Na sexta-feira última, um movimento técnico do BC “rolando” parcialmente algo como US$ 800 M da posição de swap cambial vincenda na virada do mês, aliviou parte de possível efeito “compra” que poderia impactar no mercado de câmbio à…
Na sexta-feira última, um movimento técnico do BC “rolando” parcialmente algo como US$ 800 M da posição de swap cambial vincenda na virada do mês, aliviou parte de possível efeito “compra” que poderia impactar no mercado de câmbio à vista via mercado de derivativos se não o fizesse, mas de baixo potencial para provocar a valorização ocorrida do real, que repercutiu, certamente, uma melhora pontual do fluxo cambial no dia, que preponderantemente é na atualidade o elemento mais importante na formação do preço, que está bem identificado com o conceito de mercado “flutuante”.
Não se pode atribuir o ocorrido ao movimento especulativo, pois os posicionamentos no mercado de derivativos são bastante discretos e não envolvem volumes que possam sugerir pressões e disputas entre comprados e vendidos.
As posições de bancos e “hedge funds” no mercado de “cupom cambial-DDI” têm se mantido estáveis, até como decorrência da baixíssima liquidez neste segmento. No mercado de dólar futuro, os movimentos de bancos e “hedge funds” foram mais defensivos para o cenário tendente à apreciação do real, com os “bancos” reduzindo discretamente suas “posições vendidas” e na contraponta os “hedge funds” reduzindo da mesma forma suas posições “compradas”.
No mercado à vista, os bancos continuam com posições “compradas” e, é bastante provável que até as tenham aumentado considerando a hipótese posta de que o fluxo positivo aumentou a ponto de influir na apreciação do real, sendo que o BC continuou não atuando no mercado à vista com leilões.
No nosso ponto de vista, o preço da moeda americana iria, normalmente, recuar a R$ 1,70, e o fato de ter superado este patamar decorreu de fator pontual do fluxo, mas continuamos com a percepção de que retornará ao entorno daquela taxa, com alguma volatilidade decorrente da intensificação pontual ora da demanda ora da oferta.
Como em perspectiva continuamos considerando que a demanda tenda a superar a oferta, acreditamos que a taxa cambial retornará a R$ 1,70 e tenda a oscilar nos momentos de maior pressão de demanda até R$ 1,75.
Embora continue sendo objeto de críticas a incidência do IOF sobre as operações de derivativos, entendemos que neste momento tem validade, o país precisa estar defendido de movimentações atípicas que causem distorções no preço da moeda americana, contudo, o BC precisa estar atento para gerar liquidez sempre que houver esta sinalização decorrente de demanda legítima e não especulativa.
O Boletim FOCUS datado de 28 último, divulgado hoje, reduz discretamente a projeção do IPCA para os próximos 12 meses de 5,64% para 5,62%, mantendo-o em 6,50% para este ano. O dólar, a SELIC, o déficit em transações correntes, produção industrial, saldo de balança comercial e IED´s permaneceram inalterados em relação às projeções da semana passada. Um novo pequeno ajuste para pior na projeção do PIB 2001 de 3,30% para 3,29%, que ainda nos parece um pouco otimista face à rápida desaceleração da atividade econômica.
No mercado de juros futuros os contratos começam a semana com taxas em queda.
No cenário externo parece ainda predominar muitas incertezas, a despeito dos esforços para evitar as piores situações na Europa como um todo e na área do euro mais especificadamente, não se consegue vislumbrar cenários críveis e factíveis.
O desafio europeu parece ter tentáculos dos mais diversos, que não dá para se contornar todos de forma breve. A inflação na zona do euro continua em 3% em outubro, a exemplo de setembro, e o desemprego sobe para 10,2%. Economistas pressionam o BCE para elevar o juro em breve para dar apoio à economia da zona do euro, enquanto a crise de dívida na região reduz a confiança dos empresários e gera chances de outra recessão.
A OCDE prevê crescimento de 3,9% para o G-20, que reúne seus representantes esta semana, em 2011 e 3,8% em 2012. Para os Estados Unidos a projeção é de crescimento de 1,7% este ano e 1,8% em 2012.
O Japão intervém no mercado de câmbio visando conter a excessiva valorização do Yen que dificulta suas exportações.
A China trabalha com a perspectiva de queda no preço dos minérios de ferro, o que diz respeito diretamente ao Brasil.
Nos Estados Unidos já há sinais de novos embates políticos entre democratas e republicanos sobre questões orçamentárias e nesta semana há expectativa sobre inúmeros dados econômicos relevantes que serão divulgados.
Na realidade, o mundo global, com ênfase nas economias desenvolvidas, não tem muitas razões para otimismos bem fundamentados.