Parece iminente a adoção pelas autoridades monetárias de novas medidas macroprudenciais focando um aperto maior na liquidez do sistema financeiro, com o intuito de reprimir, mais intensamente, o crédito ao consumo, que ainda perdura…
Parece iminente a adoção pelas autoridades monetárias de novas medidas macroprudenciais focando um aperto maior na liquidez do sistema financeiro, com o intuito de reprimir, mais intensamente, o crédito ao consumo, que ainda perdura aquecido, mesmo depois das medidas adotadas nesta linha em dezembro de 2010.
Certamente, estas medidas deverão atingir os empréstimos em moeda estrangeira de curto prazo, que vem respondendo por grande parte do fluxo cambial exuberante que está sendo registrado neste 1º trimestre. Estes ingressos estão irrigando a liquidez do sistema financeiro e a sua intensidade confronta com a política monetária do governo, comprometendo a sua maior eficácia.
Como temos salientado, tudo leva a crer que o IOF de 5%, aplicado atualmente para os empréstimos estrangeiros até 90 dias, tenha o prazo de incidência dilatado para 12 meses ou até mesmo 18 meses, sendo mantida a alíquota vigente.
Mas não é só esta janela que está no foco do governo, os IED´s que também ganharam volume neste 1º trimestre estão sendo melhor avaliados pelos órgãos governamentais, pois podem estar sendo utilizados como rota para obtenção da isenção de IOF, cujo destino final seria aplicações no mercado financeiro.
Poderemos ter alguma exigência de permanência mínima dos IED´s ingressados no país, o que espantaria os que estão ingressando fora do propósito, mas não causaria retração nos que efetivamente tem o destino para investimento produtivo.
Desta forma, as autoridades estariam “cercando” os fluxos de capitais estrangeiros que contrariam os propósitos da política monetária atual.
Estas medidas seriam fundamentalmente de política monetária, pois afetariam a liquidez do sistema financeiro, de vez que, mesmo reduzindo o fluxo cambial, pouco ou nada influenciariam a formação do preço da moeda americana no nosso mercado, porém aliviariam o BC da obrigação de realizar leilões de compras no mercado físico, elevando as reservas cambiais, que têm um custo financeiro expressivo de carregamento.
Outras medidas elevando os depósitos compulsórios e prazos de financiamentos/empréstimos não estão descartadas.
Urge que o governo coloque de forma mais incisiva sua disposição de conter a inflação e com isto conseguir reverter as expectativas inflacionárias atuais.
Pelos dados de fluxo cambial divulgados ontem pelo BC, data base 18 e critério câmbio liquidado, o superávit é recorde ao atingir US$ 11,7 Bi no mês e US$ 34,6 Bi desde o início do ano. O BC retirou do mercado no mês corrente US$ 7,4 Bi. Há posições em aberto de câmbio a termo da ordem de US$ 820,0 MM. Desta forma, as posições vendidas dos bancos que atingiam US$ 12,7
Bi na virada para março, ficaram reduzidas para US$ 9,177 Bi. O Presidente do BC em sua fala na 3ª feira mencionou que os bancos estão “vendidos” menos do que US$ 7,0 Bi, um dado mais recente.
Importante destacar que do fluxo cambial ocorrido no ano, até o dia 18, de US$ 34,6 Bi, o montante de US$ 30,9 tem natureza financeira, e este é o ponto de desconforto para o governo, já que é composto predominantemente por empréstimos de curto prazo e IED´s, que estão sendo objeto de observação por parte das autoridades.
No mais, para o câmbio não temos expectativas de mudanças, entendendo que o dólar continuará oscilando entre R$ 1,65 a R$ 1,67.