O mundo global procura construir expectativas favoráveis a partir da eventual ampliação de recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, EFSF sigla em inglês, de Euros 440,0 Bi para Euros 2,0 Tri, fato divulgado pela versão…
O mundo global procura construir expectativas favoráveis a partir da eventual ampliação de recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, EFSF sigla em inglês, de Euros 440,0 Bi para Euros 2,0 Tri, fato divulgado pela versão eletrônica do jornal britânico The Guardian de ontem à tarde, decorrente de acordo entre Alemanha e França e que seria apresentada no encontro de lideres da zona do euro, marcado para o próximo final de semana.
Focar só o financiamento seria premiar os maus dirigentes e acabar gerando mais do mesmo logo adiante, estimulando um “ralo sem fim”. É fundamental e imperioso que seja reformulada toda a estrutura da zona do euro, controles pelo BCE envolvendo monitoramento e intervencionismo.
Se transfigurarmos a situação da Europa ao cotidiano onde vivem os cidadãos, poderíamos dizer que o problema é semelhante ao milionário que tem membros familiares doentios, que detém poder econômico-financeiro para comprar hospitais, mas não consegue lhes prover de saúde, visto que para tanto envolve, caso a caso, mudança brusca de hábitos, sem o que nenhum tratamento será eficaz.
Entendemos que o plano europeu deva conter proposta de reestruturação da eurozona, seus princípios, exigências, compromissos mais firmes dos participantes e principalmente fiscalização rigorosa pelo BCE, submetendo a todos e, após isto, então, caso a caso gerando financiamento com brusca intervenção do BCE, como co-gestor até que seja sanada a situação.
Evidentemente não seria uma trajetória indolor, sendo bastante factível a convivência com um período de recessão econômica.
Nos Estados Unidos, embora com alguns indicadores econômicos positivos, os quesitos mais importantes não se modificam, e agora parece que a inflação se acelera, visto que o CPI divulgado hoje mostrou uma inflação de 3,9% base de comparação anual, a maior em 3 anos. Num ambiente em que se questiona a tendência de recessão econômica e tendo o governo reduzido o juro a zero, e, que o FED destaca sempre preocupações com a inflação, elevar o juro seria uma medida drástica, numa situação de desemprego elevado. A recessão poderá ser um antídoto para a inflação.
Este dado inflacionário deverá quebrar o otimismo das bolsas americanas.
No Brasil, que desacelera mais rápido e intensidade do que desejável, é dia de decisão do COPOM acerca da taxa SELIC.
Não há mais como duvidar que os efeitos da crise internacional já estão na nossa economia, que também já tinha a perspectiva de fragilização pela necessidade de colocar a “casa em ordem” face às pressões advindas da frouxidão da política fiscal praticada pelo governo anterior no ano passado, ano eleitoral.
O BC/COPOM precisa colocar-se bem à frente nas suas ações para evitar uma desaceleração econômica mais intensa.
A nossa economia como um todo só aponta dois pontos ainda positivos: arrecadação de tributos por parte do governo e geração de emprego.
A geração de empregos já dá sinais de perda de ritmo e, embora se possa considerar o número de 209 mil novos empregos um número forte, já há dados “estranhos” que precisam ser melhor examinados, como a criação de vagas em Alagoas em torno do mesmo número criado por São Paulo, a indústria de alimentação sendo a geradora de empregos no segmento indústria, etc.
Não podemos perder de vista que o último trimestre do ano tem revelado saldo negativo na geração liquida de empregos.
A situação externa não encontrou, desde a última reunião do COPOM, definição de melhores alternativas, houve agravamento, e há grande possibilidade de recessão na Europa e Estados Unidos, sendo a queda gradual da atividade da economia chinesa já uma realidade.
Um corte mais substancial da taxa SELIC seria muito positivo para estimular o setor produtivo e ainda tendente a investimentos, mantendo a perspectiva de que a inflação terá suas pressões atenuadas pela cena externa.
Somos do ponto de vista que o COPOM deveria ser ousado e não gradualista, promovendo um corte de 1% hoje, impactando favoravelmente nos principais setores da economia, embora sujeito a críticas do mercado financeiro e citações de que a medida tenha sido de natureza política. Mas o fato é que momentos diferentes sugerem comportamentos diferentes.
É importante destacar que o custo de financiamento no país ainda é um fator de contração do investimento direto estrangeiro, que poderia ser bem maior no nosso país.
Ademais, juro menor representa menor ônus ao Tesouro com custeio da dívida, o que pode viabilizar maior superávit fiscal ou então estimulo ao setor produtivo, que tem baixa competitividade no mercado internacional devido ao custo Brasil, que poderia ser atenuado.
Esta nova rodada de crise internacional deveria suscitar ao governo brasileiro estabelecer metas e objetivos de longo prazo, tudo por aqui é pensado no curto prazo, e, a economia precisa de uma forte reforma no seu lado social, já que ainda prevalecem regras do século 19, extremamente desestimuladoras à geração de empregos.
No mercado de câmbio, com o mercado de derivativos “blindado para conter movimentos especulativos”, os reflexos externos deverão ser mínimos, a não ser pela intensificação de remessa de dividendos, lucros etc. pelas filiais às suas matrizes, como reforço de “caixa”, fato que já teve destaque e que agora esta mais moderado.
Continuamos projetando a tendência da curva da taxa cambial para R$ 1,70, entendendo que o movimento recentíssimo de alta e volatilidade que contem o viés de baixa é pontual por parte dos “players” visando não permitir a queda para não fomentar o COPOM a um corte mais expressivo da taxa SELIC.