Análise do Mercado – 14/07/2011

Num cenário macroeconômico caótico e com incertezas crescentes, a leitura que fica da reação dos mercados financeiros mundiais, ante um sinal de crescimento ainda forte da China, mas principalmente repercutindo um sinal de novo afrouxo…

Num cenário macroeconômico caótico e com incertezas crescentes, a leitura que fica da reação dos mercados financeiros mundiais, ante um sinal de crescimento ainda forte da China, mas principalmente repercutindo um sinal de novo afrouxo financeiro do FED americano, dada a fragilidade da economia americana, é de que “quanto pior, melhor!”, pois o que importa não são os riscos presentes mas a liquidez farta para dinamizar os mercados em ações puramente especulativas, já que afastadas da realidade.

A economia americana não evidencia melhoras, o Presidente do FED sanciona o quadro preocupante com um viés de crescimento menor e desemprego maior para este ano, e o governo americano defronta-se com a resistência republicana no Congresso para aumento do teto de endividamento orçamentário, que já provoca sinalizações das empresas de “ratings” de que poderão revisar o conceito de risco da divida americana. E apesar de todo este cenário pouco promissor, as bolsas no mundo todo reanimaram-se expressando altas, o juro dos T-Bills americanos se elevam com o “alivio” de que mais recursos poderão vir para o mercado, relaxando assim os temores de um desmonte forçado de posições especulativas, etc, etc.

A Europa, afogada em seus problemas com integrantes periféricos e não periféricos afogados por descontroles fiscais de difícil recuperação, reage da mesma forma, e ante o sinal dado pelo FED, vê a sua moeda, Euro, revitalizar-se frente ao dólar americano, como se estivesse em condições melhores do que os Estados Unidos.

E, assim, seguiu por outros centros repercutindo afinal “o que?” de tão estimulante!!!

Este comportamento faz com que se constate o quanto de irresponsabilidade está presente nos mercados mundiais, o que torna crível e viável um novo evento como o ocorrido em 2008, a partir de uma ruptura, um default, relevante em um dos países protagonistas deste cenário de altíssimo risco.

E hoje, as bolsas americanas continuam repercutindo a “liquidez” que poderá chegar para reavivar os ânimos, ajustando seus preços para esperar o momento.

A relativa despreocupação com o risco faz com que os T-Bills revelem rentabilidade de 2,92% ante estimativa de que abrissem a 2,89%. O US$ continua caindo frente ao Euro cotado a US$ 1,4241, enquanto na contra-ponta o petróleo sustenta ainda discreta alta, cotado a US$ 98,81 o barril na Nymex.

Contudo, o ouro, bom termômetro do nível de preocupações de investidores mais experientes continua confirmando viés de alta, revelando precaução.

Há riscos, muitos riscos no cenário mundial e não são pequenos para o clima otimista que se sustenta ainda hoje nos Estados Unidos, se bem que na Europa e Ásia já foi amenizado o otimismo e ocorre uma volta a realidade.

No Brasil, o Banco Central do Brasil divulgou ontem o seu IBC-Br Indice de Atividade Econômica registrando expansão de 0,17% em maio comparado com abril, após 0,44% em abril e março antecedentes. O numero evidencia perda de ritmo de crescimento. Em relação ao mesmo mês do ano passado o crescimento é de 3,93%. Acumulada neste ano anualizada está em 3,92% e nos últimos 12 meses 5,34%. A leitura indica que tende a ficar abaixo de 4% este ano, sendo que este indicador é uma prévia apurada pelo BC do crescimento do PIB.

Este dado pode influenciar as decisões do COPOM no trato da questão do juro.

A BOVESPA que na realidade tem poucos motivos para sustentar-se em alta, devolve hoje a recuperação que revelou ontem ao repercutir o “rally” das bolsas mundiais. Opera em queda.

O fluxo cambial da 1ª semana de julho revelou-se positivo em US$ 1,521 Bi, com forte contribuição do fluxo comercial que registrou positivo US$ 1,205 Bi e o financeiro tão somente positivo em US$ 316,0 Mi, deixando evidente que o fluxo líquido financeiro continua pouco animador, já que nos últimos 3 meses se revelou negativo.

O BC no período retirou do mercado com seus leilões de compra o montante de US$ 1,585 Bi, o que deixou o montante de posições vendidas dos bancos no mercado físico nas proximidades de US$ 15,0 Bi, sendo importante destacar que algum ou alguns poucos bancos excederam o limite normativo não sujeito a compulsório, pois no dia 5 houve recolhimento de R$ 55,0 mm.

Importante lembrar que foi exatamente no final da semana em 8 que o BC determinou a redução a novo parâmetro de posição vendida de US$ 1,0 Bi por instituição, anteriormente US$ 3,0 Bi, já valendo para esta semana que se finaliza em 15.

Segundo o BC a expectativa é que a alteração provoque a redução da exposição dos bancos em posições vendidas no mercado físico a vista de US$ 15,0 Bi para US$ 10,0 Bi.

Uma cifra de US$ 5,0 Bi de redução em 5 dias é relevante, e, como o fluxo financeiro não está intenso como sempre se imagina, a cobertura deve estar muito dependente dos exportadores.

Os bancos, após uma ação mais intensa no dia 11, passaram a agir de forma mais cautelosa para evitar a elevação muito acentuada da taxa cambial e também da taxa de juro dólar dos cupons cambiais, que naquele dia 11, para as operações de curto prazo, 20 dias, chegaram a 6,2%.

A taxa cambial tem se mantido no entorno de US$ 1,58, sem que tenha havido mudanças significativas nos posicionamentos no mercado de derivativos. Bancos detém uma posição comprada futura líquida de US$ 16,0 Bi e os “hedge funds” vendida líquida de US$ 22,1 Bi, data base ontem.

O BC tentou mais uma vez fazer colocação de “swaps cambiais reversos” ontem, e, mais uma vez não logrou sucesso pois só efetivou 38% dos 30.000 contratos que ofertou, algo em torno de US$ 560,0 Mi.

Evidentemente, este é um sinal de que os “players” do mercado de câmbio, embora exteriorizem com frequência pouca convicção na efetividade das medidas que o BC vem adotando no mercado de câmbio, neste momento, após a mudança do cálculo da PTax e a redução dos limite de posição vendida sem incidência de compulsório para US$ 1,0 Bi, não tem a convicção de que a curva do juro no período possa ser maior do que a curva de variação cambial, até porque há “ruídos” de que possam ser adotadas medidas mais intervencionistas no mercado de derivativos.

Amanhã é um dia que desperta certa expectativa quanto ao comportamento da taxa cambial, pois se os bancos tiverem conseguido cobrir suas posições “vendidas” excedentes, não haverá pressões, contudo, caso contrário poderá haver pressão de demanda e elevá-la pontualmente.

 

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