A percepção acentuada sobre os efeitos das medidas recentes do MF e do BCB atingindo o mercado de câmbio brasileiro, quer no segmento à vista, quer no mercado futuro/derivativos, é de que foi dada sustentabilidade a taxa cambial no…
A percepção acentuada sobre os efeitos das medidas recentes do MF e do BCB atingindo o mercado de câmbio brasileiro, quer no segmento à vista, quer no mercado futuro/derivativos, é de que foi dada sustentabilidade a taxa cambial no entorno de R$ 1,70 a R$ 1,71.
Naturalmente, as medidas sugerem a ocorrência de desmonte de posições no mercado futuro e derivativos, porém os “players” vêm demonstrando sensatez nesta dinâmica para não causar impactos maiores no preço da moeda americana, considerando também que, com as medidas impostas, ocorre natural queda da liquidez.
Assim, o que tem sido percebido é que sempre que se intensifica um movimento, normalmente à tarde, a taxa cambial revela alguma recuperação consequente de pressões pontuais.
Porém, há um cenário de curto prazo extremamente relevante que poderá ter reflexos diretos no mercado de câmbio.
No Brasil, dia 31, definição da eleição presidencial; nos Estados Unidos dia 2 eleições congressistas e no dia 3 reunião do FED.
A eleição do dia 31 no Brasil, caso ocorra a vitória da situação, permitirá que o MF e BCB adotem medidas complementares, agora focando os nacionais, no contexto do mercado de câmbio e, possivelmente, na própria dinâmica de intervenções do BCB no mercado à vista.
A eleição do dia 2 nos Estados Unidos vem acentuando indicativos de que os republicanos poderão levar vantagem sobre os democratas, e esta perspectiva fragiliza o denominado “quantitative easing 2” que poderá não ocorrer ou ocorrer em números mais modestos, ou seja as benesses serão menores.
Esta percepção vem provocando uma relativa valorização do dólar antes as moedas fortes, visto que já havia precificado considerando um “quantitative easing 2” extremamente generoso promovendo “inundação de dólares” no mercado financeiro, com consequente desvalorização intensificada do dólar.
A reunião do FED no dia 3, espera-se, será fortemente influenciada pela decisão das eleições do dia 2, e dará os indicativos efetivos sobre o eventual “quantitative easing 2” e sua dimensão, passando então do pressuposto ao real e os mercados financeiros globais repercutindo o fato nos preços dos ativos, inclusive moedas.
O cenário global, incluindo-se o interno brasileiro, sugere mais observação e menos ação/movimentação pois o que há pendente de definição tem alta potencialidade de interferir nos comportamentos dos mercados financeiros .
Certamente, o MF e o BCB deverão adotar novas medidas de interferência no mercado de câmbio, mais intensas ou menos dependendo do cenário resultante dos eventos previstos interna e externamente até o dia 3.
Tendo em vista a persistência do contraditório por parte do BCB, que “comprando” do mercado à vista mais dólares do que o excedente do fluxo cambial mantém a sua dinâmica indutora de apreciação do real, frontalmente contra os objetivos das medidas recentes, sugere que se realinhe com os objetivos mais recentes e limite as suas intervenções a retirar somente o excedente do fluxo, não sem antes reduzir suas compras para que os bancos revertam suas posições “vendidas” a niveladas ou ligeiramente “compradas”.
Neste mês o fluxo cambial é positivo em US$ 4,3 bi até o dia 22. Contudo, o BCB retirou do mercado à vista com seus leilões diários de compra US$ 6,6 bi. Como consequência os bancos elevaram as posições “vendidas” para US$ 14,7 bi.
É uma decisão importante de alinhamento de diretrizes, até para validar a intenção de dar suporte a taxa cambial da moeda americana, eliminando manipulações. Contudo, como o BCB tem de longa data misturado política cambial com política monetária focando o real apreciado para controle das pressões inflacionárias, é, inegavelmente uma decisão importante e difícil pois o preço da moeda americana poderia recuperar preço de forma mais intensa e conspirar contra o controle da inflação, principalmente nos 2 últimos meses do ano.
No quesito manipulação o BCB deveria também colocar, de imediato, a nova formulação de calculo do PTax, média aritmética de 4 tomadas de preços diárias, prevista para entrada em pratica a partir de janeiro e em termos efetivos a partir de julho de 2011.
Outro aspecto, é reduzir os limites de exposição dos bancos a operações com variações cambiais.
Nesta fase de transição de governo interno e de turbulência no comportamento das políticas monetárias e cambiais das principais economias mundiais, é extremamente relevante que o Brasil seja prudencial.
Até porque, sabidamente US$ 280,0 Bi de reservas cambiais é excessivo para o Brasil, que continua comprando os excedentes e mais do que isto do fluxo cambial, não porque deseje elevar ainda mais as reservas, de custo de carregamento elevadíssimo para o país, mas sim porque não tem alternativa.