Hoje é dia de “Ação de Graças” feriado que conta com a maior participação da população americana nas comemorações, o que tira de cena o mercado financeiro dos Estados Unidos e compromete, também, o funcionamento da sexta-feira.
O Ministério do Trabalho dos EUA informou que o numero de pedidos novos de seguro desemprego na semana passada declinou em 10.000, para um ajuste sazonal de 316.000. Os economistas haviam projetado um aumento de 4.000. Este é um dado de muita sensibilidade para o mercado financeiro, pois o emprego é um dos fatores observados como determinantes pelo FED para dar inicio da redução do seu programa de incentivo financeiro.
Um relatório separado mostrou que os pedidos de bens duráveis nos EUA caíram 2% em outubro, mais que as expectativas de um declínio de 1,9%, ao passo que os pedidos brutos de bens duráveis ficaram em baixa de 0,1%, em comparação com as expectativas de uma alta de 0,5%.
Os dados mistos não afetaram as expectativas de que o Banco Central dos EUA (Fed) começará a reduzir seu programa de estímulo em uma das suas próximas reuniões, ao passo que os volumes de negociação foram pouco expressivos antes do feriado.
Mas o indicador de confiança do consumidor americano apurado pela Universidade de Michigan surpreendeu positivamente.
As bolsas americanas DOW e S&P tiveram desempenho positivos discretos, enquanto a NASDAQ apresentou alta em torno de 0,4%.
O Dollar Index fechou evidenciando o dólar em discreta alta, que se reverte hoje pelos indicativos iniciais.
No Brasil, o COPOM confirmando as expectativas anunciou pós expediente a alta de 0,50% na taxa SELIC, elevando-a para 10,0%.
Embora inúmeros analistas vislumbrem sinais de tendência de moderação ou até afrouxamento monetário, no nosso entender o comunicado trouxe alterações sutis e, embora permitindo inúmeras interpretações, fundamentalmente não indica comprometimentos com ações futuras, até porque não há menção mais detida sobre a visão sobre a inflação.
Acreditamos que a forma adotada no comunicado, salvo uma abordagem maior na ATA, revela que o cenário atual e prospectivo bastante ofuscado pela persistência da inflação mesmo com a elevação da SELIC, visão pessimista a respeito do país pelos investidores externos face à debilidade da politica fiscal, e, ampla possibilidade do preço do dólar ser fortemente apreciado no 1º trimestre pressionando a inflação e exigindo novas elevações da SELIC, não permitem postura que não seja de observação de como se desenvolve o quadro para, então, definir a ação de politica monetária.
O BC divulgou, também ontem, o fluxo cambial da semana entre 18 e 22 com resultado positivo expressivo, mas o preço do dólar não repercutiu o fato positivamente e fortaleceu a sua tendência de alta, algo contraditório, mas deixando perceptível que a perspectiva de curto prazo para o fluxo cambial não é favorável a despeito da recuperação pontual sinalizada e é sentimento de impulsiona a alta do dólar, sendo notória a preocupação de realização de “hedge” em todos os ingressos, o que faz com que o mercado tenha pressão no mercado à vista e no mercado futuro.
Ocorreram ingressos pontuais como o bônus do campo de Libra e incremento de contratação de câmbio de exportação por parte da Petrobrás, um ou outro ocasional, mas não alteram fundamentalmente a perspectiva negativa em torno do panorama cambial para o país.
Na segunda-feira tivemos o ingresso de US$ 1,8 Bi da Vale relativo à venda da mineradora norueguesa e ontem havia sinais de que a Petrobrás estava, novamente, no mercado vendendo exportações.
O fluxo cambial de novembro que havia se encerrado no dia 14 passado com resultado negativo de US$ 720,0 M, apresentou expressivos fluxos positivos na semana de 18 a 22 que totalizaram US$ 4,548 Bi, sendo US$ 2,632 Bi no comercial e US$ 1,916 Bi no financeiro.
Os bancos estão posicionados “vendidos” em torno de US$ 8,4 Bi sendo detentores de linhas de financiamentos em moeda estrangeira repassadas pelo Banco Central do Brasil no montante de US$ 13,586 Bi, o que lhes deixa com um estoque em linhas excedentes da ordem de US$ 5,1 Bi que lhes permite aumentar seus posicionamentos “vendidos” com o suprimento de liquidez ao mercado.
Chama efetivamente a atenção o fato de que com a evidência de expressiva melhora do fluxo cambial esteja ocorrendo movimento absolutamente assimétrico na formação do preço da moeda americana que mantém tendência de alta. Mas isto é explicável e há dois fatores muito evidentes.
Recursos externos que ingressam como investimentos e/ou empréstimos fomentando a liquidez, que continua insuficiente, no mercado à vista, face às perspectivas pouco favoráveis ao país no segmento cambial, se tornam imediatamente demanda no mercado futuro em busca de “hedge” para proteção da variação cambial. Este comportamento anula o efeito da melhora do fluxo cambial, e a pressão continua porque o fluxo ainda assim é insuficiente e as perspectivas são ruins.
E mais, não se pode descartar também o interesse dos compradores da posição vincenda no dia 2 de “swaps cambiais” no montante de US$ 10,11 Bi, estar pressionando a alta da taxa para aumentar o ganho nas suas liquidações, de vez que já foram rolados ao longo do mês.
Enfim, a proximidade do final do mês, sexta-feira, enseja movimentos especulativos sobre a formação do preço da moeda focando a PTax que será aplicada em diversos segmentos relacionados à taxa cambial, e, atualmente, há fatores pressionando o mercado à vista, o mercado futuro e há perspectivas pouco favoráveis para o curto prazo na área cambial, portanto, há razões diversas para a pressão altista sobre o preço da moeda americana.
Mas, a despeito da eventual volatilidade e pressão altista no preço do dólar que acreditamos deva se intensificar mais ainda hoje, continuamos com a projeção de R$ 2,30 para o fechamento do ano, com intensificação da alta no 1º trimestre de 2014.
A questão cambial está absolutamente dependente da mudança das perspectivas de fluxos externos para o país, por isso continuamos enfatizando que as concessões focadas na infraestrutura representam o meio mais rápido e contundente para alterar as perspectivas, mas a participação do capital estrangeiro deve ser motivada e estimulada.
As estratégias utilizadas pelo BC para buscar evitar depreciação mais contundente do real não poderão ser por tempo ilimitado, devendo necessariamente haver a perspectiva de como serão resolvidas, e para tanto será necessário o incremento do fluxo de ingressos de recursos.