A crise externa não permite que se considere hoje como praticamente o encerramento do ano no mercado financeiro, pois todo dia há fatos novos e pode ser que Papai Noel ainda não tenha entregue ao mercado financeiro global…
A crise externa não permite que se considere hoje como praticamente o encerramento do ano no mercado financeiro, pois todo dia há fatos novos e pode ser que Papai Noel ainda não tenha entregue ao mercado financeiro global todos os “presentes”, assim, não podemos anular a qualidade de útil da última semana do ano, que terá 4 dias.
2012 será melhor ou pior do que 2011 ?
Nossa convicção é de que 2011 acentuou a crise, que não encontrou soluções críveis e sustentáveis, assim se arrastando ao longo do ano fomentando especulações e incertezas as mais diversas, sem, contudo, ter conseguido encontrar a porta de saída, até porque não parece claro que o mercado financeiro global tenha entendido onde a sua ganância e irresponsabilidade o colocou de forma irremediavelmente complexa, principalmente na eurozona que vê agora as consequências dos erros cometidos na prática, decorrentes da falta dos controles sobre os parâmetros teóricos estabelecidos na criação da sua moeda. Nos Estados Unidos há mais clareza sobre a rota que desenvolveram para o caos no mercado financeiro, com migração posterior para os cofres públicos, levando o pujante consumidor interno a um quadro de fragilidade econômico-financeira dada às relevantes perdas suportadas, que dilapidou sua capacidade financeira e propensão ao consumo.
Em 2011 vimos desaparecer os fundamentos, algo imprescindível para o entendimento, e assim altas e baixas foram revezadas como quadro constante, atribuídas a este ou aquele fator, mas, em realidade, foram simplesmente movimentos para manter o giro dos mercados.
O saldo do ano registra os países desenvolvidos altamente endividados e sistemas financeiros com instituições bancárias seriamente comprometidas por terem financiado em grande monta estes países desenvolvidos.
Acreditamos que em 2012 o espaço para protelações praticamente se esgotará, razão pela qual o antevemos pior do que 2011, pois será necessário, por inevitável, o enfrentamento efetivo e frontal dos problemas, sob risco de ocorrência de rupturas se permanecerem inertes, em especial, os estruturais existentes na eurozona e isto vai exigir sacrifícios grandiosos das populações, que naturalmente deverão reagir com protestos e greves. Nos Estados Unidos, o governo Obama deverá seguir “prisioneiro” politicamente dos republicanos e tudo dependerá do resultado das eleições presidenciais.
No Brasil, o governo fomenta uma linha de otimismo, o que é natural e compreensível, mas fica claro e evidente que o Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil estão usando planilhas diferentes em suas projeções para 2012.
O crescimento de 2011 em torno de 3%, tendo a desindustrialização ocorrida no produto nacional pelo expressivo agregado importado como uma das causas diretas desta queda, há projeções mais otimistas para 2012, mas não vemos fundamentos criveis que possam justificar prognóstico melhor. Provavelmente teremos mais do mesmo, a menos que a elevação do preço da moeda americana, que consideramos bastante provável, promova o banimento dos agregados importados e assim aumente o percentual de nacionalização dos produtos da nossa indústria.
A queda do desemprego de 5,8% para 5,2% anunciada esta semana teve como elemento fundamental a criação de emprego temporário, portanto, um fator pontual. Ademais, a metodologia do IBGE para validação destes dados é vista com muitas ressalvas, o que torna os dados do Dieese mais críveis, que registra praticamente o dobro, ou seja, algo entre 10% a 12%.
Nos parece mais crível, como fato a ser considerado, o sinal emitido pela curva da geração de vagas na economia, que apontou tendência de queda nos seus dados mais recentes, que parece compatível com a desaceleração que a atividade economia vem evidenciado.
A propensão ao consumo da população que ainda segue aquecida, no nosso entender tende a queda, seja pelo esgotamento da capacidade de suportar financiamentos, seja pela seletividade restritiva de crédito que venha a ser colocada pelos principais bancos do sistema bancário. O BC convicto de que este é um fato já alterou, divulgado hoje, regras de liberação de depósitos compulsórios aumentando a capacidade de emprestar dos bancos menores, tentando suplantar o problema presente.
Mas entendemos que o consumo estará menos dependente da disponibilização de crédito, decorrendo a retração do nível elevado de endividamento já assumido e preocupações com o emprego e renda.
O BC, em seus estudos, demonstra otimismo em relação ao fluxo cambial e realizou suas projeções a partir de um dólar a R$ 1,80, não aventando a hipótese de um cenário com fluxo adverso e então o preço da moeda americana exercendo pressão inflacionária, mas há sinais de preocupações com a inflação, contudo, sem enunciar claramente as possíveis causas.
É compreensível que a autoridade monetária não dê evidência que está considerando um quadro adverso, pois isto causaria impactos nas projeções prospectivas da economia, mas o fato de ter deixado evidente que espera resistências para colocar a inflação no centro da meta e até aventar que poderá ter que elevar a taxa SELIC em algum momento, deixa claro que está considerando esta hipótese.
Com isto, o mercado corrigiu sua percepção de que a taxa SELIC iria abaixo de 10% para ficar, porém seria sensato que também corrigisse sua projeção para o preço da moeda americana.
No nosso entendimento, a trajetória de alta do preço da moeda americana em 2012 é, mantidas as regras atuais pelo BC e MF, sem volta, com alguma volatilidade, mas sem perder a tendência.