Análise do Mercado – 21/01/2013

O Boletim FOCUS datado de 18 último e divulgado hoje pelo BC contendo as medianas das projeções do mercado financeiro revela ajustes com certo pessimismo.

O IPCA-2013 foi revisto para 5,65%, um mês atrás era projetado a 5,47%. O crescimento do PIB teve a projeção reduzida para 3,19% e um mês atrás era projetado a 3,30%.
 
A visão sobre a inflação e o crescimento contrastam com as projeções que vem sendo propagadas pelo governo.

Se considerarmos que fechamos tão somente a 1ª quinzena do ano, as alterações tornam-se relevantes neste curto espaço de tempo.

A projeção para o dólar vem sendo mantida em R$ 2,08, mas no nosso entender é muitíssimo otimista, da mesma forma que a projeção para o crescimento da produção industrial de 3,24%, um mês atrás 3,50%, ainda nos parece extremamente elevada.

O fato concreto é que o governo enfrenta uma surpreendente pressão inflacionária logo ao início do ano, mais intensa do que vinha sendo projetada e, parece cada vez mais consistente que os investimentos por parte da indústria serão, outra vez, frustrantes.

Fonte do mercado vem sinalizando que a Presidenta Dilma passou a agir diretamente como interlocutora, focando agora com maior ênfase os investimentos na infraestrutura que esta absolutamente carente de investimentos para mitigar suas expressivas carências e deficiências que, em ultima instancia, tiram competitividade do país.

Entendemos que os esforços neste sentido deveriam envolver investidores estrangeiros que poderiam fomentar o ingresso de IED´s, ao invés de atrelar o financiamento ao BNDES como parece estar sendo posto, visto que o fluxo cambial para o país tende a não ser expressivo este ano.

Aliás, entendemos que se intensifique o acompanhamento e observação do fluxo cambial para o país, pois temos uma visão pouco otimista e, naturalmente se nossa projeção prospectiva vier a se confirmar, o governo terá dificuldades para utilizar eficazmente o monitoramento da formação da taxa cambial de forma contributiva para a contenção inflacionária.

O grande teste ocorrerá neste 1º trimestre, que até o momento está decepcionando em termos de fluxo cambial. O BC conseguiu mitigar as pressões altistas sobre o preço do dólar em dezembro com a colocação de operações conjugadas, venda a vista e recompra a prazo, que se tornaram viáveis face a perspectiva de melhora do fluxo em 60 a 90 dias, face as reversões normativas que o BC e o MF adotaram em dezembro.

Teremos em fevereiro vencimento de vendas dos bancos ao BC da ordem US$ 1,2 Bi e mais US$ 1,85 Bi em “swaps cambiais” e em março novo vencimento de vendas dos bancos ao BC da ordem de US$ 2,8 Bi.

Como temos salientado, com base nos dados mais recentes do BC, os bancos devem estar “vendidos” em suas posições no mercado à vista, próximos de US$ 6,0 Bi e em perspectiva devem cumprir os compromissos acima mencionados.

Se o fluxo não for positivo o suficiente, a tendência será de pressão sobre o preço da moeda americana, e o BC será requerido para leilão de venda de dólares a vista, tendo em vista que a reutilização da estratégia utilizada em dezembro será menos viável, em consequência da frustração com o fluxo cambial.

 


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

 

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