Câmbio News

Análise do Mercado – 14/03/2011

O mercado de câmbio retira a tendência de depreciação do real movida de “boatos” de medidas intervencionistas do governo, tendendo agora a “andar de lado” ou retomar a linha de apreciação. Reflete incertezas…

O mercado de câmbio retira a tendência de depreciação do real movida de “boatos” de medidas intervencionistas do governo, tendendo agora a “andar de lado” ou retomar a linha de apreciação. Reflete incertezas.

Este cenário pode ser indicativo de que medidas possam ser divulgadas, dentro do princípio de que “sobe no boato e cai no fato”, até porque não se espera algo tão contundente a ponto de provocar uma reversão sustentável do ambiente de estabilidade do preço do dólar americano no entorno de R$ 1,65. E destaque-se, para onde não foi sozinho e nem por obra e arte do fluxo cambial sempre colocado como o grande vilão causal. O fluxo positivo teve o seu excedente totalmente absorvido pelo BC, e não só isto, a autoridade monetária retirou do mercado até disponibilidade que não tinha decorrente do fluxo, adicionais mais do que US$ 20,0 Bi, e com isto estimulou a apreciação do real.

A exuberância do fluxo cambial de janeiro e fevereiro da ordem de US$ 22,0 Bi, compostos por captações externas de empresas brasileiras e IED´S, acabou por encobrir que ocorreu uma saída de recursos do país aplicados em ações e, também, em aplicações em renda fixa.

O que não tem merecido destaque é que o tão indesejado capital especulativo parece já não estar priorizando a rota Brasil na busca da rentabilidade.

Por outro lado, o aumento do montante das reservas cambiais, que melhora as condições de risco do país e sensibiliza as taxas de juros externas para os tomadores de recursos, parece que já não está mais agregando este benefício, visto que a partir do momento em que atingiu montante em torno do passivo externo do país, deixou de influenciar as taxas de juros que são ofertadas para o país, com base no risco político, sendo que os diferenciais que ocorrem decorrem do risco comercial de cada tomador.

Desta forma, o acúmulo oneroso de reservas cambiais deixa de otimizar custos para o Brasil.

Um outro aspecto é o de que a taxa cambial baixa, grande ferramenta para colocar produtos importados pressionando a indústria nacional, com a elevação dos preços dos importados já não agrega tantos benefícios como já o fez num passado recente, visto que estes preços estão em alta e nesta fase agregam pressões inflacionárias internamente.

Ter uma taxa de dólar apreciada poderia aumentar a pressão inflacionária por duas vias, preço dos importados em alta e valorização cambial, e colocaria mais pressões ainda advindas dos preços das “commodities” que agregariam a alta nas bolsas externas e a valorização cambial.

Por isso, temos destacado que o governo precisa ter extremo cuidado com novas medidas na área de câmbio, pois a probabilidade é muito maior de provocar danos do que benefícios.

Entendemos que novas medidas devam focar prioritariamente o crédito e o consumo, ainda muito aquecidos, visto que é necessário que a economia desaqueça.

Por outro lado, medidas de incentivo às exportações seriam extremamente positivas e benefícios à indústria exportadora não agrícola, estimulando-as a manter o ritmo e continuar gerando emprego e renda, com o suporte do comércio exterior.

O que nos parece é que está demandando tempo maior do que o esperado para que sejam feitos os ajustes por parte do governo, que está teimando em tentar a elevação do preço da moeda americana para poder estimular as vendas ao exterior por meio de intervenções operacionais e normativas, quando seria mais rápido e eficaz o incentivo e a desoneração pura e simples para os exportadores não agrícolas.

 

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