Afirmamos tardiamente, visto que o exterior deveria ter sido o canal prioritário de busca de investimentos necessários para implementar a imperativa e improrrogável necessidade modernização da infraestrutura do Brasil, quando o governo finalmente optou pela privatização e licitação.
Num ano em que os IED´s tendem a se fragilizar no rito habitual a que o país se acostumou, as oportunidades de investimentos na infraestrutura do país surgem como a grande oportunidade para atrair capitais intensos hoje existentes no mercado internacional buscando rentabilidade.
Destacamos este ponto em nossas considerações muito antes do governo ter tomado esta rota e destacamos que a busca dos “tradicionais investidores e empreendedores nacionais” com recursos do BNDES, que representam na equalização um custo relevante ao Tesouro Nacional, era um caminho errático, pois o país precisava utilizar este nicho para captar investimentos externos. E mais, destacamos que precisava reformular, como por fim o fez, a ideia inicial de investimentos com retorno zero para investimentos com retorno efetivo, como deve funcionar no capitalismo.
No investimento externo direcionado para a nossa infraestrutura está a grande oportunidade de recuperarmos os fluxos de capitais para o país, os quais os dados recentes do BC demonstram estar fragilizados e negativos, e que embora o Presidente Tombini tenha afirmado não ser tão importante, na realidade é fundamental para o Brasil que precisa de financiamento para o seu déficit em transações correntes.
O “road show” que ocorre no momento no mercado internacional, envolvendo ao que se sabe centenas de representantes do governo, é extremamente oportuno visto que o Brasil vem sendo observado mais por suas fragilidades e imperfeições do que por suas virtudes, o que o fez perder o brilho no mercado internacional, havendo motivos e razões apontadas por analistas internacionais que provocaram a deterioração da sua imagem.
A mudança conceitual internacional do Brasil não decorreu tão somente do PIBinho de 2012, mas de uma série de fatores que passaram a ter foco por parte dos investidores estrangeiros. Destacam desde a intervenção crescente do Estado na economia até as mudanças contínuas nas regras do jogo de inúmeros setores da economia; medidas protecionistas; não realização das reformas tributárias e trabalhistas; administração do câmbio; duvidas sobre a politica monetária; pratica de “matemágica” para fechar as contas fiscais, etc. Tudo isto, num ambiente externo em que vem despontando novos países emergentes com oportunidades e atratividade que acabaram por ofuscar o brilho do Brasil.
Portanto, o “road show” é uma oportunidade de mostrar e concitar os investidores a direcionarem seus investimentos em infraestrutura no Brasil, agora com rentabilidade. Mas não pode ser ignorado que o país vem sendo observado nos mínimos detalhes pelo mercado internacional, então é preciso evitar-se bravatas nas colocações que não encontram sustentabilidade na realidade.
Todos observam que a inflação retornou e está presente com força; que o governo está “administrando” o câmbio; que teve dificuldades para fechar o superávit primário de 2012, praticando atipicidades mal recebidas pelos analistas; que há dúvidas sobre a politica monetária que vem sendo praticada; que não está encontrando o molde correto para revigorar o seu crescimento, etc.
O foco deve ser dar evidências as oportunidades efetivamente existentes no país, e, não buscar negar realidades presentes não tão positivas e com isto comprometer a nossa credibilidade.
É inegável que o governo teve a ousadia de quebrar o paradigma da taxa de juro, reduzindo-a a níveis compatíveis para um país “investment grade” e com isto deixou de atrair os especuladores que promoviam grande fluxo de recursos para o país, ao qual o Ministro Mantega buscava desfocar o fator motivador, atribuindo aos programas de estímulo a retomada da atividade econômica dos países desenvolvidos em crise, ao invés de admitir que a nossa incompatível taxa de juro é que era o fator de atração. Tanto é que feito o ajuste na taxa SELIC acabou a atratividade do real e pelo país.
Mas 0 ajuste no juro foi o destaque; no câmbio poucos avanços e foi introduzida forte administração por parte do BC deformando definitivamente o conceito de câmbio flutuante e deixando dúvidas na perspectiva, enquanto na política fiscal o fechar das contas foi árduo e exigiu “criatividades”, pois o governo continua gastando muito.
Esta “janela” para atração de investimentos externos, que pode ser de relevante importância para viabilizar um fluxo cambial no ano menos ruim do que se espera, precisa ser explorada com afinco pelo governo, mas é preciso cuidado, pois negar realidades presentes pode comprometer a credibilidade.
Entendemos a partir das inúmeras manifestações de membros do governo, e em especial do Presidente do BC Alexandre Tombini, que o real apreciado, portanto não inflacionário, será mantido mesmo na eventualidade da elevação da taxa SELIC, mas a sustentabilidade deste anseio está seriamente comprometida pelas perspectivas atuais de fluxo de recursos para o país.
Outro fator de oposição é a necessidade do país crescer, e consideramos que a mutilação da tendência natural de alta do dólar face à fraqueza do fluxo cambial com indução sem suporte técnico de apreciação do real, poderá provocar mais danos do que benefícios para a economia do país.
Continuamos avaliando o quadro prospectivo para o câmbio como incerto, havendo muitos fatores conspirando contra o anseio do governo de manter o real apreciado.