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Análise do Mercado – 14/09/2011

O número do saldo do fluxo cambial até 9 de setembro é substantivo em seus US$ 8,120 Bi, mas é preciso analisá-lo bem antes de assumir um euforismo impróprio.
US$ 4,315 Bi decorrem do fluxo comercial positivo, integrado em…

O número do saldo do fluxo cambial até 9 de setembro é substantivo em seus US$ 8,120 Bi, mas é preciso analisá-lo bem antes de assumir um euforismo impróprio.

US$ 4,315 Bi decorrem do fluxo comercial positivo, integrado em grande parte pelo ingresso das divisas em moeda estrangeira relativas às exportações já liquidadas no exterior e que de há muito estavam represadas em contas externas. Na semana de 5 a 9 o fluxo comercial positivo líquido subiu US$ 2,579 Bi.

Os bancos que fecharam agosto com posição vendida no mercado físico à vista de US$ 6,257 Bi, utilizaram US$ 7,906 Bi dos US$ 8,120 Bi e reverteram a posição vendida para comprada em US$ 1,6 Bi, sendo que o BC só retirou do mercado com os seus leilões US$ 214,0 Mi. Na reversão de posição os bancos praticamente neutralizaram o efeito da oferta na formação do preço da moeda americana.

Tem se ouvido opiniões de que o BC deveria interromper seus leilões de compra, mas é importante considerar que a autoridade não impõe coercitivamente aos bancos a venda, elas ocorrem de forma livre e dentro da conveniência de cada um deles. Assim, se não desejarem vender ao BC não venderão. Isto está bem evidente neste mês.

Percebe-se que há efetiva possibilidade da curva de ingressos financeiros tornar-se negativa proximamente, pois é natural o aumento das remessas de dividendos, lucros e juros s/capitais por parte das multinacionais para suas matrizes em tempos de crise, contribuindo desta forma para a liquidez de caixa das mesmas.

Por outro lado, devem retroceder os ingressos de investimentos estrangeiros em renda fixa e renda variável e acentuar-se o retorno de investimentos desta natureza “em ser” neste momento no país por parte dos estrangeiros, pois em momentos de crise a rentabilidade perde espaço para a segurança.

IED´s poderão vir a sofrer retardamentos em razão da necessidade dos investidores preservarem liquidez, mas como temos os investimentos direcionados à infraestrutura da Copa de Mundo e Olimpíadas que não poderão ser retardados, a quebra nas “projeções” poderá ser menor.

Os exportadores sentir-se-ão atraídos a continuar ofertando novas exportações e/ou ingressarem os dólares represados no exterior.

Este será um momento pontual de média duração, tendo “ao fundo” em perspectiva a necessidade que os “hedge funds” terão de zerar suas posições líquidas “vendidas” nas operações derivativas de “cupom cambial-DDI” da ordem de US$ 14,0 Bi, e que deve contagiar o preço do dólar no mercado à vista, que fará a alta sustentar-se até que “resolvida” a zeragem.

Esperamos ter esclarecido o porquê que um fluxo com número elevado não ser capaz de inibir a alta do preço da moeda americana. Primeiro, os bancos o utilizaram para zerar suas posições vendidas no físico à vista e em seguida “comprados” e com demanda efetiva presente fortalecem a alta.

Mas, se isto é importante, ao mesmo tempo os bancos têm construído posições vendidas líquidas no mercado de dólar futuro, o que sugere que tenham a percepção de que a alta é pontual, e assim, com estas posições futuras vendidas realizem ganhos adiante adquirindo dólares a preço mais baixos.

Por outro lado, quando observamos os dados do BC relativos ao estoque de dólares de exportações em aberto no exterior e dívidas com importações em aberto a pagar, percebemos que o ingresso dos dólares estão sendo otimizados, o que sinaliza que os exportadores acreditam que esta taxa não deve se sustentar, enquanto por outro lado, os importadores estão postergando e assim elevando as importações em aberto a pagar, o que sinaliza que também não acreditam na sustentabilidade desta taxa atual que deverá ceder.

Por isso, temos a convicção de que o preço do dólar ao final do ano se situe no entorno de R$ 1,60 até R$ 1,65, comportando-se em conformidade com o mercado flutuante, sem a influência de movimentos especulativos.

Afinal, como temos dito, não há razões nem para especular a favor do real, visto não ser uma moeda reserva de valor, e nem contra já que está defendido pelas reservas cambiais de boa monta.

 

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