Contudo, como a baixa liquidez é um fator presente e que afeta o curso das negociações no mercado de câmbio, após a reação imediata ao evento positivo que conduziu o preço à proximidade de R$ 2,00, com o aumento da demanda a cotação voltou a se elevar, deixando evidente que, afora a captação da Petrobrás, o país tem uma consistente falta de fluxo de recursos externos suficientes ingressando para responder ao volume de saídas.
A percepção que passou a predominar é que o ingresso das divisas da captação da Petrobrás melhorará o quadro geral de fluxo cambial para o país, porém dada a sua magnitude quando ingressar não poderá permanecer em sua quase totalidade no mercado à vista, pois causaria um desequilíbrio muito relevante, o que sugere que boa parte seja absorvida pelo BC diretamente junto aos bancos que intermediarem os ingressos, agregando-os às reservas brasileiras.
Se correto este raciocínio, a contribuição para a liquidez sustentável do mercado à vista será baixa, predominando o problema no campo operacional, se bem que no de fluxo cambial haverá uma melhora quantitativa nos registros do BC.
Para que a captação da Petrobrás se torne efetivamente contributiva para a melhora da liquidez, o BC deveria absorvê-la no atacado e devolvê-la no varejo ao mercado via leilões de venda, harmonizando a fluidez da liquidez para o mercado à vista.
Desta forma, poderia retirar a pressão altista presente e efetivamente colocar o preço da moeda americana em cotação abaixo de R$ 2,00, patamar acreditado como neutro, ou seja, sem poder de impactar inflacionariamente.
Uma forma alternativa de superar este quadro e que poderá ser coordenada pelo BC é ordenar o procedimento dos ingressos por “tranches” parciais que poderiam, no primeiro momento, atender a demanda reprimida pelo mercado e permitir a formação pelo mesmo de um “colchão de liquidez”, e após isto absorver o excedente no momento dos seus ingressos junto aos bancos intermediadores e agrega-lo às reservas.
Esta hipótese seria tecnicamente bastante recomendável, e, certamente, permitiria atenuar de forma sustentável as pressões altistas, provavelmente colocando o preço do dólar abaixo dos R$ 2,00, através solução de mercado e evitando assim ter que adiante realizar leilões de venda para promover liquidez.
Enfim, a captação da Petrobrás foi um ponto bastante positivo para o país, já que não vem sendo aquinhoado com fluxo cambial compatível com a liquidez que predomina no mercado internacional, mas para ser efetivamente contributiva para a liquidez do mercado de câmbio precisa ter uma estruturação de ingresso que solucione a “ressaca” atual e deixe um lastro de liquidez a mais em poder dos bancos.
Vamos aguardar a “emissão de sinais” de como ocorrerá o ingresso, que se não focar gerar liquidez ordenada para o mercado de câmbio, poderá ter sido um numero exuberante de ingresso pouco contributivo para resolver os fatores de pressão altista presentes.
Por enquanto predomina a incerteza de como será o procedimento do ingresso, e, como a liquidez persevera baixa, o dólar volta a ter viés de alta, refletindo o momento.