O BOLETIM FOCUS divulgado pelo BC com data do último dia 28, expressando as projeções medianas de indicadores das instituições financeiras bancárias, evidencia que as mesmas ainda estão muito focadas no tratamento tradicional que tem sido…
O BOLETIM FOCUS divulgado pelo BC com data do último dia 28, expressando as projeções medianas de indicadores das instituições financeiras bancárias, evidencia que as mesmas ainda estão muito focadas no tratamento tradicional que tem sido dado pelo governo às pressões inflacionárias, via elevação sistêmica de juros.
Não contemplam ainda a percepção, que já evidenciam operacionalmente no mercado, dos efeitos contracionistas das medidas prudenciais adotadas pelo governo em dezembro passado, e, que, espera-se em fevereiro já tenha proporcionado dados consistentes de encarecimento e redução na concessão do crédito destinado ao consumo por pessoas físicas, confirmando os dados primários já obtidos neste janeiro.
Acreditamos que os efeitos das medidas poderão se constituir numa agradável surpresa àqueles que as receberam com certo ceticismo quanto à eficácia.
Contudo, como temos salientado, urge que o governo dê mostras quantitativas de corte orçamentário e rigor fiscal, para que agregue credibilidade as suas declaradas intenções de utilizar um contexto estratégico mais abrangente para confrontar as pressões inflacionárias, que não tenha o seu ponto de apoio somente na elevação do juro, que é extremamente desestimulador ao setor produtivo e oneroso, de forma expressiva, ao erário público, com inúmeros efeitos colaterais nocivos à economia nacional.
De Davos, Tombini e Coutinho sinalizam que a economia tende a dar uma necessária desaquecida, e, ratificam que o país tem como contornar as pressões inflacionárias e buscar a convergência às metas estabelecidas.
De Davos, também, e do FMI, vieram sinais de que há muitos setores externos observando o Brasil e seu comportamento fiscal. O Ministro Mantega não gostou e reagiu, mas a repetição de mágicas contábeis, outra vez, em dezembro para o fechamento do superávit primário dentro da meta, deixa evidente que é necessário cuidar atentamente da questão, pois pode haver desgaste a partir de desequilíbrios nesta questão.
É colocar a “casa em ordem” e, naturalmente, silenciar sobre o que recebeu do governo anterior. E rápido!
FOCUS evidencia para final de 2011 IPCA em 5,64% e para os próximos 12 meses 5,53%. Câmbio com US$ a R$ 1,75. SELIC em 12,25%. DP/PIB em 39,10% (fechou dezembro em 40,4%). PIB em 4,60%. Produção Industrial em 5,03%. Deficit em Transações Correntes em US$ 67.87 Bi. Balança Comercial superávit de US$ 9,52 Bi. IED´s em US$ 40,0 Bi.
A FGV divulgou que a confiança da indústria brasileira caiu 1,5% em janeiro frente a dezembro passado. O Índice caiu de 114,5 para 112,8 pontos, porém ainda está acima da média histórica de 101,6 pontos. O NUCI que é o nível de utilização da capacidade instalada caiu de 84,9 % em dezembro para 84,7% em janeiro.
Hoje o BC dá início aos leilões de compra a termo, com prazos curtíssimos, razão pela qual entendemos que serão 3 eventos experimentais, “azeitando as práticas”.
Entendemos que é uma alternativa válida para reduzir o custo de carregamento da elevação das reservas cambiais, já que o financiamento do mesmo estará implícito nas operações e as bases deverão ser substantivamente mais baixas do que as decorrentes das intervenções com leilões “spot”. Este é o tipo de operação para médio prazo e até longo se houver interesse dos bancos, e tende a alocar a totalidade das posições “vendidas” dos bancos, que assim tendem a deixar de estar ancoradas em linhas de crédito externas, pois comprando “spot” do mercado e vendendo a termo já ficarão com os dólares disponíveis em conta. Na ponta realizarão no mercado físico de dólar o que acabavam realizando, após leilão de compra “spot” do BC, no mercado futuro da BM&F.
Há uma série de desdobramentos operacionais possíveis, que comentaremos ao longo dos próximos dias.
É uma estratégia inteligente, ofusca a especulação nos derivativos, agrega importância maior do mercado físico na formação do preço da moeda e neste mercado o BC tem mais poder subordinante.
Mas, embora retire dos derivativos importância relativa sobre a formação do preço, não se deve esperar que promova elevação no preço, proporcionando, contudo, sustentabilidade ao mesmo.
Contudo, na ação combinada, o governo precisa ter cuidados com os “swaps cambiais reversos”, pois podem estimular um movimento especulativo de apreciação do real.
O mercado de câmbio é um tabuleiro, se mexer a pedra errada, o efeito pode ser contrário, e nada tem a ver com oferta e procura, ou até mesmo fluxo cambial.
Hoje é dia do Ptax e os “vendidos” predominam e forçam a apreciação do real.
O mundo global, que não encontra fórmulas rápidas e críveis de saída do marasmo da atividade econômico provocado pela crise de 2008, continua oscilando seus surtos otimistas e pessimistas.
A “bola da vez” é o pobre Egito em grave crise política, e que agora pode afetar o preço do petróleo, do trigo, etc., e dificultar o transporte pelo canal, etc. Enfim, o Egito parece que ganhou mais importância do que efetivamente tem. Mas tudo vale, altas e baixas movimentam as bolsas, intensificam os giros, elevam e deprimem os preços e juros dos T-Bills americanos.
Enfim, este é o jogo!
Assim, as bolsas caíram e agora, ainda com sinais controversos, sinalizam recuperação nos Estados Unidos e no Brasil, embora a crise no Egito continue e tenha até se agravado, mas a economia americana dá sinais de vida, tendo registrado aumento do gasto do consumidor de 0,7% em dezembro último, enquanto a renda pessoal subiu 0,4%. Economistas projetavam alta de 0,5% nos gastos com 0,4% de alta na renda. O gasto acima das projeções cria otimismo, afinal 70% do PIB americano é dependente do consumo interno. A poupança caiu de 5,5% em novembro para 5,3% em dezembro, sinal de que os consumidores estão mais confiantes e assim gastam mais e poupam menos, perfil americano típico que vai se restabelecendo.
O US$ cai frente ao Euro que vale US$ 1,3714. O petróleo está cotado a US$ 89,38 o barril na Nymex e os T-Bills de 10 anos apontam rendimento de 3,35%.