Análise do Mercado – 26/07/2011

Estaria o mundo financeiro preparado e consciente dos relevantes impactos na ocorrência de efetivo “downgrade” americano?
Certamente não! Por isso, ainda mantendo a expectativa de que ocorra um acordo…

Estaria o mundo financeiro preparado e consciente dos relevantes impactos na ocorrência de efetivo “downgrade” americano?

Certamente não! Por isso, ainda mantendo a expectativa de que ocorra um acordo de última hora os mercados procuram não enfrentar frontalmente esta possibilidade, mantém a preocupação ao lado e ficam prospectando um ou outro fato positivo, que por mais relevante que seja seria insignificante ante uma efetiva derrocada dos Estados Unidos, se levado ao “default”.

Mercados “mais ariscos e oportunistas”, como o especuladíssimo mercado de seguro contra inadimplência denominado CDS-Credit Default Swap, já impôs severo risco aos Estados Unidos elevando o seu risco, no curto e longo prazo.

Se prevalecer o pensamento expressado pelo então Ministro inglês, Churchill, que os americanos primeiro fazem tudo que é possível de errado, para ao final fazerem a coisa certa, um acordo será consumado.

Além dos montantes, cortes, impostos, etc. envolvidos na discussão, a questão política prepondera, pois o Presidente Obama pretende um acordo até 2013, enquanto os republicanos não desejam conceder um “cheque em branco em tempos de eleição” que ocorre em 2012.

Volatilidade e expectativa, esta é a característica que deve prevalecer enquanto durar o impasse, acompanhado com intensa ansiedade. Este movimento tende a ser acentuado a partir de hoje provavelmente impondo alguns ajustes mais fortes do que vem sendo observado.

O dólar cai ante as principais moedas de países desenvolvidos, as bolsas americanas abrem “andando de lado” tendentes a volatilidade e queda, os T-Bills evidenciam existência de demanda com o recuo da rentabilidade “yeld” para 10 anos recuando para 2,99%, porém os papéis de 3 meses estão em queda abrindo a rentabilidade “Yeld” de 0,03% para 0,07%. O petróleo registra discreta alta, cotado a US$ 99,45 o barril na Nymex e o ouro está praticamente estável a US$ 1.611,30 a onça troy.

No Brasil, os “players” contumazes especuladores no mercado de derivativos conseguiram “encaixar” bem sua dinâmica no novo ambiente de formação da PTax pela média aritmética em 4 tomadas diárias diretas pelo BC de taxas junto aos “dealers”, no mercado físico a vista, e conseguem fortalecer bem a apreciação do real, buscando romper para baixo o preço de R$ 1,53.

Os bancos devem estar “vendidos” no mercado físico a vista em montante entre US$ 7,0 Bi a R$ 10,0 Bi, mas continuam fortemente “comprados” líquido no mercado de derivativos, algo como US$ 19,6 Bi e os “hedge funds” mantém no mercado de derivativos posição “vendida” líquida de US$ 22,2 Bi.

O Ministro Mantega, ao seu clássico estilo, antepondo-se a manifestação da Presidenta Dilma a respeito, voltou a asseverar que tem prontas medidas duras para o câmbio.

No ambiente presente, as ações do BC com leilões de compra diários tem pouco ou nenhum reflexo, visto que o problema da apreciação do real no pais não decorre do fluxo cambial, totalmente absorvido pelo BC, mas sim da manipulação especulativa presente no mercado de derivativos.

Nem mesmo os “swaps cambiais reversos” sugerem ocorrência de demanda efetiva, tendo em vista que a este nível de taxa cambial, dependendo do prazo, a valorização cambial poderia ficar acima da curva de juros no período, a menos que o BC concorde em pagar juros elevados na operação.

Mas mesmo assim, não acreditamos que estas atuações tenham qualquer influência na formação do preço da moeda americana em termos efetivos.

Sabidamente, o mercado de derivativos exerce forte influência na formação do preço no mercado a vista, o que não desmerece as medidas do BC de mudança de cálculo da PTax e a redução das posições “vendidas” a vista dos bancos, que foram medidas positivas e contribuíram para o aperfeiçoamento da transparência e afetaram a liquidez no mercado a vista com reflexos nos derivativos, sem contudo ter neutralizado brechas que restaram para que os derivativos continuem prevalecendo sobre o a vista.

Então, quando o Ministro Mantega alardeia novas medidas, só se pode esperar que foquem, se ocorrerem, o mercado de derivativos, já que medidas tributárias são vistas como oportunísticas para arrecadar e, a rigor, não tem qualquer impacto na formação do preço, servindo para, ao conter fluxo, inibir o crescimento das reservas cambiais brasileiras, já que para tanto o governo precisa elevar a DP e tem um custo considerável de “carregamento” dos valores agregados as reservas, aliás como no todo.

O desejável é que houvesse o aperfeiçoamento da operacionalidade do mercado físico de câmbio brasileiro, um avanço necessário para o aperfeiçoamento, abrindo-o para as operações futuras a preços futuros.

No oposto, seria o retrocesso para o sistema de taxa Administrada, do qual nos afastamos de forma prematura visto sermos um pais sem poupança, passando ao denominado Flutuante, bom em alguns momentos e péssimo em outros, como no caso brasileiro que no meio de uma crise substantiva no cenário global, tem uma economia em situação melhor do que as mais atingidas pela crise de 2008, mas pratica uma taxa de juro absolutamente incompatível com o seu perfil.

Resta aguardar o desenrolar da cena americana, torcendo para que Churchill acerte, e tendo em mente que a diferença entre o “remédio e o veneno” pode estar em detalhes, assim podemos estar às vésperas de movimento de euforismo ou de depressão dos mercados.

Como o Brasil não é uma ilha, certo é que para o bem ou para o mal teremos reflexos por aqui.

 

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