A tendência de depreciação do real ante o dólar é consistente e ancorada em fundamentos, por isso, intensificam-se as “apostas” de natureza especulativa no ambiente da BM&FBovespa com os “comprados” buscando continuamente o aumento de suas posições.
Tem havido desde junho movimentos bastante evidentes da montagem da estratégia especulativa a partir da percepção de piora para o cenário prospectivo do preço da moeda americana no Brasil.
Fundos estrangeiros que detinham posições “vendidas” em torno de US$ 6,0 Bi as inverteram num movimento grandioso para “compradas” em US$ 8,0 Bi e, atualmente, já superam os US$ 13,0 Bi, com viés de continuidade de aumento das mesmas.
Na mesma linha temos os Investidores Institucionais Nacionais sustentando posições “compradas” em torno de US$ 16,0 Bi.
Temos, então, no mercado futuro/derivativos posições muito consistentes e que podem intensificar um movimento especulativo sobre o real caso o BC venha a realizar leilão de venda de dólares no mercado à vista, dando maior evidência ao fato conhecido de que o país está com problema de fluxo cambial insuficiente. Por esta razão, acreditamos que o BC espera que os bancos assumam a geração de liquidez no mercado à vista assumindo posições “vendidas”, ancoradas em linhas de crédito externas e/ou em linhas que o próprio BC poderá leiloar através de operações conjugadas de venda à vista e recompra a prazo.
Ocorre que assumindo posições “vendidas” os bancos precisarão de “hedge” para protegê-las de riscos de depreciação maior do real.
Então, os “comprados” no mercado futuro em determinados momentos em que a taxa do dólar se eleva aproveitam para aliviar o custo de carregamento e vender pequenos montantes de suas posições para realização de lucro, quando ocorre pontualmente volatilidade e recuo na taxa da moeda americana, que posteriormente volta a se elevar.
O BC tem agido somente com os “swaps cambiais”, que se prestam a dar “proteção” fixando preço futuro da moeda americana para os demandadores e que é liquidada internamente sem envolver dólares físicos por diferença em reais apurada entre dólar e juro, mas o mercado agora tem carência de dólares à vista para que as empresas possam efetivamente consolidar os pagamentos ao exterior.
O BC, ao que tudo indica, espera que os bancos assumam o papel de geradores da liquidez, privando-o de ter que realizar leilões, face ao pressuposto das consequências que poderão advir.
É contumaz atribuir-se a questão do FED em torno do programa de incentivo monetário e seu término ou redução como razões para a questão do câmbio no Brasil, mas o fato concreto e efetivo é que o país não atrai mais capitais estrangeiros como num passado recente, e a questão americana quando anunciada é tendente a colocar mais pressão sobre o preço da moeda americana, pois deverá ocorrer maior volume de saídas de recursos do país. Então, é o caso de concluir-se que está neste preço ainda pelo fato do FED não ter anunciado o término e redução do programa.
E, naturalmente, há outras inúmeras justificativas, mas é importante e fundamental que olhemos mais os problemas em torno do Brasil e procuremos atribuir menos as circunstâncias atuais a fatores externos.
Importamos mais, exportamos menos e todos sabem quais as causas, e, não pode ser estranho o fato de que a nossa balança comercial tenda ao negativo, ainda mais quando agrega volumes de importações de combustível, que, segundo consta, por vezes é vendido a preço abaixo do importado.
Enfim, a realidade é que falta fluxo cambial positivo ao país, e para este problema não existe solução emergencial de recuperação.
Se o mercado é dito flutuante sem nunca ter sido, nos parece que neste momento está efetivamente assumindo esta característica, pois se falta fluxo cambial positivo a preço deve subir, afinal é a lei da oferta e procura, que caracteriza o mercado flutuante!