Câmbio News

Análise do Mercado – 17/01/2011

O Banco Central do Brasil colocou, com grande facilidade, a sua oferta em leilão dos 20.000 contratos de “swaps cambiais reversos”. Como esperado, causou um desafogo no mercado de cupom cambial e facilitou a redução de posições…

O Banco Central do Brasil colocou, com grande facilidade, a sua oferta em leilão dos 20.000 contratos de “swaps cambiais reversos”. Como esperado, causou um desafogo no mercado de cupom cambial e facilitou a redução de posições “compradas” no mercado futuro de dólar, por parte dos bancos, que constituem “hedge” das posições “vendidas” no mercado à vista.

O grande destaque dado pelo entendimento errático como sendo operação de suporte ao preço da moeda americana, contendo a apreciação do real, não tem porque confirmar-se na prática, visto que, na ponta, é uma transação, paradoxalmente, fomentadora de apreciação do real e onerosa ao erário público.

A despeito do “soluço” de alta estratégico ocorrido antes da efetivação da transação, típico como reação do mercado para otimizar o preço do dólar para fixação do preço da operação, por ser pontual, de forma alguma, se revela sustentável, e, assim o real, a seguir, retoma a apreciação.

Aliás, como temos insistentemente enunciado esta é uma transação com enorme potencial de apreciação do real. Evidentemente, o volume foi baixo, se intensificado poderemos ter uma aceleração mais substantiva da depreciação do preço da moeda americana.

No nosso entender, considerando o efeito final da transação na formação do preço da moeda americana, a consideramos extremamente contraditória frente as demais medidas que o governo vem adotando para conter a apreciação do real.

Em realidade, como operação típica de interferência de contenção de apreciação do real o governo não dispõe de arsenal, sendo que sua capacidade de interferência é restrita, nada mais além de comprar os dólares rigorosamente excedentes do fluxo cambial, pois quando vai além do excedente já fomenta a apreciação da moeda nacional. A interferência possível e com efetiva influência se dá pelos normativos, e, é importante que seja assim, já que mantém pouco afetado os fundamentos do mercado de câmbio flutuante, ainda que possamos considerá-lo “sujo”.

Medidas tributárias sobre produtos não essenciais, que potencializaram sua competitividade com os produtos nacionais a partir do real apreciado, ou, a examinar, de prática de “dumping”, devem ter suas importações obstadas por barreiras tributárias.

Redução maior dos níveis de posições “vendidas” pelos bancos no mercado à vista, complementar a medida já adotada em 6 de janeiro, e, atuação do BC restrita a retirada somente de valores excedentes do fluxo cambial, seriam extremamente pontuais pró-contenção da apreciação do real.

E, por que não, iniciar avaliação do mercado de câmbio físico poder operar além do “spot”, também a entrega futura, levando-o ao aperfeiçoamento, o que hoje é impedido por disposição legal.

No câmbio, na maioria das vezes é mais uma questão de jeito do que de força, sendo esta enganosa e, quase sempre, causando efeito inverso ao objetivado.

O centro das atenções nesta semana é a 1ª reunião do COPOM no novo governo, para avaliação da economia brasileira e mundial e deliberar sobre o juro, a taxa SELIC, atualmente em 10,75%, com o mercado projetando alta de 0,50% nesta oportunidade.

O novo governo tem apontado para uma nova matriz de controle e combate as pressões inflacionárias, menos juros e menor interferência no câmbio e mais controle sobre as causas, gastos de governo e pressões de demanda no consumo.

Contudo, a perda de ênfase à implementação imediata das reformas que eram vistas com grande satisfação pela sociedade brasileira, aliada ao fato de não ter consumado o anúncio de um efetivo corte nos gastos de governo, fragilizam uma eventual resistência em promover uma correção, em torno de 0,50%, já nesta reunião.

O Boletim FOCUS publicado em 14, pelo qual o BC divulga as projeções medianas do mercado financeiro, acentuou o IPCA-2011 de 5,34% para 5,42% e para os próximos 12 meses, de 5,35% para 5,47%. O US$ foi mantido em R$ 1,75. Selic em 12,25% e PIB em 4,50%. Produção Industrial foi revista para 5,02%. Défict em transações correntes para US$ 67,49 Bi. Balança comercial com superávit de US$ 9,0 Bi. IED´s em US$ 40,0 Bi.

Urge que o governo acentue rapidamente atitudes de rigor fiscal e ajuste o crédito, se necessário for, após conhecer os resultados das medidas prudenciais de dezembro, para conter as pressões inflacionárias, demonstrando ágil e pontual nos novos direcionamentos focando este objetivo.

Hoje é feriado nos Estados Unidos (Martin Luther King Day), e as bolsas e o mercado de títulos estão fechados, o que retira referenciais importantes para o mercado global.

Os mercados globais focam a reunião dos Ministros de Finanças europeus, que discutem a ampliação do fundo de estabilidade financeira, orçado em Euros 440,0 Bi, que tem a oposição da principal economia de região, a Alemanha. A grande maioria dos observadores não nutre expectativa quanto a uma decisão objetiva nesta oportunidade, entendendo ser mais provável na reunião de 4 de fevereiro.

Nos Estados Unidos, 4ª feira marcará o encontro do Presidente da China e dos Estados Unidos. O Presidente chinês, em visita a Washington, está pedindo um fim para o relacionamento de “soma zero” com os Estados Unidos e proporá uma nova cooperação. A idéia de fortalecer o Yuan continua encontrando resistência, contra-argumentando que o futuro da moeda norte-americana continua a preocupar a China, e, “cutucou” afirmando que o sistema cambial internacional baseado no dólar “é um produto do passado”, após ter aventado na semana passada, eventual garantia americana para as aplicações da China nos T-Bills norte-americanos.

 

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