Junho realmente poderá ser o mês do marco divisório entre o antes e depois nas perspectivas a respeito da retomada do otimismo para a economia brasileira e início da redenção de dinâmica da sua atividade geradora de desenvolvimento, com investimentos em conta capital e mercado financeiro, aumento da geração do emprego, renda, consumo impondo reversão nas projeções econômicas e criando ambiente reversivo que reconduzirá a visão sobre a desenvoltura do PIB para o campo do positivismo.
Bovespa sinalizando retorno e forte propensão a ultrapassar de forma consistente e segura os 100 mil pontos e o preço da moeda americana retroagir, descontaminada de forte especulação a que foi submetida sem efetivas demandas a partir do mercado futuro de dólar, ao parâmetro de R$ 3,75-R$ 3,80.
E isto a despeito dos contras e contrários e de longos embates ideológicos, corporativistas que apostam e apostaram no pior cenário, evidentemente sem desconsiderar os imbróglios decorrentes da expressiva desarticulação política do governo e entre este e o Congresso Nacional.
Perduram contraditórios em inúmeras atitudes, inclusive greve num país de 13 milhões de desempregados ávidos por um emprego, mas o relevante é que a partir do comportamento do mercado financeiro ocorre postura e atitude com prevalecência do foco que é o mais importante, ou seja, sancionar a mudança do ambiente em torno da economia, reconduzindo-o a foco principal e imune aos ruídos e picuinhas do ambiente nefasto que impede a evolução do país, que se propaga pelas mídias sociais e boa parte da imprensa nacional por todos os seus meios.
Naturalmente, perdurarão os fatos e atos desconexos com o interesse maior, principalmente no campo político e jurídico, mas o Brasil pode dar uma demonstração de que é maior do que tudo isto, e retomar o seu protagonismo no contexto global.
Observar o conflito sino-americano sem temores, entendendo que deste fato pode tirar proveitos, o mundo precisa de insumos, matéria prima e alimentos, e nós somos celeiro mundial e enquanto se digladiam por atitudes e retóricas o Brasil pode tirar do mesmo oportunidades únicas para incremento de seus negócios.
Não perder de vista que são nossos parceiros, mas também são nossos concorrentes.
Evidente que as questões China-USA, crises em economias européias, Brexit, etc… tendem a impactar no mercado global e suas perspectivas de crescimento, mas o Brasil, que está em baixa, como salientamos celeiro do mundo em itens relevantes, não precisa se considerar tão atingido e sim descobrir que onde há crises há oportunidades.
Ter a perspectiva de que com uma decisão do FED reduzindo o juro americano poderão aumentar o fluxo de investimentos para a nossa Bovespa, ao mesmo tempo em que o dólar se fragilizará perante as demais moedas globais e poderá ser um efetivo fator para o preço do dólar no nosso mercado, após ajustar-se ao equilíbrio entre R$ 3,75 e R$ 3,80, ir mais além deste piso com o real valorizando-se mais, e, repercutindo nos preços relativos da nossa economia.
Contudo, há extrema necessidade de que o governo recomponha de forma consistente a sua articulação política e a sua forma de fazer política, com foco na implementação de novas reformas tão necessárias e prementes quanto a da Previdência.
Junho, como já mencionamos na virada de maio para este mês e repetimos agora, poderá ser o marco divisório, e se o país conseguir efetivamente retomar a dinâmica da atividade econômica e suas perspectivas, tudo o mais contrário ficará menor e perderá espaços.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO