Os ativos do mercado financeiro demonstram comportamento exacerbado ao qual se atribui como fator motivador a questão do pedido de impeachment da Presidenta, e, neste momento se coloca no esquecimento toda a nossa economia degradada e a aprovação pelo Congresso do expressivo déficit fiscal para 2015, que naturalmente aproxima intensamente o país para o “downgrade” por parte das agências de rating.
A questão do impeachment, ganhando viabilidade ou não, é demorada, vai acarretar muito stress e não resolve a questão econômica, com ênfase a fiscal, brasileira em contundente crise.
Não há milagres neste campo, mas necessidade de trabalho duro e sério focado na gestão e implementação de reformas imprescindíveis para o país, visando tirá-lo do “atoleiro” em que se encontra e equalizando, primeiro e prioritariamente, soluções viáveis, para depois então se pensar em desenvolvimento. Em outras palavras, o país precisa parar de cair para depois, estabilizado, poder pensar em estabelecer metas de desenvolvimento.
Não basta mudar nomes e achar que tudo se soluciona sozinho, é preciso mais do que isto, e tudo isto demanda tempo, não sancionando mudança abrupta nos preços dos ativos como ocorreu. O momento não é de um jogo de futebol onde se torce e se antecipa irresponsavelmente precificações absurdas.
É tempo de observar como tudo se desenvolve, pois além da relevante crise econômica e dos riscos presentes no curto prazo, como o downgrade, temos um absoluto desarranjo no quadro político brasileiro, que revela, também e intensamente, a prática de atos de ilegalidade expressiva envolvendo corrupção.
Mais ou menos isto, quem anda descalço não deve ficar espalhando espinhos pelos caminhos. A disseminação das acusações mutuas impede que pensem no país.
O fato é que o quadro econômico e político brasileiro é negativo e muito complexo e de solução para 2017 ou mesmo 2018 se conseguir ajustar a política fiscal e agir focando a reconquista da credibilidade, primeiro internamente, posteriormente externamente. Conceitualmente 2016 já começa a ser abordado como passado embora ainda nem tenha começado, esperando-se um cenário tão drástico quanto 2015.
Há, independente de quem esteja na Presidência, um longo e penoso trabalho de recuperação do país, e nada alterará este quadro que não seja a atitude focada neste objetivo pelo governo e, também, pelo Congresso, por que não?
O país tem enormes problemas na área econômica que o impedem de pensar em plano de desenvolvimento, o plano deve ser de resgate, porque os desmandos ocorridos foram extremamente marcantes.
Se não há convicções de como se resgatará o país do momento presente eivado de problemas magnânimos, não há porque precificar em expectativas ainda distantes os preços dos ativos, otimizando-os.
Por isso deve ser considerada ocorrência não sustentável, razão pela qual os preços deverão retornar à compatibilidade com a situação do país no curtíssimo prazo.
No dólar o evento em torno da Presidenta deteriora mais o conceito do país e sua atratividade que se refletirá em volume menor de ingressos de recurso externo , mas o que mais pesa de imediato é o extraordinário déficit fiscal sancionado pelo Congresso Nacional, pois a ocorrência do “downgrade” seria altamente negativa para o país, tendo em vista que o pais é demandador de financiamento externo para cobrir o seu déficit em transações correntes.
Ficou evidente ontem o comportamento atípico do preço do dólar que já abriu em queda, contrariando as expectativas e a tendência da moeda americana que naquele momento se valorizava frente a cesta de moedas, sendo perceptível que havia uma indução forte a apreciação do real, tecnicamente improvável, e que depois se acentuou, pois o BCE cortou a taxa de juro e sinalizou a possibilidade de novo QE, o que fragilizou o dólar ante a cesta de moedas.
Os irrealismos nos preços dos ativos, incluindo o dólar, estão presentes no nosso mercado financeiro, por isso alertamos que, no momento, este é um ambiente para profissionais.