A economia brasileira não está “saudável”, tem incertezas em demasia e espaço de manobra estreito, mas sobram as mais diversas e desalinhadas indicações de caminhos e atalhos para que o país saia do quadro que revela consistente inflação aquecida e riscos efetivos de que o crescimento não seja o desejado e projetado pelo governo.
Sobe juro, baixa juro, eleva dólar, baixa dólar, e por ai seguem sugestões admitindo medidas prudenciais, etc. Há quem projete o juro SELIC reduzido a 6,25% para que a atividade economia ganhe força ignorando os efeitos consequentes na inflação que esta preocupante e há quem sugira dólar abaixo de R$ 2,00, ignorando que o fluxo cambial para o país pode assumir níveis preocupantes. E, então, medidas prudenciais…
Realmente o cenário presente e prospectivo é complexo para o Brasil reencontrar-se com o crescimento da atividade econômica, mais complexo do que poder-se-ia projetar ao final do ano passado.
O problema central para o país dinamizar o seu crescimento é aumentar o nível de investimentos com a consequente melhora da competitividade. Mas, as perspectivas não sugerem movimentos firmes do setor privado neste sentido e ainda surgiram evidências de deficiências estruturais fortemente inibidoras.
O governo também tem parcas condições de realizar relevantes investimentos, busca alternativamente nas privatizações, chamadas de concessões, via de saída desta incapacidade, mas precisa melhorar o dialogo, o que há sinais que já venha ocorrendo, por parte do governo e, não se afastar da percepção que o que motiva o investidor é o lucro, sem o que não há interesse em investir.
Enfim, há um grande desafio para o governo manter o ânimo aquecido de que o país poderá crescer, evidentemente não os 4% mas algo em torno de 3%, embora já ocorram sinais de perda de força da demanda por crédito, que é o fomentador do consumo, no qual o governo joga suas fichas.
Tão relevante quanto mostrar melhoras no crescimento é evitar que ocorram sinais de desemprego, mesmo que setoriais, pois este é um fator que estimula forte contração do consumo.
Nosso tema central é o câmbio, que passa necessariamente pelo fluxo cambial.
Evidente que se o Brasil não conseguir conter de forma adequada a pressão inflacionária presente e não conseguir dar demonstrações claras de que poderá crescer, será menos atraente para os IED´s e demais tipos de investimentos.
O fluxo cambial é um fator que tem força motriz própria na formação do preço da moeda americana, a despeito de todo monitoramento e gestão que vem sendo praticada pelo governo sobre a taxa cambial, a força do mercado não pode ser desconsiderada porque efetiva e isto poderá elevar o preço, o que colocaria mais pressão sobre a inflação, ou, em ultima instância exigir que o BC faça uso das reservas cambiais e oferte liquidez à vista.
Como temos salientado, predomina no momento a gestão do BC sobre a taxa cambial, mas devemos observar o câmbio em perspectiva dentro do 1º trimestre.
Nossa convicção é que há forte tendência de termos um fluxo cambial desapontador no 1º trimestre e, então como consequência, ocorrer pressão altista ao término do mesmo.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO