Há uma efetiva perspectiva de melhora do fluxo cambial financeiro consequente de colocação de papéis de empresas brasileiras no exterior e ocorrência de IPO´s na BM&FBovespa, tudo em grande parte favorecido pela liquidez internacional promovida pelo programa de reativação da economia japonesa que envolve um volume gradual de US$ 1,4 Tri.
Além disto, tem, também, uma relativa repercussão das declarações do Diretor do BC, Carlos Hamilton, de que o dólar apreciado contribuiu para as pressões inflacionárias que causam grande desconforto ao governo e, consequentemente, ao país, afora inúmeros outros problemas da política fiscal expansionista que vitima o próprio objetivo do governo e o obriga a medidas contrárias ao estímulo ao investimento, portanto fragilizando a tendência de crescimento econômico.
Ficou claro que o governo vai utilizar o juro via SELIC para conter as pressões inflacionárias, que, no nosso entender, pode ter até efeito contrário e alavancar mais a inflação, e atuar procurando manter o real relativamente apreciado para não colocar pressão adicional a espiral inflacionária.
O quadro neste 2013 está muitíssimo complexo e o governo ao desafiar princípios dogmáticos da economia, desejando estimular o crescimento econômico e ao mesmo tempo combater as pressões inflacionárias, poderá ficar no meio do caminho e não conquistar nenhum dos dois objetivos.
A esperada melhora do fluxo cambial financeiro será muito importante, pois poderá atenuar o problema que estava muito presente de perspectiva de ter que conviver com uma pressão natural do mercado de câmbio pressionando a alta do dólar, não solucionável com a oferta dos instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais” e “exigindo” oferta efetiva de moeda.
Com isto, o governo terá, acredita-se, condições de não retirar as barreiras tributárias para o ingresso de recursos externos de curto prazo, em grande monta de caráter especulativo e focado em obter rentabilidade e depois sair do país sem deixar nenhuma contribuição maior.
Esta é uma hipótese ainda não totalmente afastada, mas as pressões imediatas para que adotasse decisão a respeito foram aliviadas pelas perspectivas presentes, contudo não há como garantir-se que não possa vir a ser adotada, vai depender do volume de fluxo financeiro que ocorrer versus o comportamento dos IED´s e balança comercial e do déficit em transações correntes.
O Boletim FOCUS ainda preserva a projeção de crescimento do PIB de 3% neste ano, porém reduziu de 2,86% para 2,83% para o crescimento da produção industrial. O IPCA 2013 passou de 5,70% para 5,71% e para os próximos 12 meses de 5,53% para 5,55%. Dólar e SELIC foram mantidos inalterados em R$ 2,00 e 8,25% aa, respectivamente.
Entendemos que, em principio, seja do interesse do BC manter o preço do dólar num ponto neutro abaixo de R$ 2,00, mas sem forte apreciação do real, para que não se constitua um fator de repercussões negativas pelo setor exportador, que já vem enfrentando inúmeros pontos adversos.