Efetivamente não há como considerar-se “tendências” movimentos que ocorrem de forma pontual nos ativos em decorrência de fatos, também pontuais, nesta ou naquela economia, já que nada sugere que tenham característica de…
Efetivamente não há como considerar-se “tendências” movimentos que ocorrem de forma pontual nos ativos em decorrência de fatos, também pontuais, nesta ou naquela economia, já que nada sugere que tenham característica de sustentabilidade.
Tudo leva a crer que a volatilidade será a característica predominante até que seja finalizado o EQ2 no final de junho pelo governo americano, que poderá ser um efetivo “divisor das águas” no cenário econômico global.
Poderá ocorrer uma desaceleração relativamente alta e generalizada no crescimento econômico mundial, provocando queda nos preços do petróleo e nas demais principais “commodities”, visto que não há como se nutrir otimismo quanto à reação considerável do consumo.
A postura do investidor tenderá ao risco menor, conservador, o que pode levar o T-Bills à valorização e determinar que a rentabilidade “yeld” de 10 anos permaneça abaixo de 3,0% aa.
Esta perspectiva, se confirmada, pode agravar a situação dos países periféricos da zona do euro, por isso, entendemos que chegará o momento de “todos sentarem-se a mesa” para definir não mais soluções paliativas e sim, mais intervencionistas do BCE e FMI, pois, por conta própria e sob recomendação, nos parece que o trajeto para a recuperação esteja cada vez mais improvável.
Encerrando-se a fase de farta liquidez, certamente preços dos ativos serão repostos mais próximos à efetiva realidade e os fluxos de recursos para os países emergentes poderão sofrer retração.
É bastante provável que os “ensaios” que vêm ocorrendo, com maior frequência de queda nos preços do petróleo e principais “commodities” e mesmo nas bolsas de valores, causando um ambiente predominante de volatilidade, sejam sinais iniciais de movimentos mais concretos em perspectiva, já que todos estão atentos para não errar no “timming” de saída.
Pensamos que este cenário fomente as incertezas presente nos mercados.
Será um 3º tempo na sequência da crise iniciada em 2008, sendo o 1º o do estabelecimento da crise e seus “estragos” generalizados; e o 2º, período do “socorro” por parte dos governos, e, o 3º será o tempo de verificar-se como as economias reagirão por si só, sendo certo que precisarão ser assistidas pelos governos, porém provavelmente com outras estratégias mais específicas.
Acreditamos mesmo que somente a partir do início do 2º semestre poderão surgir tendências mais consideráveis.
Para o Brasil, se cederem os preços das “commodities” agrícolas e minerais será positivo para o controle inflacionário, mas negativo para o resultado da balança comercial, já que o país atualmente é praticamente exportador agrícola e mineral.
O fluxo de recursos especulativos, hoje já bem contidos com barreiras de tributos, tenderia a perder ainda mais força, exigindo menor volume de compras por parte do BC para agregar as reservas cambiais brasileiras, permitindo que sua evolução seja mais lenta e alivie o erário dos custos de carregamento.
Porém, na contra ponta está a necessidade do país de obter financiamento para seu déficit em transações correntes, que será expressivo.
Por isso, precisará manter-se interessante para os IED´s e desta forma a redução da carga tributária seria oportuna para elevar a atratividade dos investidores.
O dólar tenderá a um piso mais elevado, porém não explosivo, mas de toda forma agregando, ainda que baixa, pressão na inflação.
Mas, enquanto julho não chega, o Brasil precisa continuar focando a realidade presente, que impõe uma equação dificílima de ser acomodada e que deseja conter as pressões inflacionárias presentes, mantendo um ritmo de crescimento “saudável”.
Por enquanto, as pressões inflacionárias estão na frente neste confronto, já que o ritmo de atividade da economia esta acima do que seria necessário para o crescimento “saudável”, e desta forma a “corda pode romper” na ponta da inflação, visto que o crédito continua farto e em expansão muito superior ao sugerido pelo BC, e, como consequência o consumo continua firme e forte.
Os agentes econômicos, que deram um “drible” nas medidas macro prudenciais, que visaram, com a elevação do compulsório, retirar liquidez e conter o crédito e o consumo, trazendo empréstimos de curto prazo do exterior para realimentar a liquidez, e, agora persistem em processo de continua captação externa com prazo superior a 2 anos, continuam “descolados” do objetivo da política monetária do governo, que é de conter o crédito e o consumo.
O governo demonstra desconforto com esta situação, já antecipou que poderá agir, e, assim como costumeiramente o faz em 2 tempos, já avisou, agora se aguarda alguma medida atingindo estas captações externas.
No mercado de câmbio ainda deve prevalecer a volatilidade, mas é perceptível que os bancos já não demonstram convicção em retomada da apreciação do real aos parâmetros antecedentes em torno de R$ 1,57.
O fluxo cambial até o dia 13 (efetivo 11) foi positivo em US$ 8,809 Bi, dos quais US$ 4,559 Bi financeiro e US$ 4,251 Bi comercial, porém os bancos só vendeu para o BC em seus leilões de compra o montante de US$ 3,059 Bi, o que permitiu que reduzissem suas posições “vendidas” no mercado físico de US$ 11,731 Bi na virada de abril para US$ 5,981 Bi. Em 11 mantinham posição líquida “comprada” no dólar futuro de US$ 3,4 Bi e no cupom cambial de US$ 7,5 Bi, portanto claramente apostando no dólar.
No lado oposto, apostando no real estavam e permanecem os “hedge funds” com posição “vendida” líquida no cupom cambial de US$ 10,4 Bi e no dólar futuro em US$ 4,2 Bi e ontem US$ 5,7 Bi.
O volume no mercado físico melhorou, os bancos se protegeram mais e os “hedge funds” nos parece estar em desconforto, mas após alguma pressão, que elevou o dólar em 12 e 13 para R$ 1,6207 e R$ 1,6328 respectivamente, demonstram estar esperando para ver se o preço do dólar cede.
Dado o posicionamento, tudo leva a crer que neste momento, com alguma influência menor do exterior, bancos tendem a sustentar o preço do dólar e os “hedge funds” têm interesse na queda, afinal é um jogo nos derivativos de ganhar ou perder. Deste fato surge a volatilidade, mas os “hedge funds” vêm mantendo suas posições “líquidas” vendidas em cupom nos US$ 10,4 Bi, o juro baixou mas não conseguiram liquidez para reverter.