PIB deve ser visto com ceticismo e não sugere entusiasmo precoce

A queda do PIB no último trimestre veio abaixo das expectativas, tão somente 0,3% quando na média as projeções apontavam recuo de 0,8%.

A razão mais direta que determinou este fato foi o aumento agressivo das despesas do governo, que assim atenuaram a expressividade do que seria um indicativo mais equânime com a realidade brasileira.

Contudo, quando se observa o período de 1 ano pode-se constatar a dimensão do preocupante descompasso da nossa economia, que, segundo a Goldman Sachs, impôs ao pais a perda de uma década em tão somente 2 anos.

Em 12 meses o PIB recuou 5,4%, com a Formação Bruta de Capital Fixo, medida de investimento, recuando 17,5% , o consumo das famílias 5,2%, a agricultura 1%, despesas de consumo do governo 1,3%, e por ai se seguem demais indicativos, que demonstram o elevado grau da degradação, que, à margem, culmina com um déficit fiscal neste ano em torno de R$ 170,0 Bi.

”Precisa haver correção nas projeções (por causa do resultado melhor que o esperado), mas a cara é muito parecida, não muda a percepção, com queda forte da economia no ano”, como asseverou o economista José Francisco Gonçalves, que espera, por enquanto, queda de 4% do PIB neste ano.

O PIB e seus indicativos agregados sugerem ceticismo, a crise é gravíssima e o cenário pior do que o imaginado, o que não sugere entusiasmo precoce de crescimento a partir deste final do ano, como alguns economistas tem mencionado, até porque o novo governo, bastante perturbado pelo ambiente político turbulento que o cerca e que não sugere que tenha já sido acomodado, na prática nada conseguiu além de ter conseguido aprovar o novo teto do déficit fiscal para este ano em torno de R$ 170,0 Bi, tem colocado ideias e expectativas favoráveis para médio e longo prazo, mas de efetivo ainda nada aconteceu e esta dependente que o Congresso aprove o plano que visa a contenção dos gastos, que poderá criar ruídos.

Estamos no meio do ano e, se o humor melhorou, os fatos concretos estão carentes de formulação e aplicabilidade.

Como será resolvida a política fiscal num ambiente de atividade econômica fragilizada?

Como será estimulada a saída desta atividade econômica fragilizada num ambiente de desemprego crescente, renda e consumo em queda, inadimplência crescente?

Há poucos caminhos e atalhos para que se busque a inflexão deste quadro decrépito que ficou mais visível com a divulgação do PIB trimestral.

O novo governo tem a necessidade de obter dados e indicativos concretos, corre contra o tempo, pois dispõe de tão somente 180 dias para demonstrar-se competente além das palavras e anseios.

Não há cenário favorável que contemporize a melhora inercial deste estado de coisas. O “boom” das commodities agrícolas e metálicas já passou e foi quando o país aumentou a renda em 50% além da produtividade dos empregados, quando deveria ter sido mais sensato, fato que fomenta o desemprego e dificulta o reemprego, pois certamente, de forma compensatória, será exigido que o que era realizado por 3 o seja por 2 e com salários mais baixos, quando houver sinais de reativação da atividade econômica.

O novo governo precisa urgentemente mostrar a que veio para “não morrer na praia” e ainda administrar as questões políticas que o perturbarão e poderão abalar apoios imprescindíveis.

Por isso, teimosamente, temos advogado pró preço mais equânime com a realidade brasileira da moeda americana, que seria a forma mais rápida de incentivar a retomada da atividade econômica, abrindo melhores possibilidades de vendas ao exterior pela indústria manufatureira e contendo as importações de produtos concorrentes, além de eliminar riscos inibidores aos investidores estrangeiros.

Atualmente, a nossa balança comercial tem desempenho bastante favorável, mas é importante destacar que temos exportado a preços menores. Nos primeiros cinco meses deste ano registra saldo liquido positivo de R$ 19,7 Bi, não passando despercebido o fato de que houve antecipação de embarques de produtos agrícolas, exatamente para aproveitar preço melhor do dólar, mas a curva gradualmente deverá ter um viés cadente.

Por outro lado, quando observamos o fluxo cambial comercial e financeiro para o país este ano, até 27 de maio último, observamos que há um fluxo comercial liquido positivo de US$, 20,355 Bi frente a um fluxo financeiro liquido negativo de US$ 28,278 Bi, o que resulta num fluxo geral liquido negativo de US$ 7,9 Bi.

Os bancos estão atuando com posições vendidas de US$ 28,062 Bi, que se presta a manter a liquidez do mercado a vista, e, para tanto estão sendo financiados pelo Banco Central do Brasil e que corresponde a um déficit no fluxo de recursos ao Brasil.

Estes são fatores que sugerem que se tenha a moeda americana com preço maior no Brasil, como elemento principal e quase único de imputar retomada a atividade econômica no curtíssimo prazo.

Muitos acreditam que o preço da moeda americana ainda cairá mais, mas achamos pouco provável.

O Banco Central do Brasil vem atuando com intervenções no mercado de câmbio focando a redução do estoque de swaps cambiais.

Quem pode garantir que não tem agido no sentido de manter o preço da moeda americana nesta fase neste patamar, já que ganhou R$ 50,0 Bi com os swaps cambiais, contendo assim a ocorrência de novo recorde no déficit nominal.

Maio fechou com o dólar subindo 5% e a Bovespa caindo 10%, mas isto pode ter sido absolutamente pontual, dada as circunstâncias.

O governo precisa entender, e as circunstâncias o conduziram a isto, que a única saída imediata é pelo dólar, que será estimulante ao retorno da atividade econômica no curtíssimo prazo, ajustando os preços relativos da economia e fomentando a retomada da atividade.

Quem sabe com a mudança da Diretoria do BC o Ministro da Fazenda implemente esta dinâmica, já buscada anteriormente e não apoiada pelo lado PT do governo de então, e, não se pode descartar a retomada do assunto novos impostos dada a inviabilidade momentânea de alternativas mais eficazes para a política fiscal.

Estamos quase onde estávamos a rigor mudamos o humor consubstanciado em expectativas, sendo necessários fatos e atos concretos e com urgência.

O mercado mantém o preço da moeda americana no entorno de R$ 3,60, em expectativa e esperando o governo sinalizar os seus planos para retomada, parece que sabendo que o preço do dólar pode estar envolvidos nos mesmos.

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