O mercado financeiro brasileiro convive com incertezas inerentes ao período de transição, não mais sobre nomes, mas sim sobre as atitudes dos atuais e dos novos gestores da política econômica brasileira. Pressões inflacionárias presentes…
O mercado financeiro brasileiro convive com incertezas inerentes ao período de transição, não mais sobre nomes, mas sim sobre as atitudes dos atuais e dos novos gestores da política econômica brasileira.
Pressões inflacionárias presentes sugerem medidas que podem determinar uma nova elevação da SELIC, como habitual nestas circunstâncias, pela atual em dezembro ou então pela nova equipe do COPOM, logo em janeiro.
Contudo, se ficar para a nova equipe, esta poderá optar por estratégias atreladas ao discurso que vem antecipando de fortes cortes nos gastos públicos ao invés da alta do juro, contrariando a lógica, atribuindo a causa prevalecente da inflação às pressões externas sobre o item alimentos, que não se sensibilizaria com a alta da taxa SELIC. Importante observar que este é um aspecto salientado pelo Ministro Mantega, que continuará como Ministro da Fazenda no novo governo.
O mercado futuro de juro sobe no curto e cai no longo prazo, demonstrando que aguarda alta da SELIC, seja em dezembro ou em janeiro.
Nada pode ser descartado, e não se pode colocar fora do foco, uma atitude da nova equipe econômica desalinhada com a visão “viciada” do mercado financeiro, evidenciando que poderá buscar novas estratégias visando à contenção das pressões inflacionárias.
Certamente, um fato novo no modelo de gestão provocaria imprevisibilidades e isto poderia afetar os posicionamentos acomodados de especulação que predominam no mercado futuro de juro, cupom e câmbio, incluindo-se também o câmbio à vista, onde os bancos continuam com posições “vendidas”, estimuladas pelo próprio BCB.
O IGP-M divulgado hoje apurando 1,45% em novembro ante 1,01% em outubro, acumulando no ano 10,56% e nos últimos 12 meses 10,27%, ante uma projeção de IPCA para 2010 de 5,72% pelo Boletim FOCUS, deixa evidente que a existência de inúmeros indicadores adotados para corrigir o valores de nossa economia precisam ser reavaliados, pois com “diversas inflações” torna-se muito difícil a compatibilização das medidas de política monetária. Embora seja um tema que suscitará muitas discussões, nos pareceu oportuna a abordagem deste assunto, recentemente, pelo Ministro Mantega.
No que diz respeito ao dólar, o preço parece com baixo risco de afastar-se do eixo de conforto para o governo que se encerra, entre R$ 1,70 a R$ 1,75, com as medidas fiscais adotadas inibindo uma queda maior e com a atuação de contenção da alta do BCB com seus leilões de compra acima do fluxo cambial inibindo a alta.
A política cambial deverá ser alterada pelo próximo governo, mas isto ocorrerá normalmente se cumprir a política de contenção de gastos e redução do juro, permitindo que sejam “quebradas” as amarras da mesma à política monetária como “coadjuvante” na estratégia de contenção da inflação.
No cenário externo, o negativismo ainda predomina e se acentua em relação à situação dos países periféricos da eurozona,e, mesmo as ajudas financeiras já não são bastante para reverter o ambiente.
O Euro desvaloriza-se ante o US$ valendo em torno de US$ 1,31, o que continua indicando que a teoria da “guerra cambial” era conspiratória e o mercado continua formando o seu preço com base nos fundamentos das economias, como ficou relativamente preconizado quando o Presidente Nixon, em 1971, rompeu unilateralmente o Acordo de Bretton Woods.
Se por um lado a queda do Euro dá evidência a fragilização da economia da eurozona, afetada pelos países periféricos em difícil situação fiscal, por outro potencializa a capacidade exportadora dos países que integram a comunidade.