A reunião do COPOM que delibera sobre a taxa de juro SELIC se encerra hoje, e, o mínimo que se espera é uma decisão firme de elevação da SELIC para 10,50% para que não ocorra a deterioração da inflação, o que seria preocupante para um ano que se inicia com todo tipo de prognóstico negativo.
O país já convive com um cenário de politica fiscal deteriorada e com baixíssima possibilidade de reversão num ano eleitoral, e, ficará ainda mais fragilizado se o COPOM não demonstrar postura incisiva frente à inflação que já sinalizou tendência de alta.
É preciso ser previdente, pois tudo leva a crer que a inflação terá pressões adicionais advindas de um preço da moeda americana mais exacerbado este ano, que desta forma poderá não ser um instrumento adicional à elevação do juro para conter o espiral inflacionário.
Uma decisão sancionando um reajuste inferior a 0,50% poderá impactar negativamente no mercado, podendo antecipar as pressões sobre o preço da moeda americana.
Há, em perspectiva, inúmeros fatores que sugerem a apreciação do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio, mesmo com a contínua intervenção do BC no mercado, pois os indutores a saídas de recursos do país são sobejamente mais intensos do que eventuais que haja sugerindo ingressos.
O governo, ao que parece, está induzindo as empresas de economia mista e/ou estatais a estruturarem captações externas, buscando com isto melhorar o fluxo de ingressos de divisas no país, e, assim poupando o Tesouro Nacional dos aportes ao BNDES, etc…. para que este repasse para as empresas.
Bancos também tem sinalizado interesse em captações externas, provavelmente para geração de fluxo para que possam reduzir suas posições vendidas atuais que vem sendo bancadas por linhas em moeda estrangeira concedidas pelo BC, num cenário de fluxos insuficientes.
Certamente são ações que poderão ajudar num ambiente que não sugere grandes ingressos de recursos externos no país e se propaga a repetição de expressivo déficit em transações correntes, mas, de toda forma, este meio está distante, por si só, de promover a solução de carência de fluxos externos, como já ocorreu em 2013.
O ano se configura extremamente adverso para o setor externo e consequentemente o câmbio para o Brasil.
Houve uma calmaria aparente nos últimos dias em torno da taxa cambial, muito em consequência do anúncio da rolagem da posição vincenda de contratos de “swaps cambiais” no dia 3/2/2014 da ordem de US$ 11,0 Bi, e até pela perspectiva de que ocorram alguns ingressos oriundos de captações externas.
Este recuo no nosso entendimento foi estratégico para colocar o preço da moeda americana num patamar mais baixo e observar como flui, já se sabendo a nova taxa SELIC, a viabilização das rolagens e a aceitabilidade das condições pelos “players”. Se houver desencontros de interesses poderemos ter uma apreciação rápida do preço da moeda americana, caso contrário a elevação da curva de alta, por razões de efetiva demanda, deverá ocorrer a partir de fevereiro.
A economia americana, a despeito do desapontamento dos dados do emprego em dezembro que já teve suas repercussões mitigadas pelo entendimento de ter sido circunstancial, continua gerando dados positivos. O dado das vendas de setor de varejo acima do previsto é extremamente positivo, visto que o PIB americano está fortemente atrelado ao consumo interno.
Muitos dirigentes ligados ao FED já vem sugerindo que a cada reunião se delibere redução de mais US$ 10,0 Bi no programa de incentivo monetário.
Hoje será um dia importante e a decisão do COPOM certamente provocará repercussões, mas consideramos que o dia 16, início da rolagem da posição vincenda em 3/2/2014 de contratos de “swaps cambiais”, poderá ter impactos na formação do preço da moeda americana de imediato caso não ocorra a convergência dos interesses das partes.
Resta aguardar, mas salientamos mais uma vez, a relativa calmaria no mercado de câmbio não representa tendência, mas só um hiato absolutamente momentâneo.