Mercado de câmbio em calmaria, mas longe de ser uma tendência!

O mercado de câmbio, que está sob pressão de uma tendência sustentável de apreciação do preço da moeda americana, deu uma relaxada com o anúncio do Banco Central do Brasil, feito na última sexta-feira, de que dará inicio na próxima quinta-feira (dia 16) o inicio da rolagem da posição vincenda em 3 de fevereiro de contratos de “swaps cambiais” no montante de US$ 11,028 Bi. O anúncio da oferta inicial dar-se-á no dia 15 por volta das 18:30h.

A rigor, este fato não deveria estar gerando as expectativas e incertezas com que vinha convivendo o mercado, pois ante o quadro em torno do preço do câmbio no Brasil e suas perspectivas não há como o Banco Central do Brasil deixar de ofertar a rolagem, pois poderia colocar maior pressão altista na formação do preço.

Contudo, “a priori”, consideramos que o Banco Central do Brasil vai observar o comportamento dos interessados na rolagem para definir se a fará pelo total vincendo ou parcialmente. Acreditamos que, ao reduzir a oferta diária de novos contratos de “swaps cambiais”, a autoridade monetária vislumbrou que pudesse ocorrer uma “sobra nas rolagens” que se prestaria aos ajustes necessários compensatórios em decorrência da oferta diária menor.

É bem possível que haja desencontros entre o BC e o mercado na formalização dos novos contratos e suas bases, face as incertezas presentes e as perspectivas.

Este é um fato a ser observado visto tratar-se da ação inicial de rolagem após ter sido feito o ajuste no montante de oferta diária de contratos de “swaps cambiais”.

Como o mercado de câmbio ainda está negociando baixo volume, o anúncio do Banco Central do Brasil impactou na formação do preço da moeda americana, ao retirar a influência desta incerteza.

Todavia, esta é uma ocorrência absolutamente pontual num ambiente de baixo volume de negócios, por isso a repercussão provocando a apreciação do real. Em perspectiva, o contexto atual é bastante atípico, já que se espera que a pressão sobre a formação do preço da moeda americana se intensifique gradualmente.

Não se espera que 2014 seja melhor do que 2013, muito pelo contrário, pois atualmente o cenário macroeconômico brasileiro está mais comprometido do que o ano passado, com destaque para o questionamento sobre a legitimidade dos resultados fiscais, que colocam o Brasil no radar com a possibilidade de rebaixamento de “rating” ainda neste primeiro trimestre, caso não ocorram sinais de mudança de postura nesta gestão especifica.

A inflação continua alta e com um viés de tendência a superar o piso alto da meta, razão pela qual já consideramos bastante viável que o BC/COPOM venha a sancionar uma elevação de 0,50% na reunião que se encerrará amanhã, com fortes perspectivas de que se repita na próxima reunião, contrariando a expectativa de que poderia ocorrer moderação na politica monetária.

O governo está praticamente sem margem para ser contributiva no controle da inflação e na pressão do câmbio.

No ano de 2013 o governo adotou medidas beneficiando produtos com medidas fiscais que por isso não subiram e exerceu forte compressão nos preços administrados, e mesmo assim a inflação foi superior a de 2012.

Em 2014 será inevitável que alguns preços administrados comprimidos em 2014 sejam revistos, enquanto os preços livres devem continuar tendentes a atingir percentuais elevados.

Não há otimismo em relação ao crescimento do PIB que está predominantemente sendo projetado de 2% para baixo em 2014.

Mas, de todos os fatores negativos que vem sendo destacados, nos parece que o câmbio e o setor externo deverão ser o grande destaque negativo de 2014.

O Brasil deve ter em 2014 um déficit em transações correntes igual ou superior ao de 2013, algo muito próximo de US$ 80,0 Bi e um fluxo de capitais voláteis bastante baixo e na mesma linha os IED´s + empréstimos “intercompanies” que não devem superar US$ 55,0 Bi.

A balança comercial, que obteve em 2013 um resultado positivo inexpressivo e muito contestada, não enseja perspectiva otimista, iniciou o a 1ª semana do ano com déficit de US$ 574,0 M. Devemos exportar “commodities agrícolas”, porém, sem o beneficio de preços exacerbados, visto que os Estados Unidos também terão expressiva safra de milho e soja.

Nos Estados Unidos os dados do emprego de dezembro começam a ser reavaliados além do numero em si e considerando mais as circunstâncias que envolveram aquele mês. O Instituto Conference Board anunciou que o emprego nos Estados Unidos deve crescer firmemente nos próximos meses. O índice de tendência do emprego (ITE) subiu para 115,76 em dezembro, após ficar em 115,72 em novembro. A leitura do fim de 2013 é 5,2% maior do que a de um ano antes.

Uma percepção mais realista de que aquele dado de dezembro não foi catastrófico mas sim circunstancial ficou evidenciada pelo comportamento das bolsas americanas, que começam a desfazer a impressão inicial de que o fato pudesse retardar mais a intenção de redução do programa de incentivo monetário por parte do FED.

No Brasil, passado o efeito do anuncio da rolagem do lote vincendo em 3/2/2014 de contratos de “swaps cambiais” e face a melhor percepção do que ocorreu com o emprego nos Estados Unidos em dezembro, o dólar tenderá a apreciação, já que não há fundamentos sustentáveis para dar suporte a apreciação do real no contexto atual.

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