Câmbio News

Até ulteriores decisões, o dólar deve ter o piso de R$ 1,95; esta foi a leitura da atitude do BC ao ofertar e colocar ontem 20.000 contratos de swaps cambiais reversos, algo em torno de US$ 1,0 bi, que tem efeito compra no mercado futuro da moeda american

Pelo que se presenciou na ultima sexta-feira quando o preço da moeda americana rompeu o piso de R$ 1,95, a ideia imediata foi que a autoridade monetária estaria interessada em apreciar ainda mais o real, procurando …

Pelo que se presenciou na ultima sexta-feira quando o preço da moeda americana rompeu o piso de R$ 1,95, a ideia imediata foi que a autoridade monetária estaria interessada em apreciar ainda mais o real, procurando potencializá-lo como instrumento de contenção das pressões inflacionárias que perduram aquecidas, na ausência da esperada elevação da taxa SELIC que está em perspectiva.

Não há efetivamente razões de intensidade de fluxo cambial que fundamentem tecnicamente esta apreciação do real, a não ser o evidente propósito da autoridade monetária em utilizá-la para conter a inflação e o interesse dos bancos, por estarem com suas posições “vendidas” no mercado à vista e futuro.

Mas, a reação do BC ofertando ontem 20.000 contratos de swaps cambiais reversos, dando suporte à taxa cambial, deixou evidente que não deseja que a moeda americana tenha seu preço abaixo de R$ 1,95.

Então, o câmbio deverá continuar com o seu preço dado, pelo menos até a próxima reunião do COPOM, repetindo-se no seu mais do mesmo, não repercutindo, como muitos salientam às vezes variações externas, sendo um preço diretamente de origem nacional e administrado.

Mas, é preciso estar atento ao médio prazo neste ano, pois há tendência de que o fluxo cambial venha a tornar difícil a administração do preço do dólar pelo Banco Central, e se este insistir em persistir com o real apreciado poderá ter volatilidade, pressão altista e já não será tão confortável com os bancos conviverem bem com estratégicas posições vendidas, em especial no mercado à vista, salvo se conseguir ter “hedge”, o que é bastante improvável.

Continuamos entendendo que nada é definitivo ainda no câmbio neste ano. O Brasil poderá estar convivendo, após anos, com um saldo do fluxo cambial muito apertado ou até negativo, tendo ao mesmo tempo também, um desempenho da balança comercial desapontador, num contexto de déficit de transações correntes crescente, que precisa ser financiado.

Poderá ocorrer alguma melhora no fluxo cambial, como se espera, em razão das exportações agrícolas pontualmente no 2º trimestre do ano, que melhoraria o fluxo comercial, mas, por outro lado, convive-se com a incerteza quanto ao fluxo financeiro, que tem revelado um viés cadente.

É preciso acompanhar mais detidamente os relatórios sobre o fluxo cambial que o BC divulga as quartas-feiras às 12h30min, este é um dado importante para formulação das expectativas.

Este 1º trimestre de 2013 ao fechar seus números do fluxo cambial deixará evidente que foi substancialmente pior do que 2012, aliás, muito pior!

A política monetária e cambial do governo ainda deve apresentar mutações neste ano. As autoridades vêm buscando via desoneração atenuar as pressões inflacionárias, mas com medidas de baixo alcance, ou seja, de curto prazo, e o que mais preocupa é a dinâmica da inflação que vem se disseminando por todos os segmentos da economia.

A redução das tarifas de energia foi praticamente neutralizada pelo aumento decorrente da utilização das usinas nucleares para complementação da oferta, e o governo estuda absorver este custo adicional, que na realidade continuará sendo pago indiretamente pelo contribuinte que é quem suporta a carga tributária.

A meritória decisão de desonerar dos impostos federais a cesta básica, anúncio precipitado, visto que era previsto para 1º de maio e dada à pressão inflacionária presente foi antecipada, poderá não tornar efetivo o propósito do governo, a despeito do entusiasmo do Ministro Mantega e da manifestação de apoio do representante da Associação de Supermercados.

Os produtos da cesta básica são essenciais para a população brasileira e de consumo obrigatório, o que facilita que os produtores/fornecedores absorvam com facilidade o benefício como margem de lucro nos produtos, sem alarde mais procurando recompor preços.

Algumas consultorias estão prevendo que a medida causará impacto redutor de 0,4/0,5% no IPCA deste ano, mas há, também, as que consideram que os benefícios serão mínimos dada à convicção de que o benefício será agregado como recomposição de margem e não serão repassados ao consumidor final.

 

Compartilhar :
plugins premium WordPress