Os bancos estão comprados no mercado à vista e os desencontros e inconsistências do acordo europeu proporcionam um movimento com forte viés especulativo que impõe forte alta ao preço da moeda americana logo ao inicio dos negócios.
Os bancos estão comprados no mercado à vista e os desencontros e inconsistências do acordo europeu proporcionam um movimento com forte viés especulativo que impõe forte alta ao preço da moeda americana logo ao inicio dos negócios.
É preciso ter cuidado e não entrar nesta roda no nosso mercado que pode ter pouca sustentabilidade, visto que temos pouca correlação com os acontecimentos envolvendo a Grécia e a comunidade do euro, e, embora não sejamos uma ilha não devemos nos afastar da necessária sensatez.
O fato em si já surpreendeu toda a comunidade financeira global, e, o fato de postergar esta decisão para o início do próximo ano, praticamente faz retornar todo o quadro caótico que havia sido aliviado, e, o humor global acentua o pessimismo.
Assim, as exacerbações dantescas havidas por ocasião do acordo tendem à reversão, quem sabe mais turbinadas pelo desapontamento, de forma imediata.
Como comentamos no dia do anúncio do acordo em que os exageros estavam presentes, primeiro viria a euforia e posteriormente as inconsistências, já que é inimaginável admitir-se que pelo acordo encontrar-se-ia a solução, mas sim, tão somente uma acomodação em bases frágeis. Ressaltamos ainda que, a fase mais dura está por vir, e, como se percebe já há percalços muito sérios antes mesmo da implementação do plano acordado.
Naturalmente, que com este impasse as performances das bolsas em todas as partes do mundo que foram “além do ponto da razoabilidade” no mês de outubro, devolvam de forma imediata al aqueles ganhos, submetendo-se a um choque de realidade que permitirá uma análise mais ponderada a respeito do acordo europeu, observando melhor suas limitações para concluir que o mesmo não promoverá a solução, mas uma frágil acomodação, visto que as regras estruturais disciplinadoras da criação da moeda euro precisarão ser amplamente revisadas obrigatoriamente.
Na realidade, acentua-se a percepção de que a Europa não conseguirá sair deste quadro econômico fragilizado sem transitar por um período de recessão.
Naturalmente, o euro volta a fragilizar-se ante as principais moedas, e, a perspectiva de recessão impacta nos preços das “commodities” de uma forma geral baixando suas cotações.
Novembro começa com forte tendência à volatilidade, e, por aqui, onde amanhã será feriado é preciso cuidado maior.
É preocupante a ocorrência da concordata da corretora americana MF Global, vitimada por exposição a títulos soberanos da divida europeia. Chama atenção também o prejuízo anunciado no 3º trimestre pela corretora Nomura, no montante de US$ 590,0 M.
A China já começa a dar indicativos de que ocorrerá uma desaceleração na sua atividade econômica, o que é inevitável, visto que, sendo a grande vendedora mundial, deverá sofrer impactos na demanda, e, assim, também na condição de grande compradora de insumos, reduzirá sua demanda, o que afetará diretamente o Brasil.
No Brasil, a nossa BOVESPA que “foi na onda” principalmente puxada pelas “commodities” em outubro, tende a devolver os ganhos, até porque os sinais de desaceleração da nossa economia estão se acentuando e tornando-se perceptíveis de forma muito rápida e o quadro externo deve estimular movimento forte de realização de lucros.
O preço da moeda americana não tem razões para exacerbações, já que a causa que determinou a alta abrupta de setembro decorreu do “aprisionamento” de posições desconfortáveis de “hedge funds” especuladores que ficaram sem liquidez após o governo ter estabelecido a incidência de IOF sobre os derivativos, foi sanada pelo BC que gerou liquidez ao início de outubro e resolveu o problema, razão direta da queda do preço naquele mês de 9,46%.
Neste momento, as posições de bancos e “hedge funds” no mercado de derivativos estão “comportadas” e sem intuito especulativo, tendo havido por parte dos “hedge funds” uma redução estratégica da sua posição “comprada” em dólar futuro, defensiva ante a tendência de apreciação do real naquele momento, e que ampliou o saldo de sua posição “vendida”, já que manteve inalterada a posição “vendida” em “cupom cambial-DDI”. Nada mais do que isto e não um aumento do volume de forma direta com o intuito de especular.
O que ditará o preço de forma mais efetiva será o fluxo cambial e de forma bastante relativa o comportamento do preço das “commodities”, mas nada que possa sugerir atipicidades como as ocorridas em setembro.
Continuamos entendendo que o intervalo do preço tenderá a manter-se entre R$ 1,70 a R$ 1,75.
A economia brasileira continua evidenciando números que fortalecem a nossa percepção de que o COPOM precisaria ter sido mais incisivo no corte da taxa SELIC em sua última reunião, já que vinha demonstrando preciso diagnóstico acerca da crise externa e posicionando-se à frente do mercado, e, de repente optou pelo gradualismo.
A indústria brasileira, segundo o IBGE, desacelerou expressivos 2% na relação setembro versus agosto e 1,6% na comparação com setembro do ano passado. Por outro lado, a FGV divulgou que a confiança caiu 0,4% ficando em 100,7 pontos menor desde agosto de 2009 e que o NUCI (Nível de utilização da capacidade instalada) caiu de 83,6% para 83,5%, menor desde novembro de 2009.
O fato do varejo ainda se manter aquecido denota que o produto importado continua substituindo o produto nacional.
É preciso acompanhar com maior rigor os sinais que estarão contidos nos números que passarão a ser gerados pela economia brasileira.