Finalmente vamos ter leilões?
O comportamento do mercado de câmbio brasileiro sugere que é chegado o momento!
Se confirmar hoje este comportamento, tudo sugere que o BC realize um leilão de “swaps cambiais” em torno de 20/30.000 contratos de curtíssimo prazo, presumivelmente vincendos no 1º dia útil de dezembro, tecnicamente ofertando a liquidação antecipada de parte da posição vincenda na mesma data de “swaps cambiais reversos”.
Com isto, poderia buscar arrefecer a pressão altista instalada presente no momento.
Se não lograr sucesso no seu intento, então poderá fazer leilão de venda no mercado interbancário, moeda efetiva, a vista ou a termo, não nos parecendo que o comportamento do mercado seja receptivo a venda com compromisso de recompra.
Se tiver que realizar leilão de venda no mercado interbancário ficará claro que o fluxo cambial não está tão bom quanto sugere o mais recente número divulgado até o dia 16.
Como dissemos ontem, o mercado conduziu a taxa as proximidades do R$ 2,10 havendo fundamentos, mas ainda havia certo descrédito quanto a sua sustentabilidade, muitos ainda acreditavam no retrocesso e até chegaram a atribuir a causa ao excesso de feriados, etc.
A entrevista da Presidenta Dilma praticamente sancionou que a alta era, também, objetivada pelo governo, que se manteve ausente sem intervenções durante o período em que se desencadeou a pressão altista.
Portanto, da conjugação dos dois fatores, um oriundo do próprio mercado e suas circunstâncias e outro a vontade do governo, que não interferiu até que se consolidasse o novo patamar, ocorreu a transição para nova banda cambial.
Desde quando em outubro foi divulgado o comportamento pífio da indústria em setembro, retrocedendo 1% e acumulando no ano 3,1%, aventamos como factível a promoção da mudança do patamar da banda cambial pelo governo, como ultimo e derradeiro incentivo possível para o momento, visto que o juro já havia sido reduzido ao extremo, desoneradas as folhas de pagamento e já não existiam condições de novos incentivos com renuncia fiscal, já que o governo enfrenta dificuldades para atender o superávit primário.
Então restava a taxa cambial, mas o governo pode mais não pode tudo no momento em que deseja. Desta forma, o fluxo cambial negativo de US$ 3,8 Bi construído ao longo do mês de outubro, que levou a posição dos bancos no mercado a vista a vendidos em US$ 3,6 Bi, que impacta na formação do preço da moeda americana no mercado à vista e, por tabela nas taxas de juros dólar do mercado de cupom cambial, promoveram a alta da taxa cambial. E, o governo, desejoso que isto ocorresse, manteve distância não interferiu e deixou o fato e a tendência se consolidarem.
Uma grande parcela dos que analisam o mercado de câmbio academicamente não perceberam o comportamento do fluxo cambial e atribuíam que o preço se mantinha acima de R$ 2,00 por receio de interferência do BC, quando naquela altura já havia sustentabilidade a partir do próprio mercado.
Ontem, o Presidente do BC, Alexandre Tombini, pontualmente esclareceu que a taxa cambial mais elevada ajuda a indústria e, que o BC não hesitará em suprir o mercado de câmbio com liquidez, se isto for necessário. Aduziu ainda que ao final do ano é comum a retração do fluxo cambial positivo.
Portanto, não há mais dúvidas, por enquanto o piso alto da nova banda cambial é R$ 2,10.
O Presidente Tombini desmentiu que exista banda cambial, mas há certas coisas que não se pode esperar que autoridades confirmem por não ser recomendável.
Mas, por outro lado o Presidente mostrou-se firme ao demonstrar sua convicção de que a inflação fará a convergência para a meta, ponto de forte discordância dos vigilantes da inflação presentes no mercado financeiro.
Está tudo claro e bem esclarecido. Imaginar correlações com comportamentos das moedas no exterior é pura ilação, no Brasil o câmbio agora é administrado, focando os interesses nacionais, e pode ser chamado também de “flutuante sujo”, como definido pelo Ministro Mantega.
O fluxo cambial e a sua tendência precisam ser focados com extrema acuidade pelo governo, caso contrário podemos ter surpresas pouco agradáveis no ano de 2013. Entendemos que seja necessário afrouxar certas “amarras” impostas anteriormente.