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Análise do Mercado – 18/07/2011

O mercado global está perplexo ao conviver com tão relevantes pontos de incertezas, sem conseguir vislumbrar soluções imediatas e sustentáveis, o que causa desorganização nos preços dos ativos, volatilidade e aversão ao risco, que pode…

O mercado global está perplexo ao conviver com tão relevantes pontos de incertezas, sem conseguir vislumbrar soluções imediatas e sustentáveis, o que causa desorganização nos preços dos ativos, volatilidade e aversão ao risco, que pode sofrer agravamento na razão direta das tensões em torno dos impasses presentes nos Estados Unidos e na Europa.

A não definição de solução sustentável para a crise soberana na Europa, que já permite especulações sobre a possível saída da Grécia da zona do euro, o que seria temerário, pois poderia induzir a outros países periféricos seguirem a mesma rota, e, o debate entre democratas e republicanos no Congresso Americano sobre o teto do endividamento, sem grandes avanços ao longo do final de semana, ficando a 5 dias do prazo do Presidente Obama para que haja um acordo, são situações altamente estressantes aos mercados financeiros em todos os seus segmentos, a ponto de conduzir o preço do ouro a US$ 1,602.50 a onça troy hoje pela manhã.

A agência de rating Moody´s, que anda sequiosa de reduzir o “rating” do risco americano de “AAA” estável para “AAA” negativo, sugeriu hoje a hipótese do Congresso americano eliminar o estabelecimento de um teto.

O teste de “stress” a que foram submetidos os bancos europeus, num ambiente menos crítico que o atual, revelou que 8 bancos sucumbiriam a crise, caso não realizem aportes adicionais, com predominância dos bancos espanhóis.

A repercussão deste estado quase caótico, por ser quase inimaginável, repercutiu no preço do ouro como mencionamos; valorizam os T-Bills americanos que para 10 anos reduziram o rendimento “yeld” de 2,94% para 2,89%; estão derrubando o preço do petróleo light na Nymex em 1,90% cotado a US$ 95,39 o barril, e, valorizam o US$ frente ao Euro cotado a US$ 1,4032, mas também frente a Libra esterlina.

As bolsas européias e americanas operam em considerável baixa.

Não se sabe até que ponto este ambiente de absoluto desconforto externo poderá influenciar a decisão do COPOM sobre a taxa de juro SELIC a ocorrer nesta semana, consensualmente admitida pelo mercado uma elevação de 12,25% para 12,50% e muita expectativa sobre a nota pós-reunião e Ata na 5ª feira da semana seguinte, pois há muitas divergências quanto a dimensão do aperto monetário necessário para conter a inflação presente.

Ao COPOM compete a dura tarefa de ter o bom senso de adotar uma decisão que foque o comportamento da inflação, sem desconsiderar contudo, o desaquecimento já presente da economia brasileira, conforme dados recentes divulgados pelo BC, e, este cenário externo excessivamente conturbado e de enormes incertezas.

Por isso, as medidas de política monetária que possam vir a ser adotadas pelo COPOM e a sua percepção sobre o momento, podem diferenciar-se, em decorrência da sensatez necessária, das projeções e anseios do mercado e seus analistas.

O Boletim FOCUS de 15 do corrente do BC, que repercute as medianas das projeções de 100 instituições financeiras, mantém estáveis as indicações do IPCA para 2011 e 2012 em 6,31% e 5,20% respectivamente, porém a eleva para os próximos 12 meses de 5,29% para 5,37%. Para o dólar final do ano permanece R$ 1,60% e para a SELIC 12,75%. O PIB continua projetado em 3,94%, tendo revisto a projeção para a produção industrial de 2011 de 3,28% para 3,25%. Pequena redução na projeção do déficit em transações correntes de US$ 60,0 Bi para US$ 59,45 Bi e elevação na balança comercial de US$ 20,06 Bi para US$ 21,0 Bi. Para os IED´s elevou a projeção de US$ 52,20 Bi para US$ 55,0 Bi.

O IPC-S da FGV registrou deflação de 0,13% após deflação de 0,11% na semana antecedente.

A BOVESPA, como natural com o clima presente, sucumbe, porém caindo menos do que as bolsas no exterior, algo como 0,49% estando no entorno dos 59.000 pontos.

No mercado de câmbio, aparentemente os bancos conseguiram ajustar suas posições “vendidas” no limite de US$ 1,0 Bi, evitando assim o recolhimento de depósito compulsório, mas, ainda nos parece prematuro emitir juízo a respeito dos efetivos impactos na cadeia de operações envolvendo câmbio desde o mercado a vista até o derivativos.

Observa-se que o BC não tem obtido interesse nas operações de “swaps cambiais reversos” ofertadas ao mercado, mas por outro os montante de posições líquidas “vendidas” de “hedge funds” e posições líquidas “compradas” dos bancos, ao longo dos últimos 10 dias oscilou muito pouco, em especial no item “cupom cambial-DDI”.

O volume de giro interbancário caiu substantivamente no mercado a vista, desde o inicio do mês quando entrou em vigor a nova sistemática de cálculo da PTax.

É bastante provável que a liquidez no mercado físico a vista e no mercado futuro esteja inibindo os volumes, mas parece certo também que as mudanças introduzidas pelo BC ensejam uma melhor análise por parte dos “players”, já que neutralizou pontualmente a predominância da especulação manipulando a formação do preço da moeda americana.

Por outro lado, há a expectativa de que o governo possa vir a adotar medidas impactando na operacionalidade do mercado de derivativos e que poderia ter reflexo no preço da moeda americana.

E, ainda, o cenário altamente complicado no exterior influencia nas atitudes operacionais, o que sugere cautela absoluta.

Desta forma, consideramos prematuras as conclusões tiradas sobre as medidas recentes do BC, vigentes a partir deste mês, que, como já salientamos, entendemos como técnica-operacionais muito positivas.

É provável que os “hedge funds”, excessivamente expostos no contexto do cenário presente, busquem reduzir suas posições e se assim agirem podem provocar apreciação da moeda americana.

 

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