A Ata do Copom evidencia preocupação com a deterioração da inflação no curto prazo, destacando as pressões do item alimentos, sem perder as percepções positivas. Enfim, não muito diferente das anteriores “o tempo merece observação…
A Ata do Copom evidencia preocupação com a deterioração da inflação no curto prazo, destacando as pressões do item alimentos, sem perder as percepções positivas.
Enfim, não muito diferente das anteriores “o tempo merece observação, se chover utilizaremos o guarda-chuva”.
Nos parece que a despeito das inúmeras colocações contidas na Ata, a taxa SELIC deste governo está dada e será mantida também na reunião de 7 de dezembro, até porque qualquer alteração somente iria repercutir a partir do próximo ano, quando já teremos novos governantes e possivelmente novas diretrizes de controle de inflação e câmbio.
Os sinais de pressões inflacionárias de curto prazo devem estar criando sério desconforto ao BCB, visto que sendo praticante da mixagem de política monetária com política cambial ao longo do atual governo, que resulta num dólar depreciado de forma sistêmica e intencional, do qual se vale como antídoto importante Às pressões inflacionárias, mais efetivo do que a taxa de juro SELIC, precisaria alterar a sua dinâmica indutora a apreciação do real para alinhar-se com as suas próprias normas recentes e do MF no sentido de conter dita apreciação.
Isto implicaria em alterar a atitude operacional nos seus leilões de compra diários no mercado de câmbio à vista, em que continua persistindo em retirar mais dólares do que o excedente do fluxo cambial suporta, com o claro propósito de induzir os bancos a constituírem posições “vendidas” no mercado à vista, e, a partir das mesmas, atuarem focando a apreciação do real, que é ótimo para os bancos que conseguem captar reais a custos quase zero, senão zero, e o BCB controla a inflação ao incentivar as importações, já representam 20% do consumo do país, inviabiliza as exportações de não agrícolas que assim focam o consumo mercado interno e ficam com seus preços contingenciados pelos concorrentes estrangeiros.
Alinhar-se com as medidas recentes implicaria em deixar de utilizar esta estratégia indutora de apreciação do real, que é acobertada pelo sofisma de que tudo decorre do fluxo cambial.
Mas, como conter as pressões de curto prazo inalcançável por uma alta de juro, se abrir mão do instrumento dólar depreciado?
Por isso, o BCB continua persistindo e neste mês de outubro em que o fluxo cambial está positivo em US$ 4,3 Bi, já retirou mercado US$ 6,6 Bi, elevando as posições “vendidas” dos bancos no mercado à vista para US$ 14,7 Bi.
Este é um modelo já superado de controle de inflação por já ter se tornado danoso a indústria nacional, ameaçando a economia com desindustrialização efetiva, que na ponta levará a perda de emprego e renda. É bom para o consumo que aumenta a arrecadação do governo, que gasta muito e poupa quase nada, mas que pode provocar uma ressaca forte.
Certamente não será repetido pelo novo governo, mesmo sendo da situação, pois é imperativo que o país controle inflação, juro e câmbio com disciplina fiscal rigorosa, reformas, investimentos estruturais, etc.
Assim, o país não precisará ficar criando barreiras para impedir que o “lixo financeiro” global busque por aqui a rentabilidade oportunística, que nada constrói e só trás riscos de movimentos abruptos, especulativos e volatilidade.
O IGP-M de outubro “desacelerou” para elevados 1,01% em outubro após 1,15% em setembro.
No ano acumula 8,98% e nos últimos 12 meses 8,81%.
O comportamento do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio, pós medidas normativas recentes, sinaliza que conseguiu criar um piso de sustentabilidade acima de R$ 1,70, permitindo uma visão de que “não cairá mais além disto”.
Subir? Gradativamente sem explosões!
Há posicionamentos no mercado futuro/derivativos que estão buscando amoldar-se ao novo cenário pós-normas e isto é notório quando se acompanha a redução das posições líquidas “compradas” e “vendidas” na BM&F. Naturalmente, o nível de liquidez foi afetado com os normativos, o que sugere que o ajuste seja cauteloso, pois com pressa impulsionará o preço do dólar para alta como consequência da pressão.
O que se tem observado é um movimento diário em “onda”, cai na abertura e recupera à tarde, quando a busca dos ajustes se intensifica.
Como o “quantitative easing 2” americano sinaliza que não será tão expansivo como já precificado na desvalorização do dólar no mercado internacional, ocorreu uma recuperação de preço da moeda americana ante as demais moedas fortes e este foi um fator que exerceu uma certa pressão nos “players” na BM&F e ontem então houve alguma precipitação para ajustar posições e isto repercutiu no preço do dólar que subiu até pouco mais de R$ 1,72.
O humor do mercado anda querendo repercutir dados da economia americana, mas a ansiedade em relação às decisões do FED no dia 3, passando pela eleição do dia 2, acabam prevalecendo.
Já há convicção de que o novo incentivo não será trilionário, tão somente bilionário, mas ninguém sabe o quanto. Se os republicanos vencerem as eleições dia 2, Obama terá menos espaço para benesses, e se o “quantitative easing 2” vier muito inferior as piores expectativas, o dólar poderá recuperar os excessos da precificação e se valorizar ante as moedas fortes. Isto é o desejável pela platéia “global” que vem sendo prejudicada pela fragilização da moeda americana.
A nossa BOVESPA vai na onda e nem mesmo o lucro expressivo da Vale a leva a sustentar-se em alta volatilidade.
Por isso, consideramos que seja tempo de observar mais e agir menos, pois eleição no Brasil em 31 seja quem for o vencedor acreditamos que devem ocorrer mudanças de conduta na política monetária e rigor fiscal; eleições no dia 2 nos Estados Unidos com perspectiva de derrota no congresso do Presidente Obama, com aumento da bancada republicana; e, reunião extremamente focada do FED no dia 3, que pode ter impactos no comportamento do mercado global, sugerem cautela.