O mercado de câmbio nem bem havia iniciado suas atividades do dia e o dólar surgiu com tendência de queda, enquanto que no mercado internacional se valorizava 0,33% contra a cesta de moedas relevantes.
Movimento absolutamente atípico e notório de interferência de “forças estranhas” buscando antepor-se à tendência natural para o comportamento do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio que, sabidamente, era esperado.
O Congresso nacional sancionou a mudança da meta fiscal para este ano até R$ 119,9 bilhões, o que é absolutamente relevante e aproxima o país à possibilidade de receber o “downgrade” das agencias de ratings, que seria drástico para o país.
A Câmara Federal aceitou o pedido de impeachment da Presidenta Dilma, o que é um agravante grave à já perturbadora questão política no país, onde, a rigor, todos os partidos estão com inúmeros representantes envolvidos em investigações de corrupção.
Afora os fatos recentes de altíssimo impacto, há toda uma situação deletéria da economia que se revela em números absolutamente negativos, que, certamente, já criam perspectivas de que poderão ser agravados mais ainda em 2016 e já se fala agora em 2017, o que ainda é duvidoso.
A recessão tem tudo para tornar-se mais perversa afetando o emprego, a renda e o consumo, acentuando seus efeitos no campo social.
O país está parando lentamente e não suscita perspectiva de mudança de rumo no curto prazo.
A inflação, em grande parte decorrente dos preços administrados que foram contidos pelo próprio governo de forma absolutamente irresponsável, mantém ritmo forte não se sensibilizando com a alta da taxa de juro SELIC ocorrida, e que já tem inúmeros defensores no mercado financeiro defendendo que seja mais elevado.
O preço do dólar efetivo, real, compatível com o “status quo” do país foi sinalizado pelo Ministro Levy e, naturalmente, almejava reabilitar os ânimos da indústria, elevando a sua competitividade interna frente ao produto importado e no mercado internacional, mas a falta de confiança e credibilidade do governo não inspirou investimentos e nem atitudes para dinamizar o setor industrial que retrocederá este ano mais de 7% e já tem projeção de retração também para 2016, muito provavelmente porque ocorreu também uma enxurrada de ajustes tributários desencorajadores e as fontes de financiamentos já não tem recursos fartos como quando o Tesouro Nacional pedalava e repassava recursos para o BNDES, ficando o governo com o ônus da diferença de taxas entre captação cara e doação barata.
Estava claro que a partir do ultimo trimestre, este presente, ocorreu uma mudança de estratégia por parte do governo, e então, o BC passou a focar o preço do dólar como objetivo para ancorar a resistência contra a inflação resistente e disseminada pela economia.
Conseguiu afastar o preço da moeda americana de R$ 4,00 e artificializa-la para o espaço entre R$ 3,85/R$ 3,90, mediante incremento da liquidez com a manutenção da rolagem total dos contratos de swaps cambiais vincendos no mercado futuro e oferta de linhas de financiamento aos bancos para suportarem a liquidez no mercado à vista.
Com isto, tem sido mascarado o comprometimento das reservas cambiais, já que acabam por prover de credibilidade os contratos de swaps cambiais colocados no mercado e mantém liquido o mercado à vista. Nós temos considerado que estes valores num estudo de longo prazo impactam como comprometimentos redutores das reservas cambiais, até porque o país não atravessa momento de atratividade a capitais estrangeiros.
O saldo da balança comercial é forjado por desempenhos agrícolas, mas, reflete em seus volumes cadentes os efeitos da crise econômica que leva o país a importar menos.
O fluxo cambial positivo decorre deste fato, já que é negativo no lado financeiro.
Evidentemente, que os fatos de ontem tem potencial impactante relevante no preço da moeda estrangeira no país, já que somamos cada vez mais fatos negativos ao conjunto de negatividades brasileiras no momento.
O Brasil tem ocupado o noticiário internacional com a sua situação de grave decadência da atividade econômica e as questões políticas, que naturalmente é observado pelos agentes do mundo inteiro, e ontem reavivou manchetes face a questão política com fato novo grave.
Situações como esta atual do Brasil pode determinar algum “estado de pânico” e o primeiro sinalizador é o preço do câmbio, termômetro mais sensível e imediato.
Por isso, houve um precipitado movimento “orquestrado” por forças estranhas no mercado de câmbio que depreciaram o preço da moeda americana já no inicio dos negócios, contrariando os fundamentos e a tendência, mas que pode determinar volatilidade forte e oscilações bruscas por não estar sancionando as perspectivas negativas em torno do país no curto prazo e nem mesmo com o quadro de momento.
Portanto, há riscos latentes no preço da moeda americana atual no nosso mercado, por estar absolutamente fora do ponto.