Câmbio News

Análise do Mercado – 01/02/2011

A entrada do BC no mercado de câmbio físico com operações a termo, iniciada ontem, no nosso entendimento não tem como objetivo prioritário provocar elevação do preço da moeda americana ou depreciação do real como queiram, mas…

A entrada do BC no mercado de câmbio físico com operações a termo, iniciada ontem, no nosso entendimento não tem como objetivo prioritário provocar elevação do preço da moeda americana ou depreciação do real como queiram, mas fundamentalmente visa construir, a partir deste mercado, a formulação de estratégia de financiamento do carregamento do aumento das reservas cambiais, ao qual não poderá se furtar num ambiente de fluxo positivo, em bases de custo substantivamente mais ameno em relação ao que decorre das suas intervenções com compras à vista.

Redução de custo de carregamento como prioridade e, também, provocando retirada de parte do volume de negócios que era deslocado para o mercado de derivativos da BM&F, que em contrapartida determina aumento consequente do volume do mercado de câmbio físico. Fortalece assim o objetivo de ter um melhor contexto para a formação do preço da moeda americana, descontaminando-a da forte especulação advinda dos derivativos. Na ponta deve ter mais influência como estabilizadora da apreciação do real do que provocar elevação.

Idealmente estas operações deveriam ter prazos medianos ou mais longos, passíveis de rolagem pelas partes, e acomodariam a expansão das reservas cambiais do país, sob o conceito de liquidez internacional, a custos suportáveis pelo BC/Tesouro.

E, como temos enfatizado, pode ser o prenúncio da modernização operacional do mercado de câmbio físico, resgatando para o mesmo operações com lastro com empresas, seja a termo ou “forward”, e que hoje estão alijadas por disposição legal.

O governo permitiu que o país construísse um sofisticado mercado de futuros/derivativos e não implementou avanços no mercado de câmbio físico, deixando-o em descompasso com a evolução econômica ocorrida no Brasil, e com isto parte relevante de operações que podem ser realizadas no mercado de câmbio físico, ainda mais por termos um fluxo cambial favorável que impõe dependência de que o BC atue mais intensamente do que deveria para esterilizar os excedentes, são realizadas em BMRF.

Quanto mais o mercado de câmbio físico for aperfeiçoado, mais próximo da formação da taxa cambial equilibrada estará o nosso câmbio flutuante, por estar menos submisso ao mercado de derivativos, e, naturalmente, considerando que o governo efetivamente deixe de utilizar o câmbio como instrumento coadjuvante ou complementar a estratégia de controle inflacionário.

Portanto, o fato dos leilões de compra a termo do BC, até pelos prazos curtíssimos, não ter provocado elevação da taxa cambial não deve causar nenhum desapontamento, pois, afinal, acreditamos, não seja este o objetivo prioritário.

Contudo, continua nos preocupando, se dinamizado, os leilões de “swaps cambiais reversos”, que aliviam pressões no mercado de cupom cambial-DDI, mas que na ponta tem um poder demolidor da taxa cambial dada à indução implícita na forma de remuneração às partes, a apreciação do real pelos bancos. E, que não se diga que agrega “riscos”, visto que o cenário prospectivo não enseja temores semelhantes ao que ocorreu com a crise de 2008.

Continuamos entendendo que esta é uma operação onerosa ao erário público e que não atinge o objetivo teórico.

A inflação medida pelo IPC-S da FGV em janeiro veio forte atingindo 1,27%, porém há uma avalanche de ajustes e reajustes neste período do ano e despesas pontuais como matrículas escolar e compra de material, e, não é de causar estranheza a grandeza do numero, ainda mais que um grande número de reajustes ocorre pelo IGP-M, quase o dobro do IPCA, que é o índice oficial de inflação do governo.

É extremamente necessário e urgente que se debata esta questão das “inúmeras inflações” no país, buscando a convergência para a utilização para os reajustes dos preços da economia a um único indicador.

O anúncio de que a DP brasileira atingiu R$ 1,69 Tri em 2010, com crescimento de 13,15%, algo como R$ 200,0 Bi, deixa evidente o baixo rigor fiscal por parte do governo, que depois recorreu a inúmeras mágicas contábeis para não ter que divulgar um superávit primário desastroso. Foi a maior alta desde 2001.

No exterior, o foco sobre a crise política no Egito continua, mas parece que seus possíveis efeitos já estão precificados, razão pela qual o mercado global procura restabelecer o otimismo, principalmente a partir dos dados americanos, divulgados ontem, que evidenciaram que a sociedade americana parece ter acelerado os gastos pessoais, que ficaram acima das projeções.

Este é um dado fundamental nos Estados Unidos, já que o seu PIB é dependente 70% do consumo interno. Mas hoje se espera dados de atividade industrial e se mantém muito foco nos dados sobre o emprego que será divulgado ao final da semana.

O Euro estava cotado a US$ 1,3741. O petróleo a US$ 91,21 o barril na Nymex e os T-Bills de 10 anos estavam abrindo a curva de juros para 3,43% após 3,38% ontem.

 

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