O mercado financeiro global sugere que pode estar tendo um movimento sustentável de ajuste dos preços dos ativos, tendo em vista que o cenário que envolve todas as principais economias indica que todas têm correções a serem feitas e isto.. .
O mercado financeiro global sugere que pode estar tendo um movimento sustentável de ajuste dos preços dos ativos, tendo em vista que o cenário que envolve todas as principais economias indica que todas têm correções a serem feitas e isto repercutirá no ritmo de crescimento mundial.
Quem continuou crescendo ao longo da crise instalada a partir de 2008 precisa de medidas de contenção para controlar as repercussões inflacionárias consequentes, enquanto que os que mergulharam na crise encontram sérias dificuldades para encontrar a alternativa de retomada do crescimento, revelando inúmeros vetores desalinhados que conspiram contra os objetivos da forte intervenção dos governos através de substantivos aportes financeiros, que não trouxeram o retorno esperado e em grande parte acabaram não sendo alocados no soerguimento das economias, mas sim desviados para ativos financeiros, que ficaram fortemente especulados e com preços distorcidos.
Os sinais presentes destes desalinhamentos vindos da Ásia, Europa, Estados Unidos e principais países emergentes impactam nas expectativas, retiram o otimismo que viabilizou a forte especulação generalizada nas “commodities” e demais ativos, fazendo conturbada a formação de preços das moedas e as taxas de juros praticadas pelos países.
A percepção de que poderemos ter um forte ajuste nos preços dos ativos torna os investidores mais cautelosos, mas também apressados para sair das posições especulativas e assim, a começar pelos preços das “commodities” que desinflam de forma abrupta, tudo o mais vai repercutindo em cadeia.
Não se espera hoje um dia diferente de ontem, o ajuste deverá continuar com as principais “commodities” sustentando a queda de preços e na esteira os demais ativos se alinhando com a nova perspectiva, arrastando as bolsas mundiais para um ajuste forte para baixo dos papéis ligados as “commodities” e correlatos .
O petróleo deverá continuar em queda, cotado no mercado eletrônico a US$ 96,83 o barril na Nymex e o dólar deverá continuar em valorização ante o euro, cotado na abertura a US$ 1,4184, e também frente a cesta de moedas, com os T-Bills revelando valorização e fechando suas curvas de juros.
Desta vez, não parece que um dado positivo, como aconteceu na semana passada, poderá alterar muito a propensão ao ajuste, a percepção predominante é de que há efetivamente uma “tendência reprimida” para uma rodada forte de alinhamento de preços no mercado global.
No Brasil, onde o fluxo financeiro caiu fortemente e o fluxo cambial tem sido salvo por exportações com forte participação da Petrobrás na ponta da oferta, a liquidez do mercado de câmbio deverá permanecer muito estreita.
Tudo leva a crer que poderão se acentuar as remessas de dividendos, lucros e juros sobre capital para aproveitar o preço atual do dólar, e, com isto, poderemos ter fluxo de saída mais acentuada da BOVESPA, que num cenário de queda dos preços das “commodities” reduz drasticamente a sua já baixa atratividade.
Como este fato de baixa liquidez impacta também na formação do prêmio do mercado de cupom cambial-DDI, elevando-o bruscamente, e, os “hedge funds” detêm no segmento “incomoda” posição “vendida” de US$ 10,5 BI, que contribui fortemente para impulsionar a alta do preço da moeda americana, desde que o BC não oferte “swaps cambiais reversos”, poderemos ter o preço do dólar acentuando a alta.
A queda do preço das “commodities” é benigna para o Brasil no que diz respeito às pressões inflacionárias, mas muito ruim em termos de balança comercial, em especial devido as nossas perspectivas de substantivo déficit em transações correntes.
O real apreciado transformou o Brasil em exportador “colonial”, ou seja, predominantemente de matérias primas, e esta situação que permitiu termos superávit na balança comercial nos tempos recentes, poderá ser fortemente alterada.
Na contra-ponta do benefício da queda dos preços das “commodities” na inflação, é relevante considerar que a elevação do preço do dólar acrescenta pressão inflacionária.
A passagem do dólar de R$ 1,57 para, digamos, R$ 1,65, considerando a elasticidade do câmbio em relação à inflação poderá representar pelo menos 0,25% a mais no índice inflacionário.