Análise do Mercado – 19/01/2011

O mercado de câmbio retoma a tendência de apreciar o real, evidenciando assim a absoluta ineficácia do instrumento financeiro “swap cambial reverso”, utilizado pelo BC, no propósito de dar sustentação ao preço da moeda americana, ainda que o..l.

O mercado de câmbio retoma a tendência de apreciar o real, evidenciando assim a absoluta ineficácia do instrumento financeiro “swap cambial reverso”, utilizado pelo BC, no propósito de dar sustentação ao preço da moeda americana, ainda que o volume leiloado tenha sido de tão somente US$ 1,0 Bi, baixo como indutor a um movimento mais forte de valorização ainda mais acentuada da moeda nacional.

Contudo, os sinais deixados recentemente é que o governo deverá replicar ofertas deste instrumento no mercado futuro/derivativos, havendo grande ansiedade de promover a entrada do Fundo Soberano, o que cria um viés de tendência a um movimento mais intenso de apreciação do real.

Transação reconhecidamente de efeito contrário ao seu objetivo teórico, sem perder de vista que também é onerosa ao erário público, deveria ser colocado em desuso pelas autoridades monetárias, quando o foco for conter apreciação do real.

Costumamos afirmar que no mercado de câmbio há muitos espertos e poucos distraídos, e, em realidade, não há comprometimentos com o que seja positivo ou negativo para a economia nacional, o que vale é o aproveitamento eficaz das oportunidades de ganho, e esta é a realidade motriz dos “players” que dele participam. Enquanto, o governo foca dar liquidez ao mercado futuro de dólar, carente de oferta de compra, e assim tirar pressão sobre os prêmios do cupom cambial, portanto aliviando “gargalos” que dificultam a atuação dos “players” e oneram prêmios do cupom cambial, situação em que se colocaram por iniciativa própria, na contra ponta, dada a forma remunetória do “swap cambial reverso”, implementam movimento de apreciação do real, visando obter duplo ganho na transação representado pelo juro e pela variação cambial.

Acreditamos que o BC terá que ser mais incisivo ao definir marcos regulatório no mercado de câmbio, e, ao invés de estabelecer depósitos compulsórios para excedentes da posição vendida, deverá adotar normativos definindo limites bastantes estreitos permitidos de “posição vendida” pelos bancos e reduzir percentuais de exposição em transações com variação cambial.

Além disto, entendemos, como já temos salientado, que seja um bom momento para rever-se a legislação que restringe às operações do mercado físico a tão somente “à vista”, promovendo sua modernidade e amplitude operacional, de forma que o preço da moeda seja formado a partir deste mercado, que teria também maior capacidade de absorção de dólares, aliviando, assim, o BC em seus volumes de compra de divisas, que são agregadas as reservas cambiais, com elevado custo de carregamento.

O COPOM definirá hoje a taxa de juro SELIC sob forte pressão do mercado financeiro e seus porta-vozes, e, ao que tudo indica sancionará elevação de 0,50%, porém nossa percepção é crescente de que aumenta o entendimento de que o novo governo procurará utilizar de outras estratégias para contração das pressões inflacionárias, e que isto, certamente, implicará em menor intensidade de elevação do juro.

Em razão disto, qualquer que seja a decisão, haverá forte expectativa sobre o conteúdo da Ata da reunião que se encerrará hoje, para que se possa aferir os fundamentos da decisão e, principalmente, os “considerados” que poderão deixar mais evidente a propensão de mudança da estratégia de controle inflacionário.

No exterior, o grande acontecimento é a reunião do Presidente Barack Obama com o Presidente da China, Ju Jintao. Há muitas divergências em torno do tratamento dado pela China a sua moeda, o Yuan, mas não se esperam decisões ou comprometimentos mais sérios. A China é a grande economia ascendente, detentora de reserva cambial da ordem de US$ 2,8 Tri, construída em grande parte com superávits comerciais frente aos Estados Unidos e valendo de sua moeda subavaliada. Os Estados Unidos, ainda, maior economia mundial em momento descendente e que tem os seus déficits fortemente financiados pela China. Deverão ocorrer “cutucadas” de ambos os lados, mas de efetivo muito pouco. De toda forma, o encontro é um fato relevante para os dois países e para o mundo.

 

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