O mercado financeiro mantém certa expectativa de que hoje possam ser anunciadas medidas macroprudenciais, envolvendo inclusive tributação sobre os empréstimos estrangeiros de curto prazo, que têm tido acentuada participação injetando…
O mercado financeiro mantém certa expectativa de que hoje possam ser anunciadas medidas macroprudenciais, envolvendo inclusive tributação sobre os empréstimos estrangeiros de curto prazo, que têm tido acentuada participação injetando liquidez que vem sustentando a continuidade da concessão de crédito para o consumo, o que vai frontalmente contra a linha atual de política monetária do governo.
A elevação do IOF de 2,0%+0,38%, incidente sobre os gastos externos com cartões de crédito promovidas pelo governo, para 6,0%+0,38% tem caráter diretamente arrecadatório e deve ser a efetivação da manifestação anterior do Ministro Mantega de que para reajustar a tabela do IR em 4,5% precisaria criar novos tributos para a compensação.
O cenário prospectivo até o final do mês, quarta-feira próxima, sugere que o preço da moeda americana possa sofrer pressões baixistas, já que há posições vincendas de “câmbio a termo” e “swaps cambiais reversos” que, embora não tenham montantes exuberantes, são indutores à apreciação do real. Além deste fato, há os posicionamentos no mercado à vista e no mercado futuro de dólar, onde se verificam a predominância das posições “vendidas”, que também são indutoras à apreciação do real.
Hoje, dia 25, ocorre o vencimento de US$ 250,0 MM de câmbio a termo, e, na segunda dia 28, mais US$ 570,0 MM. Ao final do mês aproximadamente US$ 800,0 MM em “swaps cambiais reversos”. Todos induzem os bancos a apreciar o real.
E mais, os bancos estão “vendidos”, segundo dito pelo Presidente do BC, em torno de US$ 7,0 Bi, porém estão “comprados” no mercado futuro de dólar em US$ 1,2 Bi e no cupom cambial mais US$ 6,7 Bi, o que os deixa praticamente nivelados. Porém, os “hedge funds” estrangeiros estão “vendidos” US$ 5,4 Bi no mercado futuro de dólar e mais US$ 8,8 Bi no cupom cambial, o que os motivará a forçar a apreciação do real.
A busca de uma Ptax favorável no final do mês, preço do dólar menor, certamente levará os “players” a forçar a apreciação do real, pois há prevalência de posicionamentos “vendidos” e ocorrência de vencimentos de “swaps cambiais reversos”.
Os dados recentes, até fevereiro, confirmam que o fluxo de investimentos para renda fixa por parte dos estrangeiros é cadente devido ao IOF de 6%. Em janeiro representavam 11,8% – R$ 182,0 Bi e em fevereiro 11,4% – R$ 180,7 Bi. Os representantes do governo mantêm otimismo de que esta tendência seja revertida, mas entendemos que isto possa não se confirmar, pois interferências sequentes do governo nas regras e tributação criam incertezas para os investidores estrangeiros, que acabam representando um risco que não desejam enfrentar.
Como para a Bovespa também o fluxo tem sido negativo, fica evidente que são os empréstimos externos de curto prazo e os IED´s que vêm promovendo o expressivo aumento do fluxo cambial. Como a causa determinante é conhecida pelo governo, nos parece evidente que o governo imporá IOF sobre os empréstimos de curto prazo, podendo também criar alguma regra de permanência no país dos IED´s, já que vislumbrou que possa estar ocorrendo ingressos como investimentos diretos, que não detêm esta característica.
Urge que o governo adote as medidas de política monetária, o que passa pela tributação nos ingressos de empréstimos externos de curto prazo, conceituando-o até 1 ano, para conter a expansão do crédito ao consumo.
No câmbio diretamente não há o que possa ser feito para elevar o preço da moeda americana, devendo continuar na defensiva, focando a não ocorrência de apreciação maior do real. Neste sentido é importante que neutralize os flancos de especulação. Reduzir um pouco mais os limites de posições “vendidas” dos bancos no mercado físico, que entrarão em vigor dia 4 de abril, isentos de depósito compulsório seria uma medida pontual, já que este posicionamento é indutor à apreciação do real. O IOF sobre os empréstimos externos de curto prazo, na realidade uma medida de política monetária para conter liquidez, reduziria o nível de oferta no mercado e aliviaria a atuação do BC com seus leilões de compra.
Pode ainda estabelecer redução do percentual de exposição a operações com variação cambial dos bancos, fechando um pouco mais o aperto.
Ontem, o CED – Centro de Exposição a Derivativos, administrado pela Febraban, respondeu a consulta inaugural. Este é um núcleo de informação de riscos para o sistema bancário de grande valia, visto que dá evidência das exposições a risco em derivativos das empresas.
O Balanço de Pagamentos do Brasil fechou superavitário em US$ 9,6 Bi em fevereiro, acumulando no 1º bimestre US$ 18,1 Bi, sendo a maior parte devido ao incremento das reservas cambiais por meio de compras do BC no mercado interno que atingiram US$ 17,0 Bi. O déficit em conta corrente foi de US$ 3,391 Bi e o ingresso líquido da conta capital e financeiro foram de US$ 12,899, Bi em fevereiro.
No exterior, o humor é positivo, embora à margem continuem as preocupações com o Japão, já havendo falta de insumos eletrônicos em grande parte do mundo; com os conflitos na Líbia, que continuam estimulando a alta do preço do petróleo; e, com os problemas na eurozona envolvendo Portugal, que teve seus ratings rebaixados por duas agências e encontra dificuldades de alinhar um plano mais severo de recuperação, estando sob pressão dos demais integrantes da comunidade para solicitar “socorro” financeiro, que vem se recusando a fazê-lo.
A revisão PIB americano do 4º trimestre foi anunciada com alta. Agora, 3,1% ante estimativa preliminar de 2,8%, após ter registrado 2,6% no 3º trimestre. Os gastos de consumo pessoal, exportações e investimentos fixos não residenciais foram determinantes no crescimento. Em 2010 o crescimento do PIB americano ficou em 2,9%.
A Universidade de Michigan divulgou dado apontando que de fevereiro para março ocorreu expressiva piora na confiança do consumidor americana com forte queda do índice de 77,5 para 67,5, fato atribuído ao aumento dos preços do gás e alimentos. O índice de expectativas dos consumidores caiu de 71,6 para 57,9.
Uma curiosidade a respeito da dimensão da grandeza da China foi divulgada. O seu PIB já representa 9,5% do PIB mundial.
O dólar se valoriza ante a Libra, Yen e Euro que está cotado a US$ 1,414. Os T-Bills de 10 anos indicam rentabilidade de 3,40% e o petróleo está sendo cotado na Nymex a US$ 105,15 o barril, em baixa de 0,42%.