Análise do Mercado – 11/12/2012

O hábil Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Aldo Mendes, falou ontem, no evento “Reavaliação do Risco Brasil 2012”, realizado no Rio, após reafirmar que” nada mudou no tripé de politica econômica” aos seus ávidos interlocutores, deu uma oportuna “operada” no mercado de câmbio, procurando atenuar preventivamente

O hábil Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Aldo Mendes, falou ontem, no evento “Reavaliação do Risco Brasil 2012”, realizado no Rio, após reafirmar que” nada mudou no tripé de politica econômica” aos seus ávidos interlocutores, deu uma oportuna “operada” no mercado de câmbio, procurando atenuar preventivamente eventuais pressões altistas que possam surgir, ao afirmar, até de forma surpreendente, que vê o dólar acima do patamar ideal, ou seja, o preço atual estaria fora do ponto com o modelo utilizado pelo BC.

Temos entendido que o patamar do preço da moeda americana antecedente às medidas recentes de reversão de medidas de contingenciamento do fluxo cambial para o Brasil, quais sejam os Pagamentos Antecipados de Exportação, agora permitidos até 5 anos, antes limitados a 360 dias; e, os Empréstimos Externos retornando ao prazo de 1 ano com IOF de 6%, antes com o prazo de 2 anos e na medida inicial deste ano com prazo de 5 anos, era claramente de fortalecimento do preço da moeda americana, por repercussões advindas do próprio mercado que ficou dependente de liquidez no mercado de câmbio à vista e também no mercado de derivativos, que não foi atendido prontamente, da ultima vez, pelo BC justamente para apreciar o dólar, de interesse do governo para incentivar a debilitada indústria nacional.

A situação deixou claro ao preço do dólar ter atingido R$ 2,13 que era pouco responsivo aos leilões de “swaps cambiais”, efeito venda; a não rolagem de “swaps cambiais reversos”, efeito venda; e a oferta de leilões conjugados de venda a vista e compra a prazo de dólares efetivos, deixando evidente que a necessidade era dólares à vista.

Optando pela reversão de duas medidas antecedentes evitou ter que recorrer a leilões de dólares à vista ao mercado, por razões que já expusemos nossa percepção anteriormente, e criando a expectativa de aumento do fluxo cambial para o Brasil, que acreditamos acontecerá efetivamente, houve a repercussão na formação do preço da moeda americana que cedeu de imediato.

Contudo, seja pela fala de Aldo Mendes ou pela antecedente do Presidente Tombini, o BC trabalha com a clara perspectiva de que ainda possamos ter alguma demanda forte acima do nível de liquidez no mercado à vista, pois ambos reafirmaram que a autoridade monetária suprirá os agentes com as disponibilidades eventualmente necessárias.

Aqui, está o “corner” da questão. A afirmação de que o preço atual está acima do desejado, confronta com um cenário prospectivo, posto pelo próprio Diretor e anteriormente também pelo Presidente Tombini, que possa afetar a formação do preço, o que exigiria a atuação pontual da autoridade, que estaria pronto a irrigar a liquidez.

Por isso, entendemos a declaração do Diretor de Politica Monetária do BC, Aldo Mendes, como tipicamente “operacional” nas expectativas do mercado, mas identificamos que há um anseio que indica que o dólar a preço mais baixo poderia contribuir melhor com o controle da inflação, mas nesta faixa atual de R$ 2,05 a R$ 2,10, atende os anseios do MF e da própria Presidenta Dilma, focando o interesse em dinamizar a atividade da indústria brasileira, estimulando-a a voltar aos investimentos.

Outra atitude absolutamente natural e compreensiva por parte do Diretor de Politica Monetária é a afirmação de que o BC não foca o controle do câmbio e variação dentro de bandas. Não se pode esperar de uma autoridade confirmação que esta é linha de conduta do governo, já que consideramos que até a declaração antecedente do Ministro Mantega, que o câmbio é flutuante “sujo” poderia ter sido evitada, pois todo o mercado sabe, mas não cabe ao governo, até pelas repercussões consequentes, confirmação.

Nossa visão prospectiva indica que o governo deseja que o dólar fique entre R$ 2,05 a R$ 2,10, e que entende, como nós também entendemos que o fluxo cambial terá melhora advinda das recentes medidas retirando barreiras a ingresso de recursos externos, que permitirão que o monitoramento do balizamento da taxa cambial possa ser realizado com leilões de “swaps cambiais reversos”, se cair, ou “swaps cambiais”, se subir, ou mesmo com leilões conjugados no mercado de câmbio à vista, vendendo a vista e recomprando futuro, agora mais confortável para os bancos, que também devem ter perspectiva de melhora do fluxo na sequência deste e dos próximos meses.

Com esta estratégia o governo evitará volatilidade no câmbio, e poderemos chegar ao final do ano, que em termos de dias efetivamente úteis está muito próximo, em ambiente tranquilo.

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