Câmbio: Preço aquém do que sugere o status “caranguejo” da economia

A crise generalizada brasileira que se funda na deterioração da atividade econômica e política, com destaque para o expressivo déficit fiscal e a conflitante relação política entre os poderes constituídos, que tende agregar rapidamente repercussões sociais como aumento do desemprego, perda de renda, queda do consumo e inadimplência, tem consistentes sinais de que poderá se agravar muito além do que já se constata no momento.

Pais em recessão e sem nenhuma ação, até porque é impossível criar planos de desenvolvimento neste ambiente, que possa suscitar perspectiva de recuperação no curto prazo evidencia em seus números concretos a sua decadência rápida, visto que criou um embuste que se desmantela por falta de sustentabilidade e total descrédito e credibilidade do setor produtivo no governo.

O Brasil anda para trás por 3 trimestres seguidos, maior sequência de quedas desde o inicio da série histórica do IBGE em 1996.

No trimestre de julho a setembro passado o PIB recuou mais 1,7% conforme informado pelo IBGE. Sobre o terceiro trimestre de 2014 o PIB acumula recuo de 4,1%, maior tombo histórico na comparação anual.

Não houve setor que resistisse à tendência de retração no ultimo trimestre.

A taxa de investimento recua a 18,1% do PIB no 3º trimestre, a menor para o período desde 2006 quando chegou a 17,5%. O consumo das famílias recuou 4,5% frente ao mesmo período do ano passado. A FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) recuou 15% e as importações 20% foram as maiores da série histórica, também confrontadas com o mesmo período do ano passado. A Agropecuária recuou 2% e a indústria 6,7%. A retração dos serviços foi o pior da série histórica ao registrar 1,6%.

Quando se isola só o ano de 2015 os indicadores sinalizam propensão a serem piores do que no confronto anual.

Enfim, tudo vai mal e pode ficar muito pior como as sinalizações sugerem.

O ambiente, com riscos efetivos de que o país possa ter um downgrade no seu rating agravando o quadro de fluxos de capitais externos e reflexos que poderão advir da elevação do juro americano, provavelmente no ano que vem, sugerem que a taxa cambial que é um termômetro devesse estar bem acima.

O BC tem feito o seu possível ofertando liquidez no mercado futuro dos contratos de swaps cambiais vincendos e gerando liquidez no mercado à vista com repasse de financiamentos de linhas aos bancos, que operando com posições vendidas fazem o papel que a autoridade monetária deveria fazer vendendo dólares à vista das reservas cambiais.

As reservas cambiais de US$ 370,0 Bi já têm pelo menos uns US$ 140,0 Bi contaminados por ancorarem os contratos de swaps cambiais, sem a qual não teriam aceitabilidade pelo mercado, e as posições vendidas dos bancos.

Ocorre que o BC tem poderes técnicos parcos para tentar conter o preço da moeda americana, já que a alta está fundada na deterioração da economia e política do país e assim tem maior efeito na pressão de alta.

Resultante é a ocorrência de volatilidade, mantendo o viés de alta.

Desta forma, o preço da moeda americana no nosso mercado fica maculada, abaixo do seu preço efetivo, mas contendo um risco de ajustes de alta abruptos e expressivos.

As projeções colocadas pelo FOCUS como medianas dos indicativos do mercado financeiro apresentam forte descompasso com a realidade e suas perspectivas, em especial no quesito inflação e dólar.

Cada vez mais o país perde atratividade ao capital externo e, por que não, ao capital interno, e a reação generalizada do setor produtivo é retroagir agravando o quadro atual.

Por isto, tudo leva a crer que 2016 será um ano tão desapontador quanto 2015, com agravamento da crise do país.

Negócios envolvendo o dólar e seu preço cada vez mais ficam com risco agravado, pois as perspectivas identificam que há riscos potenciais que podem provocar, para pior e de forma rápida, o seu preço.

Fechar o ano em torno de R$ 4,00 seria razoável, contudo projetá-lo em R$ 4,20 é absolutamente incoerente em 2016.

Cada vez mais fica evidente que o grande adversário do Brasil é o próprio Brasil, que nada se deve a crise internacional e que estamos ficando isolados inclusive do núcleo dos emergentes.

 

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