios menos relevantes para atender causas de importância maior.
O Presidente pressionou muito pelo foco político eleitoral que tem na matéria, e ardilosamente, colocou no “colo” do Ministro da Economia a responsabilidade, visto, como contumaz, na hora “h” alega que não domina economia.
O mercado financeiro repercutiu pesado o rombo orçamentário e com considerável preocupação, como seria natural. O tripé dólar-Bovespa-juros reagiu de imediato criando certo pânico.
Mas, está feito auxílio de R$ 400,00, R$ 300,00 de uma fonte e R$ 100,00 de outra.
Contudo, há o que se observar quanto ao comportamento dos beneficiários, pode não ser tão consumista quanto das vezes anteriores quando alavancou o varejo, em especial redes como Magalu, Casa BAHIA, CARREFOUR e assemelhados, visto que havia demanda reprimida considerável, e assim, como dissemos à época o Governo se tornou o grande “consumidor” da economia e total provedor de recursos.
Desta vez, os recursos podem ser direcionados para bens mais essenciais ou até poupança atraídos pelos juros altos, e assim os impactos não seriam tão relevantes.
Dos desempregados atuais em torno de 16%, o contingente de mão de obra não qualificada está em torno de 24% enquanto há 8% de mão de obra qualificada, e este número elevado de desempregados despreparados se não se tornar consumidor potencial pode precipitar um estagflação na economia. A chance de “migração” gradual dos 8% de mão de obra qualificada para o contingente beneficiário também não poderá ser descartada.
A “sensação” que emana do ambiente de política fiscal e econômica sugere que o país está na rota do “caos” bem ancorado em forte e irreversível inflação, impulsionada pelo preço dos produtos essenciais e fatores hídricos/energéticos.
Inquietações sociais de setores relevantes na economia já são apercebidos.
A inflação que atinge os menos favorecidos deve se situar em torno de 12% este ano, e o Ministro da Economia disse confiar que o BC, fugindo às suas características, seja resoluto no trato do juro.
No nosso entender a SELIC deveria ter alta para 8% a 8,5% para ser eficaz, mas isto representaria mudança radical na parcimônia do BC. Contudo, se não for duro no enfrentamento acabará naufragando ante as pressões inflacionárias, visto que tem estado bem atrás da curva em suas decisões.
O juro é o melhor antídoto as pressões sobre o preço do dólar e sua volatilidade, e embora o BC venha realizando intervenções discretas no mercado a vista, não há percepção de forte demanda e as intervenções com contratos de swaps cambiais visam fornecer “seguro” aos demandantes por insegurança, mas o país não tem risco de cobertura cambial, mas sim de preço quando o juro permanece desequilibrado tecnicamente.
A taxa cambial é sempre muito especulada quando ocorrem embates e temores com a gestão do país, como a que tivemos na semana passada e ainda deve perdurar, mas se o BC for firme na elevação da SELIC poderá inibir nova disparada do preço.
A BOVESPA com as perspectivas ruins para economia e fortes para o juro tem pouca atratividade nesta fase.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO Corretora de Câmbio