O comportamento do mercado de câmbio tem denotado um “sem norte”, por isso tem revelado baixo giro no interbancário, mas entendemos que a melhora havida no preço da moeda americana decorra do desconforto dos “hedge funds” com suas…
O comportamento do mercado de câmbio tem denotado um “sem norte”, por isso tem revelado baixo giro no interbancário, mas entendemos que a melhora havida no preço da moeda americana decorra do desconforto dos “hedge funds” com suas posições “vendidas” no cupom cambial-DDI face à ampliação da taxa de juro sobre dólar resultante destas operações estar em alta.
O IOF de 6% do Ministro Mantega com predominante caráter arrecadatório não causou efeito direto sobre a formação do preço da moeda americana, contudo, provocou, como esperado, uma redução no fluxo de ingressos de empréstimos estrangeiros de curto prazo, especificamente os de 1 ano, e isto vem reduzindo o volume de negócios do mercado à vista e provocando, certamente de forma inesperada por não ser prevista ao introduzir a tributação, um efeito no mercado de cupom cambial-DDI, que vem abrindo a sua taxa de juro sobre dólar a ponto de deixá-la maior do que a externa.
Para os “hedge funds” que estão soberbamente “vendidos” no mercado de cupom-DDI apareceu um “sinal vermelho” indicando risco de prejuízo com a especulação. Entre o dia 31 e o dia 11 os “hedge funds” reduziram suas posições “vendidas” líquidas neste segmento em US$ 2,0 Bi, mesmo montante reduzido pelos bancos em suas posições “compradas” neste segmento, deixando evidente que estes estão dando liquidez àqueles, provavelmente, realizando interessante lucro.
Num ambiente de giro interbancário fraco, a alta do preço do dólar nestes 2 últimos dias deve ter como causa principal a pressão dos “hedge funds” para reversão de suas posições “vendidas” em cupom cambial, visto o risco presente de realização de prejuízo.
Contudo, o problema é pontual no mercado de cupom cambial, onde ficaram mal posicionados, visto que no mercado futuro de dólar continuam aumentando suas posições “vendidas”, apostando na continuidade da apreciação do real, posicionamento antagônico ao dos bancos, que estão aumentando suas posições “compradas”, das quais uma grande parcela é “hedge” de suas posições “vendidas” no mercado físico à vista.
Assim, não há tendência de recuperação de preço, mas volatilidade decorrente de causa conhecida.
No “cassino” Brasil, mais uma vez os “hedge funds” acabam influenciando fortemente a taxa cambial a partir de seus posicionamentos nos derivativos, porém não só neste segmento, visto que também na Bovespa estão aumentando fortemente suas posições “vendidas” futuras no Ibovespa.
Enquanto o BC não intervir com medidas pontuais na operacionalidade do mercado de câmbio físico à vista, alterando os limites de posições “vendidas” dos bancos para um mínimo que não se configure operacional, o que afetaria também o mercado de derivativos e o de crédito, pois fecharia um canal de rápida captação de empréstimos de curto prazo que permanece, inexplicavelmente, aberto, não se nutre expectativa de que consiga alguma repercussão que possa dar sustentabilidade ao preço do dólar num patamar no entorno de R$ 1,65.
Esta demora em “dar o tiro para o lado certo” cria incertezas sobre os reais propósitos do BC e MF, pois podem estar mantendo um discurso de foco na recuperação do preço do dólar, enquanto na prática, dada à força da inflação no momento, ser preferível manter o preço da moeda americana deprimido.
Então, ficamos neste “faz de conta”.
Hoje será divulgado o fluxo contemplando as operações liquidadas até o dia 8, contratadas em 6, e já será possível uma melhor aferição do impacto do IOF de 6% no fluxo cambial financeiro. Certamente houve queda, o que não implica em afetar a taxa cambial, simplesmente o BC teve menos oferta de dólares para comprar nos seus leilões diários, e o fato deixará mais evidente de que os US$ 35,6 Bi de fluxo positivo, dos quais US$ 31,0 Bi financeiros, eram mesmo recursos para arbitrar taxa de juro que estavam entrando pela brecha deixada sem alcance quando das medidas prudenciais, como empréstimos de curto prazo.
