Em linha com as nossas colocações da sexta feira, a taxa cambial ultrapassou o novo teto de R$ 2,10 indo quase a R$ 2,12 e, então o BC realizou um agressivo leilão de “swap cambial”, ofertando como previsto para vencimento em 3 de dezembro, o lote total de 62.500 contratos, abrindo a possibilidade da liquidação antecipada de igual posição vincenda naquela data de “swaps cambiais reversos”.
Alguns precipitados viram a banda alta colocada em R$ 2,15 e já há inúmeras colocações para 2013 com previsões as mais diversas até um topo de R$ 2,45.
Neste momento, o processo de mudança de patamar da banda tem que ser gradual, visto que na contra ponta da alta existem empresas que estão expostas com passivos em moedas estrangeiras, sendo que uma elevação muito brusca no que busca beneficiar a indústria, se muito exacerbada acaba causando danos a inúmeros segmentos, inclusive à própria indústria que, em tese, esta sendo estimulada para aumento de competitividade no mercado externo e no mercado interno, na medida em que encarece o produto importado concorrente.
E, além disto, os impactos da alta do dólar são inegáveis aquecendo as pressões inflacionárias.
Portanto, no quesito câmbio a liberação da banda cambial para maior ocorrerá certamente, mas com cautela e de forma gradual.
No assunto câmbio, por enquanto, o novo teto está dado R$ 2,10. Sendo, contudo, necessário que o governo evite a volatilidade para passar confiança ao setor industrial a respeito do novo preço intermediário para que possa viabilizar seus negócios.
Nesta semana ocorre a reunião do COPOM, que deverá decidir pela manutenção da SELIC em 7,25% aa., esta provavelmente mais duradoura do que o dólar com teto de R$ 2,10.
Entendemos que, face ao ambiente extremamente nebuloso no cenário internacional, o foco do governo é rigorosamente o interesse nacional para enfrentar este quadro, portanto os preços do câmbio e do juro estão dados, imunes a qualquer influência externa.
Embora se propague de forma otimista projeções benignas para o ano de 2013, é notório que entre os anseios e a realidade há uma considerável distância, e o governo, embora mantenha o discurso altamente positivo, sabe bem disto e dos desafios que encontrará no próximo ano.
O Brasil tem absoluta necessidade de buscar um crescimento melhor do que neste 2012, caso contrário emprego e renda podem ser ameaçados em sua dinâmica e comprometer a estratégia, já muito contestada e com credibilidade ameaçada, de fazer o país crescer com base em consumo fomentado a crédito.
O governo precisa que a indústria seja reanimada e passe a investir, produzir, gerar emprego e renda, e assim contribuir para o crescimento do PIB. O nível de emprego esta sendo mantido pelo setor de serviços e construção civil que geram renda baixa para muitos e pouco agregam ao crescimento do PIB.
O BC tem mantido a sua convicção de que a inflação convergirá para a meta e, acreditamos que, a partir da confirmação deste fato que é muito contestado pelos analistas do mercado financeiro, poderá ocorrer um movimento pendular: Inflação se ajustando e banda cambial se elevando gradualmente.
Se a convergência da inflação ocorrer como o BC prognostica, certamente a taxa SELIC de 7,25% deverá prevalecer ao longo de 2013.
Mas, ainda em relação ao câmbio, há com que se preocupar e observar em relação a 2013.
O país tende a se mostrar em 2013 com menor atratividade do que 2012 e muito menos do que 2011 para IED´s e investimentos em renda fixa e renda variável. Além disto, tem impedimentos técnicos para a tomada de empréstimos por empresas brasileiras no exterior, seja pelo prazo seja pelo tributo elevado de 6% e, também há uma limitação para os pagamentos antecipados das exportações a 360 dias.
Nosso fluxo cambial poderá não ser tão favorável e isto, por si só, pode impactar no preço da moeda americana, conspirando contra o gradualismo desejado da alta do preço.
Não vemos o governo com potencial de dar curso a uma politica contra cíclica forte, visto que no governo anterior e também neste, não estocamos poupança para dar suporte a necessidade presente de reduzir severamente tributos com o objetivo de estimular a economia como um todo e, não da forma “pinga gotas” e para alguns setores que na grande maioria das vezes não são unanimidades.