Análise do Mercado – 11/05/2011

O humor positivo de ontem já não é o mesmo de hoje; os mercados estão muito sensíveis aos indicadores imediatos, e, ao mesmo tempo “sentem” que há uma tendência reprimida de ajuste sustentável nos preços das “commodities”…

O humor positivo de ontem já não é o mesmo de hoje; os mercados estão muito sensíveis aos indicadores imediatos, e, ao mesmo tempo “sentem” que há uma tendência reprimida de ajuste sustentável nos preços das “commodities”.

Problemas na zona do euro envolvendo os países periféricos tornam presente, outra vez, a preocupação com as situações fiscais dos PIGS, de vez que o renovado problema de Portugal e Grécia poderá “contaminar” Irlanda e Espanha, sugerindo novos aportes através de planos emergenciais, com reflexo na cadeia de instituições financeiras envolvidas, mas reforçando a percepção de que este quadro deverá conduzir a um monitoramento mais intervencionista nestes países.

A China, ao anunciar que sua produção industrial teve expansão interanual de 13,4% em abril, causou desapontamento aos analistas que projetavam 14,6%. Por outro lado, embora os preços dos alimentos tenham desacelerado em abril, a taxa de inflação chinesa anualizada em abril ficou em 5,3%, abaixo da de março que foi 5,4% mas acima da de fevereiro que registrou 5,2%, que era o consenso para abril. Esta pressão inflacionária sugere que novas medidas de aperto de política monetária possam ser adotadas pelas autoridades chinesas, impactando no ritmo de atividade econômica.

Nos Estados Unidos o déficit comercial de março aumentou para US$ 48,2 Bi, ante projeção dos analistas de US$ 47,7 Bi, causou reflexos negativos levando as bolsas americanas a operar em baixa.

As “commodities”, ante nova rodada de incerteza, renovam a tendência de queda e com isto provocam a valorização do dólar ante o euro, cotado a US$ 1,4299 alta de 0,72%, mas também subindo contra uma cesta de moedas com o Dollar Index apontando 75,18 após ter fechado ontem 74,55.

O petróleo está sendo cotado a US$ 100,92 o barril na Nymex, queda de 2,85%.

Este cenário externo coloca a nossa BOVESPA em linha de queda, já que é substantivamente dependente dos papéis vinculados às “commodities”

No nosso mercado de câmbio que ontem conviveu com um volume de liquidez ligeiramente maior, girando no interbancário US$ 2,5 Bi, hoje sinaliza que deve estar novamente muito estreita.

Este quadro por si só acaba por afetar o mercado de cupom cambial-DDI, onde os “hedge funds” estão “vendidos” em US$ 10,5 Bi e ficam em situação de desconforto. Porém, o viés de alta do dólar no exterior é mais um fator de pressão para os mesmos que ficam expostos ao risco de realizarem prejuízos.

Para fortalecer este quadro de desconforto dos “hedge funds”, contribui também o fato do BC manter-se firme não ofertando os instrumentos financeiros “swaps cambiais reversos” que poderiam impactar aliviando as pressões no cupom cambial que vem elevando a taxa de juro sobre dólar.

A queda da liquidez no mercado físico à vista decorre da barreira imposta pelo governo ao ingresso de capitais especulativos de curto prazo, com a aplicação do IOF, que provoca em primeira instância um ingresso menor e a necessidade de menor aquisição de divisas para agregar as reservas cambiais, que assim continuarão, por inevitável crescendo, mas a um ritmo menor. Diretamente este fato não impacta no preço da moeda americana, pois, em principio, só beneficia o governo. Entretanto, a baixa liquidez resultante provoca efeito colateral nos derivativos, especialmente no cupom cambial-DDI, que tem os “hedge funds” em posição altamente especulativa e lhes coloca risco de perda.

Assim e por isso o preço da moeda americana assume tendência de alta, como se verifica hoje.

Esta é uma situação pontual que acaba motivando alguns exportadores a fechar os dólares de suas exportações já liquidadas no exterior e mesmo outros a ofertarem suas exportações a realizar.

Contudo, sendo pontual não é tendência. A tendência ainda perdura de apreciação do real, que interessa ao governo no confronto com as pressões inflacionárias, mas que neste momento encontra alguma resistência para ser retomada face ao quadro de posicionamento dos “hedge funds” nos derivativos.

O IGP-M em sua 1ª prévia de maio revelou alta de 0,70% forte ante as expectativas predominantes, e que sugere que o real apreciado é um instrumento indispensável para o governo, juntamente com ajustes na SELIC e medidas prudenciais, para conter a pressão inflacionária.

Na 1ª semana de maio, até dia 6 (efetivas até 4), o fluxo cambial revelou-se positivo em US$ 3,595 Bi, dos quais US$ 2,834 Bi comercial e US$ 761,0 MM financeiro, e o BC conseguiu retirar com seus leilões de compra diários US$ 1,429 Bi, deixando transparecer uma postura mais cautelosa dos bancos que ao reter US$ 2,166 Bi, devem ter reduzido suas exposições com posições “vendidas” no mercado físico a US$ 9,564 Bi, que esta coberta por posicionamentos “comprados” no mercado futuro e cupom cambial-DDI.

 

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