Análise do Mercado – 14/04/2011

Os números do fluxo cambial liquidado até 8 de abril, portanto operações fechadas até 6 com raras exceções, deixam evidente alguns sinais e confirmações, a saber:
o IOF de 6% sobre os ingressos de curto prazo se mostra eficaz para inibir as…

Os números do fluxo cambial liquidado até 8 de abril, portanto operações fechadas até 6 com raras exceções, deixam evidente alguns sinais e confirmações, a saber:

· o IOF de 6% sobre os ingressos de curto prazo se mostra eficaz para inibir as captações de empréstimos de curto prazo de 1 ano, pois provocou a queda do volume ingressado de forma substantiva;

· a extensão da incidência do IOF de 6% nas captações de empréstimos de curto prazo de 1 ano para 2 anos, não encontra fundamentos nos números divulgados, deixando evidente ter sido uma medida precipitada e meramente arrecadatória, pois tendo entrado em vigor no dia 5 de abril, já encontrava um fluxo negativo decorrente da medida antecedente;

· confirma de forma peremptória que efetivamente não é o fluxo cambial positivo que forma preço da moeda americana no nosso país, como reiteradamente afirmamos quase que cotidianamente, visto que contido o fluxo, feito negativo, o preço continuou em baixa;

· confirma que a medida atende o propósito do governo de elevar mais gradualmente as reservas cambiais brasileiras, aliviando assim o erário público do elevado custo financeiro de carregamento.

Claro está que não é o fluxo cambial que impacta na formação do preço, isto é retórica impulsionada pelo governo ao longo dos últimos anos para não admitir a conveniência desta situação para controlar as pressões inflacionárias.

A tese do fluxo cambial, como determinante da apreciação do real, só teria fundamento se o BC não retirasse todo o fluxo positivo do mercado com seus leilões de compra e deixasse os excedentes em poder dos bancos, que assim se sentiriam motivados a dar curso aos princípios da oferta e procura.

Contudo, de forma sutil e técnica e pouco observada nos comentários sobre câmbio, o BC retirou ao longo dos últimos anos mais dólares do que o excesso do fluxo cambial, fomentando a formação de posições “vendidas” pelos bancos e estas sim tem uma forte indução de apreciação do real, além de interagir com os mercados de derivativos.

E isto continua absolutamente contradizendo o “discurso” presente, pois mesmo com um fluxo negativo de US$ 14,0 MM até o dia 8 (câmbio liquidado), o BC retirou do mercado divisas que este não tinha ao comprar com os seus leilões à vista US$ 2,919 Bi e mais US$ 440,0 com o vencimento de compras a termo, o que, pelos números do BC, elevou as posições “vendidas” dos bancos para US$ 12,203 Bi.

Afinal, o que pretende efetivamente o governo com o câmbio?

O Ministro Mantega com as suas ações em “dois tempos”, primeiro pré-anuncia e depois de um tempo implementa, acaba criando expectativas, mas mais do que isto, dá tempo para que o mercado acomode as coisas.

Se considerarmos o elevado volume de ingressos de empréstimos de curto prazo da ordem de US$ 31,0 Bi no 1º trimestre, podemos considerá-los como reposição dos recursos retirados pelas medidas macroprudenciais de dezembro que elevaram os depósitos compulsórios dos bancos. Assim, o tempo dado para que estes ingressos ocorressem permitiu que o mercado financeiro se reabastecesse com liquidez.

Após consumado todo este volume de ingressos, então foi estabelecido o IOF de 6%.

Na outra ponta, o BC que baixou uma restrição limitativa das posições “vendidas” dos bancos bastante tolerante nos seus novos parâmetros, ainda concedeu 90 dias para que isto ocorresse, e continua estimulando que os bancos preservem estas posições “vendidas” ao continuar retirando com os seus leilões de compras diários volumes acima dos excedentes ou retirando-os mesmo quando não há excedentes.

Este é um canal de rápida captação de recursos de curto prazo que fazem fluir liquidez no mercado financeiro, e mais, repercutem também com incursões dos bancos no mercado de derivativos.

Então, “jogamos a toalha” e ficamos convictos de que as autoridades monetárias efetivamente desejam o preço da moeda americana como “âncora” do controle da inflação? Tudo que vemos e percebemos fortalece este sentimento.

Se as autoridades monetárias tivessem o firme objetivo de colocar o preço da moeda americana num ponto de equilíbrio, algo entre R$ 1,65 a R$ 1,70, deveriam interferir na parte “intestina” do mercado de câmbio, na operacionalidade, nos seus limites de posicionamentos e não ficar atuando no seu entorno, onde pode ocorrer de tudo menos a recuperação do preço do dólar.

Até agora não percebemos esta disposição!

Então, que pelo menos não seja esquecida a necessidade de incentivar e desonerar o setor industrial não agrícola para que reconquiste competitividade e não haja retrocesso nos avanços obtidos, pois precisará exportar para compensar a retração de uma velocidade de PIB crescendo 7,5% para algo em torno de 4,0%.

Mas o governo precisa ser pró-ativo, agir antes que o setor comece a desempregar, o que afeta renda, e, além disto, sinais de desemprego são os contingenciadores mais eficazes do consumo das pessoas físicas e a nossa economia tem crescido com base na demanda interna.

 

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