Hoje é dia do PTax que vai prevalecer para as operações vincendas em 1º de novembro, e como a predominância dos principais “players” na BM&FBovespa é o posicionamento “vendido”, é natural que ocorra a pressão visando a apreciação do…
Hoje é dia do PTax que vai prevalecer para as operações vincendas em 1º de novembro, e como a predominância dos principais “players” na BM&FBovespa é o posicionamento “vendido”, é natural que ocorra a pressão visando a apreciação do real.
Este é um movimento pontual e puramente defensivo de interesses e conveniência.
Contudo, não se deve esperar, além do suporte que as medidas adotadas pelo MF e BCB passaram a dar ao preço da moeda americana no entorno de R$ 1,70 ou pouco mais, mudanças substantivas na formação do preço cambial.
Nos parece evidente que o BCB esta num “corner”, com o qual deverá conviver discretamente, já que há baixa percepção pela grande maioria das suas estratégias mixando política cambial e política monetária, que conduzem o real a apreciação sistêmica e não há como alterar esta conduta neste final de governo.
Por outro lado, o discurso mais incisivo por parte do MF demonstre “sérias preocupações” com a apreciação excessiva do real, ignorando que esta tem sido uma dinâmica incentivada pelo próprio BCB para controlar a inflação e buscando transferir a total responsabilidade aos Estados Unidos, transformou-se na prática em normativos cerceadores da atuação dos especuladores no ambiente do mercado de derivativos na BM&F e foram compartilhados, também, pelo BCB.
Esta é uma ambiguidade da qual o BCB certamente não conseguirá se livrar neste governo.
O COPOM sinalizou pressões inflacionárias de curto prazo e este fato deve acentuar-se até o final do ano, e sabidamente aumento de juro SELIC neste momento não provocaria retração nesta realidade, dado que a relação causa-efeito matura em 6 meses. A receita é continuar utilizando o dólar depreciado para comprimir as pressões inflacionárias, já que as consequências são imediatas.
Então o BCB tem a necessidade absoluta de manter o real apreciado e evitar que ocorra recuperação do preço da moeda americana, pois este é o seu único antídoto imediato, já que não parece disposto a tomar medidas de forte retração ao crédito neste período final do atual governo, coincidente com os festejos natalinos.
Isto implica em não alterar limites de exposição do sistema bancário a riscos de transações com variação cambial, estimulando a manutenção das posições “vendidas” pelos bancos no mercado à vista.
A perspectiva para estes 2 meses finais do ano é de um cenário com maior demanda do que oferta no mercado cambial, já que devem acentuar-se as remessas de juros, lucros, dividendos e transferências de caixa, e, por outro lado não se espera incremento no fluxo de IED´s em volume expressivo e nem para renda fixa e/ou variável a ponto de compensar a demanda. Este cenário, se confirmado, determinará uma pequena depreciação do real.
Mas, pelo menos em prol de uma menor volatilidade e especulação, o BCB poderia colocar já em prática a nova formulação de cálculo da PTax que envolve média aritmética de 4 tomadas de indicativos diários da taxa cambial.
A rigor, percebemos que o MF permanece focando somente este governo e surpreende com declarações de que gastança não gera inflação e não impacta no preço do dólar, etc. enquanto o BCB já está falando sobre o futuro, sugerindo austeridade fiscal e conflitando com o MF por não aceitar a maquilagem contábil para inflar o superávit primário, e destacando que a contratação de 110 mil servidores públicos em 4 meses pode aumentar as pressões inflacionárias.
Como se vê não é só no câmbio que há desalinhamentos aparentes, com o MF querendo recuperar o preço do dólar com grande ansiedade e poucos instrumentos, já que estes envolvem políticas corretas de médio e longo prazo como aumento de poupança fiscal, redução do juro, reformas, etc. e o BCB precisando manter o real apreciado para não deixar a inflação sair de controle no curto prazo.
O fato é que é crescente a convicção de que “nada do que foi será” na política monetária e cambial no novo governo que assumirá, seja quem for, pois serão inevitáveis reformas e rigor fiscal, e isto passa pela necessidade de que o câmbio deixe de ser usado como “âncora” para conter pressão inflacionária e o crédito seja menos incentivado para evitar-se uma “bolha” de graves consequências.
Poupança fiscal, juros compatíveis com um país “investment grade”, menos tributos ao setor produtivo, etc. cardápio clássico para um crescimento efetivamente sustentável e não, por vezes, mais festivo mas com pés de barro.
Recentemente, dois renomados economistas estrategistas cunharam uma boa definição para o risco, caso nada mude: LENTO RETROCESSO. Extremamente pontual!
Tudo começará a ficar mais claro em perspectiva após o resultado das eleições deste final de semana. Conhecendo nomes poder-se-á projetar atitudes de gestão.
No cenário externo, a expectativa em relação às decisões que serão anunciadas pelo FED no dia 3 de novembro, passando pela eleição congressista em 2, colocam em linha secundária todo e qualquer fato novo nos Estados Unidos.
Insinuaram que o “quantitative easing 2” poderá ser de US$ 500,0 Bi injetados no mercado com compras de papéis longos do sistema financeiro, e o dólar voltou a fraquejar ontem frente às principais moedas.
O humor do mercado americano está volátil e mutante, contaminando todo o cenário global e isto só será superado com a divulgação efetiva das ações pelo FED no dia 3 próximo, já tendo sido antecipado que a autoridade monetária americana não vê riscos de deflação.