A despeito da predominância da “gestão por conflitos” por parte do Governo e da acintosa postura da oposição corrosiva política, jurídica e midiática induzindo ao caos, tudo leva a crer que, desta vez, a consistência da tendência de redenção da retomada da atividade econômica a partir da aprovação, ainda que não da forma ideal, da Previdência é sustentável aos percalços.
Junho como temos destacado, sugere que será certamente o marco divisor que determinará o revigoramento gradual do otimismo e consequente melhora das perspectivas econômicas, com ressurgimento dos sinais iniciais de investimentos, abrindo perspectivas para o emprego, renda e consumo.
Eventos à margem da economia que são pontuais, ideológicos, com leituras interpretativas difusas, e que acabam produzindo ecos muito acima de suas causas e excessivamente turbinados, acabam por provocar impactos pontuais no comportamento do mercado financeiro, fundamentalmente com base na “emoção” sem nenhuma identidade com a “razão”, por isso frágeis.
O cenário prospectivo para o mercado financeiro sinalizava tendência de a Bovespa superar os 100 mil pontos e o preço da moeda americana recuar ao entorno de R$ 3,75 a R$ 3,80, num primeiro momento, podendo ocorrer uma depreciação adicional em decorrência de eventual decisão do FED americano reduzindo o juro nos Estados Unidos.
Nosso entendimento é de que estando o preço da moeda americana devidamente ajustada no nosso mercado de câmbio há efetiva probabilidade de depreciação maior frente ao real caso o dólar se fragilize no exterior.
Os ruídos políticos ideológicos que redundaram fatos novos impertinentes e foram habilmente utilizados para provocar repercussões no mercado financeiro, acreditamos, por falta de fatores sustentáveis efetivamente de impacto nos ativos, não devem alterar fundamentalmente as perspectivas de melhora de humor em torno da economia e, ao mesmo tempo não evitar a continuidade do desmanche do movimento especulativo sobre a formação do preço do dólar ocorrido no mercado futuro de dólar.
Retarda a dinâmica de evolução, fato incontestável, porque abre oportunidade para movimentos especulativos pontuais mas não sustentáveis, mas não interrompem o viés de recuperação.
Pode causar retração, embora temporária, no avanço da Bovespa, sem representar reversão efetiva de tendência de alta mas não deve se sustentar no movimento que provocou alta reversiva pontual do preço do dólar
Contudo, haverá uma gama de eventos importantes e relevantes ao longo desta semana e que podem causar impactos por aqui.
Haverá reunião do COPOM e as perspectivas são consistentes no sentido que o Colegiado deva determinar corte na taxa SELIC. O Boletim FOCUS divulgado hoje sinaliza projeção para o final do ano da SELIC em 5,75% reduzindo-a, portanto, em relação à anterior de 6,50%.
A questão em torno do tema não se concentra na eventual redução, mas no quando? A convicção apontava como decisão prevista para tão logo aprovada a Reforma da Previdência, mas agora já se projeta para antes mesmo, por isso acreditamos que possa haver inicialmente uma discreta redução na reunião desta semana de 0,25% deixando 0,50% para a próxima reunião de julho quando já deverá haver maior definição em torno da aprovação da Reforma.
O Boletim FOCUS persiste na projeção com viés de baixa do IPCA, agora a reduzindo de 3,85% para 3,83%, o que favorece a redução da SELIC.
Todavia, o mesmo Boletim divulga redução da projeção do PIB 2019 de 1,00% para 0,93%, o que entendemos muito severa visto que ainda há um semestre inteiro e a Reforma da Previdência aprovada pode ter impacto de reversão desta tendência.
No exterior o mundo estará focado na reunião de política monetária do FED esperando que o mesmo possa sinalizar firme plano para cortar o juro.
No Brasil, semana curta interrompida por feriado sugere postura cautelosa e defensiva.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO