Análise do Mercado – 23/11/2012

Finalmente vamos ter leilões?

O comportamento do mercado de câmbio brasileiro sugere que é chegado o momento!

 

 

Se confirmar hoje este comportamento, tudo sugere que o BC realize um leilão de “swaps cambiais” em torno de 20/30.000 contratos de curtíssimo prazo, presumivelmente vincendos no 1º dia útil de dezembro, tecnicamente ofertando a liquidação antecipada de parte da posição vincenda na mesma data de “swaps cambiais reversos”.

Com isto, poderia buscar arrefecer a pressão altista instalada presente no momento.

Se não lograr sucesso no seu intento, então poderá fazer leilão de venda no mercado interbancário, moeda efetiva, a vista ou a termo, não nos parecendo que o comportamento do mercado seja receptivo a venda com compromisso de recompra.

Se tiver que realizar leilão de venda no mercado interbancário ficará claro que o fluxo cambial não está tão bom quanto sugere o mais recente número divulgado até o dia 16.

Como dissemos ontem, o mercado conduziu a taxa as proximidades do R$ 2,10 havendo fundamentos, mas ainda havia certo descrédito quanto a sua sustentabilidade, muitos ainda acreditavam no retrocesso e até chegaram a atribuir a causa ao excesso de feriados, etc.

A entrevista da Presidenta Dilma praticamente sancionou que a alta era, também, objetivada pelo governo, que se manteve ausente sem intervenções durante o período em que se desencadeou a pressão altista.

Portanto, da conjugação dos dois fatores, um oriundo do próprio mercado e suas circunstâncias e outro a vontade do governo, que não interferiu até que se consolidasse o novo patamar, ocorreu a transição para nova banda cambial.

Desde quando em outubro foi divulgado o comportamento pífio da indústria em setembro, retrocedendo 1% e acumulando no ano 3,1%, aventamos como factível a promoção da mudança do patamar da banda cambial pelo governo, como ultimo e derradeiro incentivo possível para o momento, visto que o juro já havia sido reduzido ao extremo, desoneradas as folhas de pagamento e já não existiam condições de novos incentivos com renuncia fiscal, já que o governo enfrenta dificuldades para atender o superávit primário.

Então restava a taxa cambial, mas o governo pode mais não pode tudo no momento em que deseja. Desta forma, o fluxo cambial negativo de US$ 3,8 Bi construído ao longo do mês de outubro, que levou a posição dos bancos no mercado a vista a vendidos em US$ 3,6 Bi, que impacta na formação do preço da moeda americana no mercado à vista e, por tabela nas taxas de juros dólar do mercado de cupom cambial, promoveram a alta da taxa cambial. E, o governo, desejoso que isto ocorresse, manteve distância não interferiu e deixou o fato e a tendência se consolidarem.

Uma grande parcela dos que analisam o mercado de câmbio academicamente não perceberam o comportamento do fluxo cambial e atribuíam que o preço se mantinha acima de R$ 2,00 por receio de interferência do BC, quando naquela altura já havia sustentabilidade a partir do próprio mercado.

Ontem, o Presidente do BC, Alexandre Tombini, pontualmente esclareceu que a taxa cambial mais elevada ajuda a indústria e, que o BC não hesitará em suprir o mercado de câmbio com liquidez, se isto for necessário. Aduziu ainda que ao final do ano é comum a retração do fluxo cambial positivo.

Portanto, não há mais dúvidas, por enquanto o piso alto da nova banda cambial é R$ 2,10.

O Presidente Tombini desmentiu que exista banda cambial, mas há certas coisas que não se pode esperar que autoridades confirmem por não ser recomendável.

Mas, por outro lado o Presidente mostrou-se firme ao demonstrar sua convicção de que a inflação fará a convergência para a meta, ponto de forte discordância dos vigilantes da inflação presentes no mercado financeiro.

Está tudo claro e bem esclarecido. Imaginar correlações com comportamentos das moedas no exterior é pura ilação, no Brasil o câmbio agora é administrado, focando os interesses nacionais, e pode ser chamado também de “flutuante sujo”, como definido pelo Ministro Mantega.

O fluxo cambial e a sua tendência precisam ser focados com extrema acuidade pelo governo, caso contrário podemos ter surpresas pouco agradáveis no ano de 2013. Entendemos que seja necessário afrouxar certas “amarras” impostas anteriormente.

Compartilhar :
plugins premium WordPress