Análise do Mercado – 27/11/2012

O preço da moeda americana está dado pelo Banco Central do Brasil para um novo período, sendo a banda cambial agora de R$ 2,05 a R$ 2,10, uma elevação que focou diretamente estabelecer um incremento a mais e imediato à indústria brasileira, colocada como prioridade  a despeito dos riscos de eventual aquecimento das pressões inflacionárias.

 

 

Acreditamos que se o preço ficar até o intermediário da banda, algo como R$ 2,08, é muito provável que o BC faça oferta para rolagem, contudo, se estiver muito próximo do topo da banda de R$ 2,10, certamente o BC promoverá a liquidação, não rolando e quebrando a pressão altista.

A despeito do Presidente Tombini, do BC, ter afirmado que não há banda, é inquestionável que há, e, não poder-se-ia esperar da autoridade monetária pronunciamento diferente, ou seja, afirmativo de que há banda. O Ministro Mantega, fiel ao seu estilo e não tão discreto, afirmou anteriormente que o regime cambial atual é “flutuante sujo”, colocando um ponto final nesta questão, embora fosse perceptível por todo mercado.

Na nossa percepção o movimento gradual de ajuste do preço da moeda americana no nosso mercado ocorrerá doravante com a observação do comportamento da inflação, num movimento pendular.

Há algumas precipitações na colocação de ajustes no preço do dólar, como R$ 2,30, R$ 2,45, etc. sem situá-los no tempo e isto acaba por causar repercussões absolutamente desnecessárias. O preço de R$ 2,30, agora ressuscitado pela Nomura faz parte do discurso antigo do Ministro Mantega sobre o preço ideal, portanto não é algo novo, e o R$ 2,45 do “Observatório do Câmbio” da FGV já foi explicitado em estudo técnico apresentado a vários meses.

O preço de R$ 2,30 é factível para o final do ano de 2013, conduzida a este ponto de forma administrada. Contudo, não devemos descartar pressões sobre a formação do preço advindas de um fluxo cambial menos favorável, como por nós projetado para 2013.

No que diz respeito à taxa SELIC, atualmente em 7,25%%, baixa considerado o nível de inflação presente, que será objeto da reunião do COPOM que se inicia hoje e será encerrada amanhã, acreditamos na manutenção e, não só isto, temos a convicção de que prevalecerá até o final de 2013.

2013 tende a ser um ano de maior complexidade do que 2012.

O governo americano ainda revela dificuldades de alinhar a superação do “abismo fiscal”, que se constitui numa ameaça real ao desempenho macroeconômico dos Estados Unidos, e, mesmo que um acordo seja alcançado já esta claro que os republicanos não darão “vida fácil” ao Presidente Obama e isto poderá retardar ritmo melhor para a atividade econômica.

A Europa e a euro zona continuam fazendo acordos em torno da Grécia, cujos objetivos são tão somente evitar a quebra imediata do país, mas que tem baixíssima perspectiva de que venham a ser cumpridos. Afora este problema crucial, há os demais países periféricos em situação de aperto e os países lideres em situação de pouco entusiasmo em seus ritmos de atividade econômica.

E há muito otimismo em relação a recuperação da China, que por ser um país processador de matéria prima em produto acabado, predominando o modelo exportador, certamente enfrentará problemas para sustentar sua dinâmica econômica dada a sua relevante dependência dos países tidos como desenvolvidos, o que causará efeitos negativos nos países emergentes.

Desta forma, devemos esperar pouco do cenário externo, provavelmente mais para pior do que para melhor, por isso é imprescindível que o governo brasileiro foque com rapidez e eficiência os interesses da indústria nacional, para que recupere seu ritmo de investimentos, crescimento, geração de emprego e renda.

Ademais, será preciso rigor na gestão do gasto publico por parte do governo para que tenha condições de suportar uma politica anticíclica para estimular o setor produtivo como um todo, visto que o modelo de estimular o consumo com crédito tende a ficar vulnerável se o país não crescer, pois o risco de redução da geração de emprego e renda poderá precipitar e encurtar o trajeto para uma inadimplência maior.

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