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Mercado financeiro coloca como prioridade seus interesses e foco nas perspectivas!

O mercado financeiro de forma contundente está demonstrando sua baixa consideração, até certo desdém, aos fatos “turbinados” pela mídia e opositores ao governo de natureza político-jurídica, tornando-os menores e quase insignificantes ao manter substantivo foco nas novas perspectivas que se colocam ao país, após as recentes decisões do Congresso que atenuaram pressões sobre a capacidade de gestão do governo e as evidentes perspectivas de que a aprovação da Reforma da Previdência logrará sucesso.

É como se estivesse considerando que este mês de junho marca-se como um divisor significativo de redução de fortes incertezas dando início a um período com perspectivas melhores para o país, que assim poderá retomar a dinamização da atividade econômica, com todas as consequências presumíveis como incremento dos investimentos produtivos, geração de emprego, renda e consumo e melhora da arrecadação tributária.

Neste contexto, fica evidente a expectativa de que o COPOM reduza a taxa SELIC com foco no incremento e estímulo ao investimento, já que a inércia da atividade econômica neste primeiro semestre impactou criando um viés de baixa no IPCA, o que favorece a adoção desta medida.

Desta forma, tudo insinua que o foco na economia brasileira e sua retomada passa a ter supremacia sobre as questões políticas que prevaleceram de forma quase absoluta ao longo do primeiro trimestre, período em que a economia ficou absolutamente inerte.

Esta clara percepção do mercado financeiro é que impulsiona o comportamento da BOVESPA que insinua, ainda com alguma volatilidade, o direcionamento sustentável para momento mais auspicioso e que deve atrair investidores nacionais e estrangeiros, com redução da volatilidade e fortalecimento do viés de alta consistente.

Da mesma forma, o preço da moeda americana no nosso mercado cambial deverá consolidar o expurgo do agregado ao preço decorrente da especulação ocorrida no ambiente do mercado futuro de dólar, movimento que ficou incontestável visto que o fluxo cambial no mercado à vista foi extremamente baixo neste semestre inicial do ano, e que não houve uma demanda efetiva por “hedge” no mercado futuro de dólar, fato sancionado pela ausência absoluta do Banco Central do Brasil com oferta de contratos novos de “swaps cambiais” no período.

Como efusivamente repetido, o Brasil não tem problemas cambiais, sendo, provavelmente, o único segmento em que o país tem situação de absoluto conforto, razão pela qual sempre consideramos que o movimento especulativo havido era absolutamente insustentável e totalmente carente de fundamentos.

Assim, claramente entendeu o Banco Central do Brasil que observou, mas não agiu com intervenções no mercado de câmbio, limitando-se a tão somente rolar posições vincendas, o que por vezes foi má interpretada por leigos como intervenção.

Na mesma linha também se posicionaram os bancos, que em oposição aos especuladores, grande parte estrangeiros, que construíram soberbas posições “compradas” no mercado futuro de dólar inflando o preço da moeda artificialmente, se mantiveram fiéis ao entendimento da fragilidade do movimento altista, e, em contraposição, se mantiveram “vendidos” no mercado futuro de dólar e agora são os grandes beneficiários da operação “desmanche” dos “comprados”.

Com a revisão que ocorre agora das perspectivas, o preço do dólar no nosso mercado de câmbio deve recuar, em princípio, para o parâmetro entre R$ 3,75/R$ 3,80, evidentemente repercutindo alguma resistência dos “comprados” e por isso com alguma volatilidade, e a partir de então poderá repercutir de forma concreta e sinérgica o movimento da moeda americana no mercado global, para então, se ocorrer redução do juro americano pelo FED que fragilize o dólar, poder até alcançar preço abaixo deste parâmetro.

O fluxo cambial da semana inicial de junho evidência movimentação ainda discreta com saldo positivo de US$ 773,0 Mi, sendo US$ 157,0 Mi comercial e US$ 616,0 Mi financeiro. As reservas cambiais brasileiras acumulam US$ 388,4 Bi até o último dia 7 e os bancos estão com suas posições no mercado à vista “vendida” em US$ 21,3 Bi, parcialmente lastreada com linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra pelo BC.

Certamente, o otimismo deverá gradualmente voltar a prevalecer com a aprovação da Reforma da Previdência e até criar fundamentos para que o 2º semestre possa reequilibrar para prognósticos mais tênues as projeções econômicas ainda para este ano de 2019.

Certamente superada esta difícil etapa haverá condições para início de outras discussões de Reformas, em especial a Tributária, e desta forma o país poderá consolidar novas perspectivas e um momento novo, auspicioso.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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