Análise do Mercado – 20/10/2011

Uma decisão do COPOM sem o brilho de uma atitude firme e ousadia imprescindível absolutamente necessárias neste momento.
Como temos salientado, contextos diferentes precisam de decisões…

Uma decisão do COPOM sem o brilho de uma atitude firme e ousadia imprescindível absolutamente necessárias neste momento.

Como temos salientado, contextos diferentes precisam de decisões diferentes, e esta foi a característica predominante da decisão ocorrida na reunião antecedente, que, lamentavelmente, não se repetiu na reunião de ontem.

A atitude firme do COPOM certamente impactaria na nossa atividade econômica positivamente, dando sustentabilidade ao ânimo do setor produtivo que é algo imperioso neste momento em que o crescimento do nosso PIB começa a apontar para 3% ou menos neste ano.

A ousadia colocaria o BC/COPOM à frente no enfrentamento da situação, demonstrando que o país pretende, ante as adversidades oriundas da crise internacional e, também, como reflexo da frouxidão da política fiscal do governo anterior no 2º semestre do ano passado, preservar o mais possível as conquistas e avanços alcançados nos últimos anos.

Afinal, se expressou um diagnóstico correto na reunião anterior, visto que o agravamento da crise externo é real, porque optar agora pelo gradualismo e não por uma decisão mais abrupta e firme para, em tempo, não correr o risco de ficar retardatário na ação.

A necessidade presente é de agir rápido antes que seja tarde. Afinal, todos sabemos que há uma disparidade relevante entre o juro praticado no Brasil e a taxa SELIC, mas por isso consideramos relevante a atitude e ousadia, que permitiria uma leitura pelo setor produtivo amplamente positiva de que o governo está atento e pró-ativo.

Que diferença faz ter cortado meio ponto ou um ponto em termos efetivos nas taxas de juros no Brasil? Pouco, porque a taxa brasileira ainda continuaria expressiva ante as taxas das principais economias, mas como “mensagem” ao setor produtivo teria efeito absolutamente desproporcional no aspecto positivo.

Afinal, atitudes, na grande maioria das vezes, falam mais do que palavras.

Não haveria precipitação numa decisão mais ousada, até porque é consistente a tendência da piora do cenário externo, e, por inúmeros vetores acabarão por inibir as pressões inflacionárias no Brasil. E esta é a percepção do BC/COPOM, ou teria se alterado esta convicção?

Hoje, após a decisão do COPOM de ontem, o mercado de juros está em alta. Seria o consenso do mercado financeiro no corte de 0,5% puramente “verbal”, havendo na prática a perspectiva de que houvesse um corte maior?

O fluxo cambial da 2ª semana deste mês foi negativo em US$ 55,0 M, ainda deixando transparecer que pode ter sido fortemente reduzido o saldo de dólares estocados no exterior relativo a exportações liquidadas. No mês está positivo em US$ 3,403 Bi, sem atuação do BC com leilões.

Os bancos, portanto, continuam “comprados” no mercado à vista em torno de US$ 4,7 Bi mantendo posições líquidas “vendidas” no mercado de derivativos que sugerem estar protegendo esta posição, no dólar futuro, e apostando na apreciação do real, no cupom cambial-DDI.

Então, por que razões o dólar subiu nos últimos dias? Certamente foi um movimento para inibir a apreciação do real até R$ 1,70 que estimularia o COPOM a um corte mais ousado na taxa SELIC.

Os estrangeiros estão “quietos e acomodados” em suas posições líquidas no mercado de derivativos, não tendo “punch” especulativo.

O cenário externo negativo tem pouca repercussão no nosso mercado de derivativos, que está “travado” para especulações com a vigência do IOF.

No exterior, a despeito de todas as expectativas em torno da reunião da cúpula da eurozona, já começam a surgir dúvidas do ponto de vista jurídico sobre a atuação do Fundo de resgate, bem como sobre o “modus operandi” do mesmo.

Continuamos nutrindo baixa expectativa, visto que entendemos que o problema da eurozona não se restringe a financiamento do caos fiscal, mas sim e necessariamente de reordenamento estrutural e regras disciplinares com monitoramento.

A Grécia não parece mais passível de solução sem uma “moratória” organizada com redução da dívida e assunção das perdas por terceiros, até porque, o governo está muito fragilizado com sua população que está em estado de rebeldia e protestos.

Nos Estados Unidos, nem a fala de Ben Bernanke e nem o Livro Bege trouxeram alento, sendo as expressões “modesto” e “frágil” as mais habituais nos conceitos sobre o “status quo”. A síntese foi: “a atividade econômica continuou progredindo em seu conjunto durante setembro, mas o crescimento será modesto ou frágil em numerosas regiões do país e as perspectivas das empresas parecem ser “de maneira geral, piores ou mais incertas”.

Observando-se o todo, consideramos que a maior certeza presente é que o “risco” de melhora no curto é baixíssimo, e que a tendência de recessão na Europa e nos Estados Unidos continua muito forte.

A Alemanha, maior economia da Europa, revisou a projeção de seu crescimento em 2012 de 1,8% para 1,0%, mas analistas consideram que 0,8% estaria mais próximo da realidade.

Enfim, continuamos entendendo que, face ao posicionamento dos bancos no mercado à vista e no mercado de derivativos, bem como a posição dos estrangeiros no mercado de derivativos, não há razões efetivas para valorização do preço do dólar, mas há ambiente para que ocorra apreciação do real.

Permanecemos prognosticando o preço da moeda americana no entorno de R$ 1,70.

 

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