Várias interpretações para o mesmo texto, cada uma “traduzindo” ao seu modo o seu entendimento, mas no fundo muitas suposições e poucas certezas.
No nosso ponto de vista a questão da taxa SELIC está aberta condicionada ao “andar da carruagem”, visto que as pressões inflacionárias permanecem resistentes e responderam, até o momento, menos do que o esperado às elevações já efetivadas.
Há perspectivas pouco serenas no horizonte e isto passa pelo câmbio que está tendo um ano conturbado e não se vislumbra que melhore pelo menos no curto prazo adentrando com fluxos de recursos externos baixos no 1º trimestre de 2014.
O câmbio com a tendência de depreciação do real, face às questões de fluxos contraídos para o país em consequência a um cenário menos favorável da economia brasileira, poderá ser o elemento desestabilizador da perda de intensidade prevista por muitos na elevação da taxa SELIC.
Portanto, câmbio com o dólar em alta contaminando rapidamente a economia brasileira impacta em pressão inflacionária, que requer SELIC com taxa mais elevada.
Este é outro ponto que está em aberto.
Acreditamos que o BC somente poderá validar a continuidade do atual ou um novo programa de liquidez para o mercado de câmbio a partir do momento que tenha uma melhor percepção que confirme um viés acentuado de alta do preço da moeda americana a partir do inicio do 1º trimestre do próximo ano.
As perspectivas para o câmbio não são favoráveis, tudo leva a crer que apresentará viés de alta do preço da moeda americana desde o inicio do ano, o que poderá impor a continuidade da elevação da taxa SELIC. Acreditamos que seja em razão deste quadro possível que o COPOM tenha sido muito discreto sobre a questão inflacionária no seu comunicado.
Todas estas definições não podem ser adotadas pela autoridade monetária num ambiente de açodamento, precisará haver muita observação antecedente.
Continuar com o programa de liquidez no mercado de câmbio provavelmente seja necessário, mas até que montante será razoável levar o volume de contratos de “swaps cambiais”, sem que isto não represente riscos e desgastes para o governo?
Da mesma forma, poderá ter que continuar utilizando os bancos como intermediários da geração de liquidez com o fomento do fornecimento de linhas de financiamento em moedas estrangeiras, que para tanto continuarão constituindo “posições vendidas” ancoradas nestas linhas e geradoras de liquidez.
Até que volume é razoável para os bancos ficarem mantendo posições “vendidas” no mercado à vista substituindo a própria autoridade monetária. Esta é uma ação que quando ocorre deve ser absolutamente temporária, pois a longevidade pode causar desconforto aos bancos, a despeito dos ganhos auferidos pelos bancos com os reais captados, e dar total evidência de que os fluxos de recursos para o país seguem insuficientes, realimentando o processo de depreciação do real.
Há efetivamente uma mesa de xadrez e neste jogo não pode errar a mudança da pedra, sob risco de receber um cheque mate logo ao inicio do ano.
Enfim, até quando o “mais do mesmo” poderá ser mantido como solução temporária para um conjunto de problemas já não temporários.
Desta forma, nada nos parece definitivo neste momento em termos de combate da inflação ou estratégias visando a não exacerbação da taxa cambial.
Tanto SELIC quando estratégias envolvendo o câmbio devem permanecer em aberto, dependentes das perspectivas que forem se consolidando com o fechamento do ano.
No momento, no nosso entendimento não são otimistas.
O resultado fiscal divulgado ontem relativo a outubro veio abaixo do esperado, mantendo um contexto confirmatório da deterioração do quadro fiscal. Pior resultado para o mês de outubro desde 2004 e para o ano desde 2009. As projeções eram de superávit de R$ 6,0 a 10,0 Bi e o governo alcançou tão somente R$ 5,4 Bi.
A questão fiscal é altamente sensibilizadora das intenções de investimentos no país e aguça a observação das agências de “rating” sobre a condição do país, que já tem projeção de que 2014 será pior que 2013, com crescimento ainda menor.
Se o país não conseguir alterar as PERSPECTIVAS nem a questão da SELIC e nem do câmbio estão fechadas, permanecendo em aberto “em observação”.
Hoje deveremos ter mais pressão no preço do dólar visto ser o dia da formação da PTax.