Como as sinalizações primárias de parte do BC/MF são de baixa tendência à elevação da SELIC, contrariando o esperado pelo mercado financeiro, não está fora de propósito aguardarmos mais medidas prudenciais antes da reunião do COPOM no dia 20, e desta vez um pouco mais contundentes, pois há notória necessidade do governo de conter a deterioração das expectativas, o que ficou claro no Boletim FOCUS pela alteração constante e para pior da projeção do IPCA para este ano.
Se não anunciar novas medidas prudenciais fortes até lá, aumenta substantivamente a probabilidade do COPOM elevar, mais uma vez, a taxa SELIC em 0,50%.
O governo precisa dar um choque de credibilidade na sua estratégia de enfrentamento da inflação, fortalecendo-a perante a comunidade financeira, que ainda permanece incrédula e projetando o pior cenário de inflação e crescimento do PIB.
No cenário externo, há um panorama de “o que fazer agora?”, já que os esforços dantescos praticados pelos governos de países desenvolvidos para recuperação de suas economias não proporcionam os resultados esperados.
O FMI projeta que a economia mundial crescerá menos do que projetado para este ano, o que provoca como consequência queda na especulação sobre os preços das “commodities”, que assim cedem e arrastaram no primeiro momento os índices das principais bolsas para baixo. Além disto, o FMI sugere que os países emergentes contenham seus gastos, parecendo um recado dirigido.
Na economia americana houve desapontamento com a performance do 1º resultado do trimestre, divulgado pela Alcoa; anúncio da Cisco, uma das gigantes americanas, de forte corte no número de empregados.
No Japão preocupações inúmeras com o desastre ocorrido e suas consequências na área nuclear.
Na Europa, onde o BCE já elevou o juro para 1,25%, os problemas com Portugal vão sendo contornados, mas predominam ainda as preocupações com as economias periféricas.
No Oriente Médio e África conflitos não resolvidos em áreas produtoras de petróleo.
A China, gigante maior no momento, continua administrando de forma blindada sua moeda e atua com foco em conter as pressões inflacionárias. Neste momento, recebe a visita da nossa Presidente, com o cacife de ser nosso maior parceiro comercial, mas que merece ressalvas, pois 80% dos US$ 31,0 Bi de suas compras do Brasil são de “commodities”, produtos sem valor agregado, e que estão alterando o nosso perfil exportador em “quase colonial”, dada à fraca performance do setor de manufaturas inviabilizado pelo dólar baixo, enquanto nos exportam manufaturas de qualidade e necessidade discutível, e, os que têm mais valia em grande parte foram processados com os nossos insumos.
Hoje as principais bolsas revelam melhora de humor e operam em alta.
Nos Estados Unidos, o JPMorgan anunciou lucro de US$ 5,6 Bi no 1º trimestre, um pouco acima das projeções, e embora seja um resultado do setor financeiro que nem sempre tem correspondência no setor produtivo, anima as bolsas americanas, enquanto convive com a expectativa da fala do Presidente Obama na George Washington University, expondo o plano de redução de déficit a longo prazo e, também, com a divulgação do Livro Bege pelo FED.
O Departamento de Comércio anunciou esta manhã que as vendas de varejo cresceram 0,47% em março frente fevereiro.
O petróleo estava sendo cotado na Nymex a US$ 106,25 o barril do tipo light. O T-Bills de 10 anos indicavam rendimento yeld de 3,50%. O dólar caia frente ao Euro US$ 1,4506 e a Libra 1,6268 e subia frente ao Yen cotado a 84,09 por US$.